Cidade Nossa

Tão Brasília

Escrever sobre Paulinho Pestana é dar seguimento a algo que temos em comum: o amor por Brasília

Por Graça Seligman — Quando recebi o convite para escrever uma crônica para Revista do Correio, no espaço em que escrevia o jornalista Paulinho Pestana, confesso que gerou certa insegurança pelas comparações que poderiam surgir. Como eu, uma ex-jornalista, hoje fotógrafa, que aprendi a me expressar e me comunicar a partir de imagens, poderia ocupar o espaço de alguém que, com seu olhar e talento, conseguia com seus textos tão marcantes, transformá-los em verdadeiras fotografias em nossas mentes?

Mas logo pensei que, aceitando o desafio, estaria dando seguimento a algo que temos em comum: o amor por Brasília. Essa cidade é adorável, tem suas peculiaridades, e está aberta para quem está disposto a conhecê-la. Essa loucura, criada de propósito a partir do nada, e que, se vivida de verdade, entrega tanta beleza verde e arquitetônica. Uma cidade cheia de contradições, mas que a cada ano, assim como meu amor por ela, cresce com vigor neste cerrado.

Não são todos que observam, contemplam, valorizam esse bioma e essa diversidade, síntese do Brasil. Paulinho sabia ler a cidade. Ele era "tão Brasilia"! Entendia a cidade, suas atrações e seus inúmeros personagens que aqui vivem.

Com esse mote, com essa pequena exclamação "tão Brasília" , eu diria que, se tivesse tido a oportunidade de mostrar algumas fotos sobre Brasilia, Paulinho viajaria no texto de forma simples, direta e, certamente, no caso dele, mais marcante que a própria foto.

Eu me arrisco a imaginar que guardaria um espaço especial para falar dos ipês amarelos de Brasília, o mais exuberante e lindo da cidade. Ele é luz, brilho, uma árvore-símbolo que se espalha por todos os cantos, canteiros e jardins, deixando uma marca única na nossa retina. São especiais, e a cada ano se mostram em maior quantidade e beleza.

Falando em marca única, homenageio aqui, neste espaço, o jornalista Paulinho Pestana que, sem a menor dúvida, permanecerá na memória da cidade, de seus amigos e familiares.

A vida nos dá sustos! Mas precisamos saber superar as perdas, tocar em frente e manter a graça e elevar nosso espírito.

Julho, chegue logo para encher nossos olhos e nos dar algum consolo com a beleza dos ipês amarelos.

 


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