Quem nunca ficou na dúvida se pode ou não dar certos alimentos ao animal de estimação? Provavelmente todo tutor de pet já passou pela experiência de estar preparando uma comida com o animal pertinho esperando que algo seja oferecido a ele. Apesar daqueles olhinhos grandes de pidões serem extremamente tentadores, é importante saber o que da alimentação humana pode ser dado aos animaizinhos, garantindo a saúde do pet.
Segundo a médica veterinária nutróloga Priscila Borges, alguns alimentos da dieta humana podem ser ofertados aos pets, desde que com consciência das necessidades e da alimentação natural dos animais. “É importante ressaltar que humanos são onívoros e cães e gatos são carnívoros, sendo assim, a dieta dos animais deve ser composta, principalmente, por alimentos proteicos”, explica.
De acordo com Priscila, alimentos como carnes, vísceras, ovos e peixes são extremamente benéficos para cães e gatos, pois eles suprem as necessidades nutricionais naturais desses pets e têm a capacidade de obtenção de nutrientes essenciais. “Seus aminoácidos essenciais estarão presentes nas carnes, e a falta deles levará a problemas seríssimos de saúde”, afirma a nutróloga.
No caso dos gatos, o aminoácido essencial é a taurina, presente nas vísceras, principalmente no coração de frango e de boi. A falta desse aminoácido pode ocasionar cardiomiopatia, assim como nos cães. “O estômago e o intestino desses animais são adaptados para digestão de carne e não de fibras e vegetais”, completa Priscila.
A preparação dos alimentos também é extremamente relevante para a saúde dos pets. Eles devem ser minimamente cozidos, de preferência de forma lenta, para não degradar os nutrientes. “Se possível, cozinhe esses alimentos a vapor, sem a utilização de gorduras, temperos, por exemplo, corantes, pimentas, alho e cebola”, afirma o médico veterinário João Paulo Amorim.
De acordo com ele, o excesso de sal e temperos, como cebola e alho, comumente utilizados nas alimentação humana, pode ser prejudicial à saúde dos pets. “Excesso de sal é muito prejudicial para a parte cardíaca; a cebola e o alho são muito tóxicos, podendo provocar problemas sérios, desde gastrointestinais até neurológico”, afirma João. Cebolinha, alho-poró e noz-moscada também devem ser evitados.
Outro cuidado importante é evitar gorduras, que podem afetar o fígado, principalmente dos gatos, gerando alterações hepáticas no animal. “Alimentos gordurosos podem levar os animais a desenvolverem doenças, obesidade e patologias associadas”, explica a veterinária Ana Carolina Malvezzi.
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Frutas
“Alguns vegetais e frutas podem ser oferecidos, desde que em quantidades adequadas e com orientação do médico veterinário”, afirma Ana Carolina. Segunda a veterinária, algumas frutas, como maçã e banana, em quantidades moderadas, podem ser um bom petisco para os pets. Porém, uva, abacate e carambola são extremamente tóxicos aos animais, podendo causar problemas digestivos, como vômitos, diarreia e até problemas renais.
De acordo com João Paulo, o abacaxi é rico em vitaminas, minerais e fibras, e o morango fortalece o sistema imunológico e retarda problemas relacionados ao envelhecimento. Entretanto, o profissional também alerta que as frutas devem ser administradas moderadamente, principalmente as cítricas. “Se você oferecer de uma maneira exagerada, pode provocar desde uma gastrite até uma úlcera, porque tem muito ácido na fruta”, diz.
Apesar de alguns benefícios que algumas frutas podem fornecer, o consumo delas pelos pets deve acontecer ocasionalmente. Segundo Priscila Borges, o consumo exacerbado de frutas, ricas em açúcar, pode desbalancear a distribuição calórica. “A gente vai estar subindo a quantidade de carboidrato diário mais ainda desse cão ou desse gato”, diz. “Alimentar carnívoros com tanto carboidrato vai gerar problemas sérios de digestão.”
Segundo a veterinária nutróloga, a dieta de um cão deve conter de 10 a 15 gramas de carboidrato, quantidade já presente nas rações dos animais, e as frutas elevam essa quantidade no organismo, o que pode ter consequências para a saúde do pet, considerando que esses animais são por natureza carnívoros. “Doenças endócrinas, cânceres, síndromes metabólicas, tudo isso está relacionado com a nutrição, com o excesso de carboidrato,” afirma Priscila.
Laticínios e chocolate
Quem nunca ficou tentado a dar um pouquinho de leite a um gatinho? Apesar de gostarem do sabor, principalmente quando filhotes, o leite não faz parte da alimentação tanto de gatos quanto de cachorros. Segundo Ana Carolina, depois de adultos, a maioria se torna intolerante à lactose. “Após certa idade, o animal não produz mais lactase, enzima que quebra a lactose encontrada no leite. Oferecer leite pode causar problemas gastrointestinais”, explica.
Para Priscila Borges, apesar de um gole ocasional de leite não ser prejudicial a todos os gatos, ele pode causar diarreia, vômito e dores abdominais, visto que a maioria dos bichanos são intolerantes à lactose. “O leite não é um alimento essencial ou benéfico para a maioria dos felinos e pode até causar problemas de saúde em alguns casos”, detalha. Por isso, o mais recomendado é evitar a ingestão de leite e derivados por parte dos pets.
O mesmo vale para os chocolates, que, além da lactose, possuem uma substância tóxica chamada teobromina, pertencente à família das metilxantinas, a mesma da cafeína. Segundo Priscila, essa substância pode estimular o sistema nervoso central, gerando hiperatividade, agitação, tremores musculares e convulsões em animais suscetíveis, além de afetar o sistema cardiovascular. “Levando a batimentos cardíacos irregulares, taquicardia e até mesmo problemas mais graves, como insuficiência cardíaca”, completa a profissional.
A depender da quantidade ingerida e o do tamanho do animal, a teobromina pode também desencadear problemas gastrointestinais, como vômitos, diarreia e dor abdominal. “Ela é metabolizada no organismo humano com facilidade, mas os animais não conseguem eliminar isso, o que pode ser muito tóxico para eles, trazendo desde vômitos até problemas neurológicos”, explica João Paulo Amorim.
Dicas valiosas
Agora que você já sabe alguns dos alimentos tóxicos para os animais e aqueles que podem ser oferecidos, a Revista separou algumas dicas e orientações, junto com a nutróloga veterinária Priscila Borges, para oferecer alimentos aos pets de forma segura e saudável.
Consulta veterinária: antes de introduzir qualquer alimento novo, consulte um médico veterinário para obter orientações específicas com base nas necessidades individuais do seu pet.
Alimentos adequados: cães e gatos possuem necessidades nutricionais diferentes, portanto, ofereça alimentos formulados especificamente para cada tipo de pet.
Moderação: ofereça os alimentos extras com moderação para evitar desequilíbrios nutricionais e problemas de saúde, como obesidade.
Introdução gradual: introduza alimentos gradualmente na dieta do animal, para permitir que o sistema digestivo se ajuste e minimize o risco de problemas gastrointestinais.
Qualidade dos alimentos: escolha alimentos de qualidade e seguros. Prefira opções naturais e livres de conservantes, corantes artificiais e aditivos prejudiciais.
Hidratação: certifique-se de que o pet tenha acesso constante à água fresca e limpa para se manter hidratado.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte