Depois de uma rotina cansativa, tudo que um tutor espera é chegar em casa e se deparar com o sorriso de seu pet. Entretanto, para manter os dentes dos bichos limpos e saudáveis, uma série de cuidados precisa ser realizada diariamente. Assim como os humanos, eles também precisam de atenção em relação à saúde bucal, evitando doenças e problemas futuros.
Escovação diária, com pasta de dentes específica para animais. Heloísa Menezes, odontologista veterinária da CatólicaVET, explica que a limpeza dentária dos pets é similar à dos humanos. "Tem alguns petiscos e brinquedos que podem auxiliar na escovação dentária. E sempre levar o pet ao veterinário especializado em odontologia veterinária pode ajudar", recomenda.
A escovação, de acordo com ela, é importante para eliminar o biofilme, que são bactérias agrupadas. Se essa parte não for devidamente cuidada, haverá a formação do tártaro e, consequentemente, doença periodontal, podendo progredir e afetar a dentição e prejudicar outros sistemas.
Segundo Heloísa, cães e gatos não têm diferença na realização de limpeza dentária, embora existam algumas doenças características de cada espécie. "Se o animal precisar fazer o tratamento periodontal, ele deve passar por exames sanguíneos e cardiológicos. Se estiver apto para fazer o procedimento, o paciente (pet) é submetido à anestesia geral inalatória para fazer a limpeza. A frequência depende de cada paciente, pode variar de seis meses a um ano", acrescenta.
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Atenção redobrada
A tutora Maryane Rodrigues, 54 anos, tem em casa a cadela Koda, da raça pomsky. Fazendo parte da família há 11 meses, a pet passa por um tratamento especial dentário. "Escovo os dentes dela três vezes por dia, usando pasta de dente própria para cachorro. Ela deixa direitinho e até gosta. Quando vê a gente escovando, já corre para ficar em pé, apoiada na pia, para escovar também", conta.
Para fazer a limpeza corretamente, a confeiteira usa, inicialmente, uma escova de dentes infantil, bem macia, indicada pela veterinária. Em seguida, utiliza a dedeira, própria para cachorros, com o intuito de alcançar a arcada dentária que fica mais para trás da boca. De acordo com Maryane, a higienização não machuca nem provoca danos à gengiva de Koda, pois são feitas suavemente.
Até então, a pet nunca passou por nenhum problema bucal, tampouco teve aquele bafinho de cachorro, comum em alguns animais, descreve a tutora. "Os veterinários sempre elogiam que os dentinhos dela são branquinhos e limpinhos", comenta Maryane. O cuidado com Koda é crucial para a saúde como um todo da cadelinha.
Na visão da confeiteira, a saúde dentária da cachorra é essencial para evitar doenças como cárie, tártaro e outras tantas provocadas pela má higienização dos dentes. "Queremos que ela tenha saúde e viva muitos anos, então precisamos dar o melhor da gente para ela. E não é à toa que Koda é bem conhecida por ser sorridente e ter os dentinhos branquinhos", afirma.
Agravamentos e recomendações
Bruno Alvarenga, professor de medicina veterinária do Ceub, ressalta que complicações em função dessa ausência de limpeza podem surgir. Perda de dentes, dor crônica oral e outras doenças periodontais são algumas citadas pelo especialista. "Migração de bactérias da boca para outros órgãos como coração, fígado, rim e pulmão. O mau hálito é outro fator que acontece muito."
Além disso, o mau cheiro pelo corpo do animal pode ser uma preocupação, já que o pet tem o costume de se lamber. De acordo com Bruno, essa carga bacteriana provoca um odor desagradável. "Nas complicações, o paciente pode, ainda, reduzir a ingestão de comida ou parar de se alimentar e apresentar fraturas na mandíbula e fístulas", complementa o veterinário.
A escovação diária recomendada é de duas vezes ao dia, conforme destaca Bruno. A maioria dos bichos aceita com tranquilidade a higienização, se feita desde filhotes. A pasta de dente deve ser, também, condizente aos animais. Devendo ser isenta de flúor. Para evitar uma possível intoxicam quando a ingerirem durante a escovação.
"Diferentemente dos cães, é contraindicada a introdução da escovação em gatos adultos que demonstrem resistência a esse procedimento, uma vez que, em situações de estresse, a possibilidade de os felinos desestabilizarem aumenta. Com isso, eles podem começar a apresentar outras doenças e alterações comportamentais, destacando a redução da ingestão de água e de comida", finaliza.