A pele é o maior órgão do corpo humano e tem a importante função de ser uma barreira contra bactérias, fungos e outras substâncias que podem pôr o organismo em risco. O aparecimento de enfermidades que acometem a pele é um risco para a saúde integral do indivíduo. É o caso da psoríase, doença inflamatória crônica, não contagiosa, de origem genética e ligada ao sistema imunológico.
“É uma doença que tem uma alteração no sistema imunológico, por isso a chamamos de imunomediada. Há uma agressão contra as próprias células da pele, por isso também pode ser considerada uma doença autoimune”, explica a dermatologista e coordenadora do Laboratório de Psoríase do Hospital Regional da Asa Norte, Letícia Oba.
A psoríase tem grande impacto na autoestima e na qualidade de vida do paciente, que, por conta da aparência das lesões, pode sofrer julgamentos e até ser excluído socialmente. “Muitas vezes, pequenas lesões alteram a qualidade de vida de uma maneira importante. Por isso, o problema não é só a quantidade de lesão, mas também como toda a vida do paciente está sendo afetada pela psoríase”, afirma a dermatologista Anamelia Castro.
Sintomas
Os principais sintomas da psoríase são lesões elevadas na pele, de coloração avermelhada e descamativas, que causam coceira, ardor e incômodo no paciente. De acordo com a dermatologista Anamelia Castro, algumas regiões são mais comumente afetadas, mas as lesões podem aparecer em todo o corpo. “Em geral, aparecem no joelho, no cotovelo, no couro cabeludo. Mas a psoríase pode acometer todo o corpo, inclusive região genital, mama, unhas e rosto”, afirma a profissional.
Causa
A psoríase é uma doença muito comum que acomete homens e mulheres sem distinção de idade. Diferentemente do que muitos imaginam, não é contagiosa e tem origem genética, ou seja, o paciente já nasce com o gene da enfermidade, que pode ser desencadeado por alguns fatores, como tabagismo, álcool, estresse e até algumas viroses e medicações.
“O indivíduo já tem essa predisposição à doença, e a inflamação aparece em algum momento da vida, quando algum gatilho, que pode ser uma infecção, um aumento de peso, o uso de algumas medicações, faz com que o corpo comece a produzir inflamação na pele”, explica a dermatologista Letícia Oba.
Tratamento e prevenção
Apesar de não ter cura, a psoríase tem diferentes tratamentos que dependem do tipo e do grau da doença. Segundo Anamelia Castro, para quadros leves, a terapia indicada é o uso de pomadas de corticoide. Já nos casos moderados a graves, o tratamento é sistêmico e pode ser feito com os medicamentos tradicionais, como metotrexato, ciclosporina e acitretina.
Porém, a grande revolução no tratamento e na qualidade de vida dos pacientes tem sido os imunobiológicos, que são ofertados pelo SUS e liberados apenas para casos moderados a graves. “Os imunobiológicos podem, inclusive, alterar o curso dessa doença", afirma Anamelia. "Eles realmente mudam a qualidade de vida do paciente, porque alteram sintomas e também a doença.”
Segundo a médica, a melhor forma de prevenir o surgimento da psoríase e também de cuidar e aliviar os sintomas quando ela já se manifestou, é tentar manter um estilo de vida saudável. “Fazer uma dieta não inflamatória, controlar o peso, evitar álcool, não fumar, evitar estresse e exposição ao sol exagerada”, enumera a dermatologista.
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Tipos de psoríase
Eles podem variar de acordo com os aspectos da lesão e as áreas do corpo acometidas.
Psoríase vulgar ou em placas: forma mais comum da doença, é caracterizada por grandes placas vermelhas, com crostas esbranquiçadas, que surgem no couro cabeludo, nos joelhos e nos cotovelos.
Psoríase gutata: lesões menores, em formato de gotas, espalhadas por todo o corpo. “Vermelhinhas com uma crosta menor que, quando arrancada, pode ter um pequeno sangramento”, detalha Anamelia Castro.
Psoríase invertida: lesões avermelhadas, brilhantes e sem escamas evidentes, geralmente aparecem em áreas de dobras, como axilas, virilhas e região inframamária.
Psoríase palmo-plantar: acomete as palmas das mãos e as plantas dos pés, com placas mais secas, não tão vermelhas, mas com aspecto mais grosso.
Psoríase ungueal: acomete os dedos e as unhas dos pés e das mãos, e afeta o crescimento normal das unhas, causando dor e estresse ao indivíduo.
Psoríase pustulosa: aparece em forma de “bolhas” de pus por todo o corpo, mais frequentemente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.
Artrite psoriática: quando ocorre o acometimento das articulações, causando dor, enrijecimento e inflamação das articulações, principalmente, dos dedos das mãos e dos pés. “O mais comum é ocorrer nas articulações que chamamos de periféricas, mas várias são as formas, inclusive o acometimento da coluna”, afirma a dermatologista Letícia Oba.
Psoríase eritrodermia: quadro mais raro e extremo, em que o paciente tem mais de 80% do corpo acometido por lesões.
Palavra do especialista
Quais os cuidados que devem ser tomados por quem tem psoríase?
Como a psoríase é uma doença sistêmica, ela se manifesta na pele, mas está em todo o corpo. Então, além de tratar a psoríase, o paciente tem que cuidar da saúde como um todo. Cuidar da alimentação, procurar corrigir o excesso de peso, cuidar da saúde mental, praticar exercício físico, fazer terapia ou algumas práticas que chamamos de alternativas, que vão auxiliar no controle do estresse.
Como cuidar da psoríase para aliviar os sintomas?
Não é só passar pomada. O paciente tem que hidratar também a pele e evitar traumas, então, ficar arrancando essas crostas vai piorar as lesões. Nos quadros moderados a graves, submeter-se a tratamento sistêmico e à grande revolução, o uso dos imunobiológicos.
Quais são os casos extremos dessa condição?
A psoríase pode ter várias formas de manifestação. O extremo é o acometimento de todo o corpo, que a gente chama a psoríase eritrodérmica, na qual o paciente tem mais de 80% da superfície corporal acometida. Esses quadros são uma emergência dermatológica, o paciente precisa ser internado, porque a pele perdeu a barreira de proteção, então ele tem mais chance de infecção. Perde calor pela pele. Como a troca da pele está muito grande, ele tem também um consumo metabólico muito grande, e isso pode levar a uma descompensação, especialmente em pacientes idosos.
Letícia Oba é dermatologista e coordenadora do Laboratório de Psoríase do Hospital Regional da Asa Norte.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte