Um estudo realizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mostrou que o frevo pode queimar mais calorias do que uma atividade de ciclismo ou futebol. A pesquisa foi realizada pelo Programa de Pós-graduação em Educação Física da UFPE e mostrou que um ensaio de aproximadamente 60 minutos pode funcionar como uma atividade de alta intensidade.
Agora, o estudo segue para uma nova etapa, quando será avaliado se o ritmo pode ser visto como uma fonte de treinamento a ser incorporada nas academias. O objetivo da pesquisa é validar a vivência do ritmo, patrimônio imaterial cultural da humanidade, e apresentar uma modalidade divertida e prazerosa para os treinos. O projeto conta com financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe).
A primeira etapa da pesquisa teve início em 2018 e mobilizou seis passistas, entre homens e mulheres. Eles realizaram cinco sequências de treinos compostas por danças de dois minutos e descanso de cinco minutos. A fase concluiu que o gasto calórico é bastante expressivo, sendo equiparado a outros exercícios aeróbicos, como o jump e a corrida. No experimento, o grupo utilizou um analisador de gases portátil para verificar a contribuição energética e também fez coletas sanguíneas para avaliar a produção de lactato sanguíneo, ligado ao exercício muscular.
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A segunda etapa teve início em 2023 e ainda está em desenvolvimento. Até o final do estudo, os pesquisadores pretendem realizar experimentos com até 15 passistas e também mulheres acima dos 40 anos. "Elas serão treinadas no frevo e na corrida. A intenção é apresentar uma nova modalidade para as pessoas que seja divertida de se praticar, principalmente para aquelas que estão sedentárias. Hoje, a gente enfrenta uma realidade de pessoas que sabem o valor do exercício, mas não fazem por não sentir prazer. O frevo, sendo um ritmo divertido, vai estimular o treino e colaborar para manter uma vida saudável", explica o professor do Departamento de Educação Física da UFPE Eduardo Zapaterra Campos.
O professor reforça que, a partir do momento em que a pessoa vai desenvolvendo mais habilidade no frevo, o gasto energético se torna maior. Isso se dá devido aos saltos, às manobras e aos movimentos executados na dança. "Ele consegue elevar a frequência cardíaca e a resistência do corpo. Uma pessoa comum que está começando não consegue queimar tanto, devido ao repertório de movimentos, mas à medida que ela for se aperfeiçoando no passo, vai aumentando a intensidade do treino. Principalmente quando ela tem a técnica mais desenvolvida para gerar mais energia. Quanto mais habilidade, mais queima. É como um jogador profissional, que gasta mais energia jogando bola comparado a uma pessoa que só joga aos fins de semana", explica.
Aeróbico completo
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O professor de aeróbica e passista de frevo Luan Soares, 31 anos, recebeu a notícia da pesquisa com entusiasmo. "Na minha visão, o frevo promove um aeróbico completo. Eu trabalho com ginástica, e ela requer um controle respiratório grande. Se o frevo fosse visto como uma atividade aeróbica, representaria muito. Seria mais um passo do ritmo no mundo, mais uma vitória, por estar inserido no mundo fitness. Ele, ingressando no quadro de ginástica, entraria em uma modalidade nova, desafiadora e de alto rendimento, comparado ao crossfit", acredita.
Luan vê o passista de frevo como um atleta de alto rendimento. "O ritmo requer muito esforço físico. Os movimentos requerem muita resistência e preparação física o ano inteiro. É como os atletas fazem. O frevo desempenha um preparo físico muito forte no meu corpo. Principalmente, durante as aulas. A gente repete bastante os movimentos para executar com qualidade e pegar resistência corporal."
A passista e professora de educação física Bruna Renata, 30, também vibrou com a possibilidade de o frevo ser fonte de treino nas academias. Para ela, o ritmo já é uma realidade nas aulas aeróbicas. "Dentro das aulas, eu venho trabalhando isso há um tempo. Tem uma modalidade que eu vivencio, que chamei de 'frevo fit'. A atividade tem um conceito de academia com objetivo de perda calórica, ganho de massa muscular, coordenação motora e condicionamento físico. Ainda não se tornou popular, mas os alunos que fizeram a atividade gostaram bastante e sentiram a importância do frevo. Essa pesquisa ajuda muito, principalmente a popularizar-se."
Zapaterra pondera que, apesar de o frevo já ser utilizado como modelo de treinamento em academias, é importante o embasamento científico. "Isso coloca a atividade em um outro patamar, no qual possa ser vista com propriedade e estudo. Já sabemos que o ritmo tem um gasto energético elevado, e a pesquisa mostrou que o frevo pode ser visto como uma atividade física. Agora, as novas coletas poderão reafirmar esses achados e contribuir para uma perspectiva mais ampla.
Os benefícios
Melhora da saúde cardiovascular: o frevo é uma dança bastante dinâmica que envolve movimentos rápidos e intensos, contribuindo para o fortalecimento do coração e a melhoria da circulação sanguínea.
Queima de calorias: dançar frevo é uma forma eficaz de queimar calorias, pois envolve movimentos vigorosos que aumentam o gasto energético, auxiliando na perda de peso e no controle do peso corporal.
Fortalecimento muscular: os movimentos característicos do frevo exigem o uso de diversos grupos musculares, promovendo o fortalecimento em áreas como pernas, braços, abdômen e costas.
Melhora da coordenação motora: o frevo envolve uma variedade de passos e movimentos rápidos que exigem coordenação motora e agilidade, contribuindo para o desenvolvimento dessas habilidades.
Aumento da flexibilidade: os movimentos de braços, pernas e tronco realizados durante a dança ajudam a melhorar a flexibilidade e a amplitude de movimento das articulações.
Estímulo cognitivo: aprender novos passos e coreografias estimula o cérebro e melhora a concentração, a memória e a capacidade de aprender.
Redução do estresse e da ansiedade: dançar frevo é uma forma divertida de liberar o estresse e a tensão acumulados, promovendo uma sensação de relaxamento e bem-estar.
Promove a interação social: o frevo, muitas vezes, é dançado em grupo, o que estimula a interação social e promove o senso de comunidade e pertencimento.