Os medicamentos da família do Viagra, inibidores da fosfodiesterase tipo 5, foram desenvolvidos como vasodilatadores para o tratamento da angina e hipertensão arterial e apresentaram um efeito colateral entre os homens que vocês já devem imaginar. Não tiveram sucesso na cardiologia, pois as medicações já existentes eram mais eficazes. Hoje, são medicações aprovadas para o tratamento da hipertensão pulmonar e disfunção erétil.
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Dois estudos publicados nos anos de 2021 e 2022 apontaram resultados controversos quanto ao efeito protetor desse grupo de medicamentos contra a doença de Alzheimer. Um terceiro estudo, porém não definitivo, foi publicado nessa quarta-feira (7/2) pela Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia, sugerindo que homens acima de 59 anos que receberam a prescrição dessas medicações tiveram menor chance de desenvolver o diagnóstico de Alzheimer após acompanhamento de cinco anos.
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O estudo foi observacional e a metodologia não permite inferir uma relação de causa e efeito e, por isso, está longe de ser definitivo. Em camundongos, já tivemos evidências que essas drogas podem melhorar a memória e até reduzir um dos marcadores biológicos da doença de Alzheimer. Teoricamente poderíamos esperar uma ação neuroprotetora do efeito de uma medicação que promova maior fluxo sanguíneo para o cérebro. Entretanto, as pesquisas que avaliaram esse efeito de incremento na perfusão cerebral também são contraditórias até o momento.
Futuros estudos deverão ser feitos nos moldes daqueles que vocês acompanharam na aprovação das vacinas contra a covid-19 — estudos randomizados com número grande de participantes e inclusão das mulheres.
*Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp, professor do curso de medicina do Unieuro e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília
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