Para quem sofre de enxaqueca, poder prever se uma crise está por vir no outro dia pode fazer toda a diferença, promovendo um estado de maior segurança e autonomia. Ainda não chegamos ao ponto de implante de eletrodos cerebrais para fazer esse serviço, algo que já existe no caso da epilepsia, mas um aplicativo em que a pessoa alimenta de forma repetida sua percepção subjetiva de parâmetros sobre sono, energia e nível de estresse mostrou-se útil na previsão das crises.
O aplicativo ainda ajudou a saber se uma crise tem mais chance de acontecer pela manhã ou ao final da tarde. A sensação de pouca energia durante o dia e uma noite de sono ruim foram associadas a crises no outro dia pela manhã. O sentimento de alta carga de estresse e muita energia durante o dia previniram uma crise vespertina no dia seguinte. Não devemos esperar aqui, como em qualquer modelo biológico, que tenhamos cem por cento de acerto, mas os resultados chamam a atenção para a importância dos estados físico e emocional como preditores de uma crise de enxaqueca.
O estudo foi publicado esta semana pelo periódico Neurology da Academia Americana de Neurologia.
*Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp, professor do curso de medicina do Unieuro e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília
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