Uma alimentação saudável é crucial para o bem-estar e qualidade de vida. Além disso, escolhas de alimentos sadios fortalecem o corpo contra doenças, aumentando a imunidade. Porém, algumas pessoas não conseguem manter uma dieta equilibrada e possuem aversão a sabores, texturas complexas, limitando o consumo a alimentos pobres em nutrientes. Comportamentos como esse podem se enquadrar como paladar infantil, comum em crianças, mas que pode se estender até a vida adulta, causando sérios problemas de saúde.
O paladar infantil não é um diagnóstico formal, mas com uma avaliação minuciosa com vários profissionais, como nutricionistas e psicólogos, é possível identificar e começar o tratamento dessa condição. Segundo a médica, pós-graduada em nutrologia e endocrinologia Lorena Balestra, o diagnóstico depende de várias entrevistas clínicas. "Podemos utilizar questionários sobre hábitos e, em alguns casos, exames médicos", completa Lorena.
Essa patologia pode ser causada por inúmeros fatores, desde questões genéticas até influências ambientais, como experiências alimentares traumáticas. "A introdução alimentar na infância pode estar relacionada, mas outros fatores ao longo da vida também desempenham um papel significativo", afirma Lorena.
A psicóloga do Hospital Anchieta Izabelle Santos também ressalta que a introdução alimentar, mesmo que não seja a única variável, impacta na criação de hábitos. "Se uma criança é exposta a uma variedade de alimentos saudáveis, há maior probabilidade de desenvolver um paladar diversificado", ressalta Izabelle. A profissional ainda completa que se a exposição é limitada a alimentos processados, isso pode contribuir para o paladar infantil na fase adulta.
Geralmente, pessoas que se enquadram nesse quadro não consomem verduras, frutas e legumes, alimentos ricos em fibras e vitaminas. Alimentos ultraprocessados, que podem gerar sobrepeso, baixa imunidade, além de deficiências nutricionais, estão presentes nessas dietas. "O paladar infantil persistente pode causar o aumento do risco de doenças crônicas, comprometimento da saúde bucal e impacto psicológico, além de restrições sociais", completa a psicóloga.
Mudança
Mesmo com os hábitos alimentares consolidados, casos de paladar infantil na fase adulta
podem ser revertidos. Para começar uma mudança na dieta, é preciso uma avaliação completa de profissionais da saúde. "O tratamento abrange terapia nutricional, onde a exposição gradual a novos alimentos é combinada com suporte psicológico para lidar com resistências emocionais", explica a nutróloga Lorena.
Segundo ela, recomendações de técnicas alimentares podem ser usadas nesse processo. "Estratégias incluem criar um ambiente alimentar positivo, envolver-se na preparação de refeições, introduzir pequenas porções de novos alimentos, incorporando variedade ao cardápio diário", afirma a profissional.
Essas indicações são passadas para os pacientes da doutora, como Gabrielle Tamura, 34. A especialista de compras sempre percebeu uma dificuldade para experimentar coisas novas, como frutas e legumes. "Esse comportamento começou depois de 2 anos, antes disso comia de tudo, porém em algum momento isso mudou", conta. Além disso, completa que sempre houve um esforço por parte dos pais dela, havendo uma oferta variada de alimentos, mas Gabrielle continuou com um paladar sensível.
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Com a identificação desses comportamentos e conversas com profissionais, como Lorena Balestra, Gabrielle está no processo inicial do tratamento, mas ainda não começou uma reeducação alimentar de fato. "Hoje me proponho a pelo menos experimentar os alimentos para então definir se gosto ou não, mas isso me traz muita ansiedade", destaca Gabrielle.
Para que o problema não se agrave na fase adulta, como ocorreu com Gabrielle, o paladar infantil pode ser tratado e prevenido na infância. A introdução de alimentos saudáveis, por meio de ofertas de alimentos balanceados e evitando pressões excessivas sobre alimentação, são recomendações de especialistas da área da psicologia, como Izabelle. "Estabelecer hábitos alimentares saudáveis desde o início é fundamental", finaliza a profissional.