Bichos

União e equilíbrio: como cuidar das interações dos pets

Ter dois ou mais bichos dentro de casa pode ser um desafio e tanto. A experiência é ainda mais interessante para o tutor se os pets tiverem personalidades opostas

Os três gatos dividem 
a vida e a casa com os tutores Edmundo e Júlia
 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Os três gatos dividem a vida e a casa com os tutores Edmundo e Júlia - (crédito: Arquivo pessoal)

Criar um pet dentro de casa pode ser uma experiência incrível e desafiadora. Estar perto do melhor amigo de quatro patas, todos os dias, é o que move a vida de muita gente apaixonada por animais de estimação. Alguns, com tanto afeto no coração, têm a árdua e interessante tarefa de cuidar de dois ou mais bichos no lar, equilibrando personalidades, atenção e carinho.

A personalidade é uma caraterística individual, nenhum animal ou ser humano possui individualidades iguais. Segundo Eliana de Farias, médica veterinária, especializada em clínica médica e neonatologia de pequenos animais, as semelhanças acontecem diariamente, mas, no dia a dia, a normalidade permite que indivíduos de diferentes personalidades interajam e busquem impor limites quando o outro ultrapassá-los.

Isso, de acordo com a profissional, ocorre sem a necessidade de intervenção humana, no caso dos animais. "A comunicação entre eles acontece com rosnados, mordidas leves e afastamento. Só será necessário intervir e ter mais atenção nos casos de agressividade", explica. No entanto, em algumas situações, o tutor deve demandar uma espécie de atenção especial a cada um. Em casos de pets agitados ou mais calmos, esse olhar é extremamente necessário.

"Devemos respeitar as características dos indivíduos. O animal mais calmo vai demandar uma atenção mais pacata e um tempo de atividade mais curto. Já o mais agitado precisa ter um gasto energético físico e mental maior. Não devemos insistir que o animal calmo faça uma trilha cheia de desafios; uma caminhada na sombra pode ser o bastante para que ele tenha sua necessidade de exercícios diários atendida e para que ele relaxe a mente", detalha Eliana.

Equilibrar as personalidades de cada gato é um desafio dos tutores
Equilibrar as personalidades de cada gato é um desafio dos tutores (foto: Arquivo pessoal)

O animal agitado, entretanto, se beneficia de um passeio longo, com desafios em terrenos acidentados, com presença de outros animais e que exija dele raciocinar sobre o melhor caminho e investigar cheiros diferentes. "Se eles moram na mesma casa, é importante selecionar os passeios que serão bem aproveitados pelos dois ou escolher um dos companheiros para cada tipo de atividade", completa.

Amor e carinho

Apaixonada por gatos desde sempre, Júlia Mano, 25 anos, tem em casa o James, o Cenourinha e o Ollie. Na companhia do namorado Edmundo, com quem divide a vida e o cuidado dos animais, ela afirma que ter ao lado pets tão incríveis, mesmo de personalidades diferentes, é uma experiência e tanto. "Eles nos trazem muita alegria com as peripécias do dia a dia. Com a chegada do Ollie, a casa pareceu não estar mais vazia. Damos muito amor para eles e eles retribuem, cada um do seu jeitinho", detalha a jovem.

De acordo com ela, vez ou outra, essa comunhão é difícil, em razão das particularidades de cada gato. Ainda assim, ela e o namorado procuram uma boa adaptação para todos da casa. "Por exemplo, gatos são muito noturnos, nem sempre dá para dormir com eles no mesmo cômodo. O jeito é dormir com a porta de nosso quarto meio aberta para eles irem e virem quando quiserem sem atrapalhar nosso sono", brinca Júlia.

Atentos ao que cada gato pede e necessita, especialmente no que diz respeito a tempo de qualidade, Júlia e Edmundo notam o comportamento dos pets e focam em ajudá-los. Entender as excentricidades e particularidades é um passo importante para trazer um resultado positivo no cotidiano da família. Entre os três, segundo a jovem, as singularidades costumam se chocar bastante.

 

"Ollie e James são bem territorialistas, principalmente o James. Atualmente, nosso desdobramento é ver maneiras de eles conseguirem conviver de forma a não estressar nenhum deles. Uma das coisas que decidimos fazer agora é colocar uma gatificação em nossa casa, além de castrar o Ollie (James e Cenourinha já são castrados). Compramos prateleiras e outros objetos para que eles tenham mais espaços na casa e gastem mais energia", completa.

Três potes de água, de ração e de areia para dar o sachê, evitando, assim, a briga entre os felinos. Sem nenhuma disputa, dessa forma, Júlia encontra uma maneira para preservar o jeito dos gatinhos. Observar as manias, gostos e personalidades é um cuidado que os tutores têm com os animais. Sem isso, não há como equilibrar o convívio dentro de casa. É preciso, na visão dela, entender que os bichos são como se fossem universos completamente opostos.

"Respeitamos muito o espaço dos nossos gatos e as suas particularidades. Isso é muito importante por ser da natureza dos gatos serem mais reservados. Então, nada é forçado para eles fazerem. Também não colocamos restrições aos espaços para irem. Eles têm liberdade para circular pela casa toda e pularem onde quiserem. Nos adaptamos com as nossas coisas, para que a casa inteira seja um espaço seguro para eles", acrescenta.

Individualidades

Respeitar o temperamento de cada pet, sem forçar situações desconfortáveis para nenhum deles, é necessário para manter o bem-estar dentro do lar, como descreve a médica veterinária Iamylle Carmo. "Precisamos lembrar que, assim como nós, cada um tem sua própria personalidade e suas preferências", complementa.

Além disso, a especialista afirma que o tutor precisa tirar um tempo de qualidade com os animais. Em passeios, momentos de carinho ou em outras atividades, esses afazeres podem ser benéficos para conhecer o pet e tornar a relação mais saudável para todos que convivem no lar.

Ollie e James estão sempre juntos dentro de casa
Ollie e James estão sempre juntos dentro de casa (foto: Arquivo pessoal)

"Independentemente de os animais que convivem na casa se darem bem ou não, é importante que cada um tenha seu próprio espaço. Ideal que a adaptação, quando se adota um pet novo, seja gradativa respeitando o tempo de ambos. Em alguns casos, a separação física pode ser necessária, mantendo dois ambientes totalmente separados. Nem todos os animais vão se dar bem um dia, precisamos saber avaliar, se essa amizade não progredir, e livrá-los dessa convivência", finaliza Iamylle. 

  • Equilibrar as personalidades de cada gato é um desafio dos tutores
    Equilibrar as personalidades de cada gato é um desafio dos tutores Foto: Arquivo pessoal
  • Ollie e James estão sempre juntos dentro de casa
    Ollie e James estão sempre juntos dentro de casa Foto: Arquivo pessoal
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postado em 14/01/2024 10:00
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