Que doar sangue salva vidas, todo mundo sabe, mas um fato pouco conhecido é que cães e gatos também podem ser os heróis dos pets. Certas enfermidades podem levar um animal a precisar de sangue; acidentes ou cirurgias também são capazes de provocar a perda de volume sanguíneo, despertando a necessidade da transfusão.
Doenças que causam anemia, como hemoparasitose ("doença do carrapato" e mycoplasmose), doenças autoimunes, intoxicações, FeLV nos felinos e alguns tipos de neoplasias (tumores) são as mais recorrentes na rotina clínica.
No entanto, por envolver o emocional dos pets — já que eles não entendem o que está sendo feito —, a doação de sangue pode ser um pouco mais delicada. Mas nada que uma boa orientação aos tutores, carinho e paciência não resolvam.
Pensando nisso, abaixo, as veterinárias Nathália Chiroze e Amanda Farinelli, do Nouvet, centro veterinário de nível hospitalar em São Paulo, esclarecem as principais dúvidas sobre a doação de sangue animal!
1. O procedimento é seguro?
A doação sanguínea é simples, e os locais que aceitam têm profissionais especializados para realizar o procedimento. "Cães e gatos podem e devem doar sangue, mas existem certos requisitos e procedimentos a serem seguidos para garantir uma experiência tranquila e saudável para o pet, sem que isso abale seu emocional e atrapalhe sua missão em ajudar", comenta Nathália.
2. Quais são os requisitos para a doação?
Tanto cães quanto gatos não podem ter passado por procedimento cirúrgico há pelo menos dois meses; devem estar com as vacinas, controle de ecto e endoparasitas atualizados; e, no caso das fêmeas, elas não podem estar prenhas ou amamentando. Também é ideal que o pet tenha um comportamento dócil e esteja clinicamente saudável.
Para cães, é preciso ter entre 1 a 7 anos e pesar 25 kg ou mais, levando em consideração seu porte; já os felinos, precisam ter entre 1 e 8 anos e pesar mais de 4,5 kg.
3. Como é realizado o procedimento?
Após o cadastro e check-up com exames laboratoriais de triagem, que confirmam a possibilidade da doação, tem início o procedimento. Ele dura de 15 a 30 minutos, a depender do comportamento do pet, que fica deitado durante toda a coleta. Ela é realizada com um acesso próximo ao pescoço; por esse motivo, costuma ser um procedimento mais delicado e que exige mais tranquilidade do animal.
"Respeitar o comportamento e tempo do pet durante o processo garante seu bem-estar e proporciona um atendimento humanizado", comenta Nathália. Por ser um procedimento rápido, a maioria dos cães consegue realizá-lo sem nenhum tipo de sedação, mas ela pode ser necessária. Já os gatos precisam geralmente de medicação leve, já que são menos adeptos à manipulação.
Após a coleta da bolsa, o sangue é dividido em três componentes (plaquetas, plasma e hemácias) e armazenados sob refrigeração. Desta maneira, um doador de sangue pode ajudar mais de um animal com componentes sanguíneos diferentes, salvando mais vidas.
4. Existe tipificação sanguínea?
De acordo com as especialistas do Nouvet, existem tipos sanguíneos nos cães, e a compatibilidade entre eles é importante no momento em que for realizada a transfusão, pois nem todos são compatíveis entre si. Os tipos sanguíneos dos cães são seis, porém são complexos e continuam em estudo, mas sabe-se que o "DEA 4" é considerado doador universal.
Em relação aos gatos, os grupos sanguíneos são descritos pelo sistema AB, sendo eles: A, B, AB. O tipo sanguíneo A tem maior prevalência, sendo o tipo B mais incomum e o tipo AB considerado raro. "Para garantir o máximo de segurança do paciente pet e verificar se o sangue do doador poderá ser recebido, o exame de tipagem sanguínea e o teste de compatibilidade podem ser empregados previamente", explica Amanda.
5. Quais cuidados os tutores devem ter com os pets após a doação?
Ao final da doação de sangue, o animal é liberado para casa e não há restrição ou necessidade de internação, podendo continuar com sua rotina normalmente. As veterinárias explicam que, caso o pet seja um doador frequente, é necessário esperar de 1 a 3 meses entre uma doação e outra. Geralmente, esse intervalo depende do estado geral do doador e do protocolo empregado pelo banco de sangue.
Poucas pessoas sabem ou percebem que seus bichinhos podem doar sangue e salvar a vida de outros. Por isso, é importante incentivar o check-up recorrente e o cadastro em banco de doadores elegíveis.
Por Giovana Macedo
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br