Um paraíso de sabores, paisagens e sentidos. Esses são alguns atributos que definem um pouco Santa Cruz Cabrália, marco da chegada dos europeus ao Brasil no século 16, em especial de Pedro Álvares Cabral, ao sul da Bahia. Batizada com o nome do desbravador português e em homenagem à cruz da primeira missa celebrada no país, na Praia da Coroa Vermelha, o município tem praias calmas, clima tipicamente tropical e restaurantes e hotéis que valem a estadia por muitos dias.
Diferentemente da agitação de municípios vizinhos, Cabrália — como preferem chamar os moradores da região — é literalmente um paraíso. O mar é ideal para quem quer curtir com a família. Em toda a costa, bons restaurantes, com pratos que misturam sabores locais e o melhor da cozinha internacional, ampliam o leque de atrativos para os turistas.
"A tranquilidade das nossas praias é o grande diferencial. Com a menor agitação, o turista pode curtir em paz. Hoje, estamos trabalhando para melhorar a qualidade do nosso atendimento e de forma personalizada, para que o cliente tenha a vontade de voltar. Por isso, estamos trazendo constantemente palestrantes de renome para mostrar como fazer", detalha o secretário de Turismo de Santa Cruz Cabrália, Paulo César Magalhães.
A cultura indígena, ainda muito presente, mantém viva a chama dos nossos primeiros ancestrais, que aqui estavam séculos antes da chegada dos primeiros "homens brancos". São descendentes de diversas etnias, sendo a maior parte da Pataxó.
Para quem chega a Cabrália, a primeira parada é o restaurante à beira-mar Oh Belisco Gastronomia e Beach Club. O local conta com os pratos do chef Marcelo Vitorino, que mistura o conhecimento adquirido nos tempos em que morou na França e na Inglaterra com a cozinha indígena da região, usando temperos e produtos locais, que atraem, inclusive, turistas de outros países. "Eu morei por dois meses com uma tribo, me apaixonei pela forma de preparo e resolvi incorporar a cultura deles aos meus pratos", conta.
Os proprietários Ricardo Power e Alessandra Cordeiro também se declaram ao chef. "Turistas de outros países ficam sabendo da nossa cozinha e vêm apenas para conhecer. Até casamentos são realizados aqui. Temos uma área de camping e oferecemos almoço de alto padrão durante o dia e pizzas especiais à noite", detalham os empresários.
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Um pedacinho da Itália
O turismo gastronômico de Cabrália também conta com a maravilhosa culinária italiana do Restaurante Trigo, dos chefs e proprietários Francesca Daliesio e Paolo Gioggi. O lugar casa em tudo o sabor e o ambiente do país europeu, com ótimas massas e vinhos de qualidade. "Eu quis trazer para cá o que aprendi com a cozinha da minha avó. Uso os mesmos ingredientes que ela. Preparo as massas com ovos caipiras e com farinha de trigo brasileira.
Precisamos desfrutar mais do que é daqui. Todo o cardápio é italiano, mas com tudo daqui", conta Francesca, que traz, ao seu cardápio, receitas clássicas e sabores diferenciados, como carbonara, matrecciane, portine, pesto de manjericão e, para a sobremesa, sorvete de manjericão caseiro.
Segundo os proprietários, a proposta do restaurante, localizado em uma esquina, é ser um ambiente para poucas pessoas, por volta de 16 clientes. A casa conta, ainda, com um espaço reservado e, quando há festa na praça em frente ao estabelecimento, mesas são colocadas na calçada e na rua, em parceria com outros comércios próximos.
O barulho do mar casa perfeitamente com os pratos do restaurante Recanto do Sossego. Fundado por três amigos, também italianos, o carro-chefe é de tirar a paz de quem se delicia: a moqueca italiana. Além do toque secreto dos chefs, ela vem carregada de lagostas, camarões e peixes nobres. "Há 16 anos viemos — os três amigos — para comprar um imóvel e resolvemos investir e nos estabelecer na costa brasileira. Como fizemos umas modificações em alguns pratos, como na moqueca tradicional, resolvemos rebatizar", conta o sócio Marco Michele, que também é chef no estabelecimento.
Fazendo uma pausa na comilança, é hora de curtir a natureza no Parque Ecológico, Marina e Condomínios Mãe Tereza. Em um mesmo ambiente, é possível casar a tranquilidade da Mata Atlântica com opções de lazer e aventura. No local, são oferecidos passeios a cavalo, lago de pesque-pague, tirolesa, escalada, área para esportes, caiaque, banho de lama, trilhas e passeios de barco, entre outros. Para quem quiser passar o dia com a família, o bufê conta, ainda, com o tradicional churrasco uruguaio, herança dos proprietários do local.
Hospedagem com charme
A estadia em Santa Cruz Cabrália é uma atração à parte. Com instalações recém-inauguradas, o Príncipe de Mutá Hotel Design conta com uma estrutura de ponta para receber os hóspedes, em uma proposta conceitual, com piscinas, bar, restaurante, academia e espaço kids. Tudo isso a poucos metros da Praia de Coroa Vermelha. Quartos confortáveis e beleza por todos os lugares para onde se olha. "Investimos na estrutura e estamos nos preparando para melhorar ainda mais a experiência de quem vier para cá", conta Reinaldo Lima, fundador do empreendimento.
Ponto turístico, o Campo Bahia foi construído especialmente para receber a seleção da Alemanha, em 2014, quando ocorreu a Copa do Mundo da Fifa no Brasil. Segundo a gerência do empreendimento, ao conversar com um dirigente da comissão técnica alemã, sobre as dificuldades de hospedagem do time no país, os proprietários resolveram dar uma "força", erguendo instalações de primeiro mundo, especialmente para a equipe — que naquele ano se tornou tetracampeã do mundo, com direito a goleada de 7 a 1 sobre a Seleção Brasileira —, em Santo André, distrito de Cabrália, considerado um lugar mais calmo.
O esforço deu certo e o local hoje é um dos principais hotéis da região — incluindo de Porto Seguro, que fica ao lado.Ao todo foram erguidas 14 "vilas", como são chamados os chalés. Cada uma tem, pelo menos, cinco suítes, com uma sala coletiva e quartos luxuosos, para os que quiserem mais conforto.
Sangue que resiste
Descendentes dos povos que tiveram o primeiro contato com os portugueses que desembarcaram na Praia de Coroa Vermelha, ainda vivem na região. São comunidades que há mais de 500 anos ainda lutam por espaço dentro da sociedade que lhes foi imposta. Um dos representantes dos indígenas é Jefferson Braz, que aos 30 anos é presidente da Associação dos Comerciantes da Aldeia Pataxó de Corão Vermelha. O local é fonte de renda de muitas famílias e tem como principal produto comercializado o artesanato.
“Aqui temos muitas pessoas que tiram seu sustento. Fomos escolhidos pelo nosso povo e estamos aqui para servir. Aguardamos a ajuda do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para terminar nosso museu, que contará a história do nosso povo. Muita coisa foi feita na festa de 500 anos — da chegada dos portugueses, também chamada na Europa de descobrimento —, mas depois disso muito precisa melhorar”, explica.
Terra demarcada, a Aldeia Coroa Vermelha é outro ponto que atrai muitos turistas. No local, é possível fazer pinturas de rosto, comprar artesanato e conhecer um pouco da cultura dos povos Pataxós. Um dos momentos mais emocionantes é quando, com gritos tribais, o chefe da tribo chama os demais indígenas para a dança de agradecimento à terra.
Munidos de chocalho, eles batem os pés forte no chão e fazem louvores à natureza no seu próprio idioma e em português. Turistas e visitantes são convidados a participar, formando todos juntos um só povo. Apesar da cerimônia, atualmente, segundo os indígenas, as comunidades, em sua maioria são formadas por cristãos católicos e protestantes.
A fé católica também está bem presente na região, como na igreja Nossa Senhora da Conceição. Ela é a sexta mais antiga da Orla do Descobrimento e possui mais de 300 anos. Do alto do morro de Santo André, onde está o templo, a visão reaviva a alma e a conexão com o divino. Por fim, para quem gosta de uma boa música, a cidade conta ainda com o Flor de Tangerina, uma recanto para os amantes do forró pé de serra.
Restaurantes e Hotéis
Oh Belisco Gastronomia e Beach Club
Restaurante Recanto do Sossego
Trigo Restaurante
Restaurante Gaivota
Píer João de Tiba
Udexerê Eco House
Santuário Hotel Fazenda
Maroca Praia
Restaurante Maria Nilza
Catamarã Una
Hotel Vila Angatu Eco Resort & Spa
Flor de Tangerina
Restaurante Tião Belmonte
Restaurante Luz de Minas
Reserva Indígena Pataxó — Nova Coroa
Parceira
Para quem quer conhecer Santa Cruz Cabrália, a Porto Azul — parceira local da Azul Linhas Aéreas — oferece diversos pacotes para os turistas, tanto para grupos quanto individuais. São inúmeros pontos turísticos, que vão desde a história do povos originários da região até a chegada dos portugueses ao Brasil.
O jornalista viajou a convite da Prefeitura do Município de Santa Cruz Cabrália