Bichos

Aves podem ser animais de estimação, mas é preciso atenção

Inteligentes e afetuosas, as aves podem ser boas companheiras. Mas é importante destacar que a presença de certas espécies em cativeiro é regulamentada pelo Ibama

Já imaginou ter uma conversa com uma ave? Bem, no caso dos papagaios, essa experiência é totalmente viável! Certas espécies possuem a capacidade de imitar sons e até palavras humanas. Esses animais não apenas interagem de forma positiva com as pessoas, mas também têm uma notável habilidade para aprender truques, demonstrando sua natureza brincalhona, afetuosa e cheia de energia. Mas, atenção, a adoção só é possível com a devida regulamentação (leia abaixo).

No universo encantador das aves de estimação, como papagaios, canários e calopsitas, a história de convivência com humanos ganha contornos de riqueza e diversidade. O advogado Fernando Tomaz Olivieri, 36 anos, compartilha sua experiência, adaptando seu apartamento para criar um espaço acolhedor, com gaiolas e brinquedos, onde suas aves (papagaio-verdadeiro/amazona aestiva) interagem alegremente.

"O cuidado vai além do lar, pois levo-os para banhos de sol e encontros sociais em parques, ruas e até shoppings, o que eles adoram. A vocalização deles é influenciada pelo convívio humano e traz diversão para o dia a dia, sendo a melhor companhia. Sigo também as orientações veterinárias, como manter o rádio ligado para evitar a solidão."

Na dieta, Fernando explica que, para além da ração especializada, adota uma abordagem criativa, preparando biscoitos nutritivos com chia, banana, mamão, aveia e papinha para psitacídeos. Essa atenção à alimentação reflete o compromisso com uma vida saudável para suas aves. "Consultas regulares ao veterinário complementam os cuidados, garantindo não apenas bem-estar físico, mas também emocional."

Amor e Dedicação

Arquivo pessoal - Carina com suas calopsitas, Jatobá e Willa

Carina Vasconcelos, 33, estudante de medicina veterinária, compartilha sua história do resgate de sua calopsita lutino cockatiel, chamado Jatobá. Após encontrá-la em situação precária, com asa machucada e problemas de visão, Carina dedicou-se a cuidar dela. Superando desafios, Jatobá passou por cirurgia e hoje vive feliz e saudável.

"Quando minha vizinha me ligou e me contou que tinha uma calopsita caída na piscina dela, pediu ajuda porque não sabia o que fazer. Eu fui lá ajudar e acabei pegando a calopsita, procurei o dono, publiquei na internet, fiz um monte de coisa, nunca o achei. Ao longo desse tempo que fiquei com ela, percebi que tinha um comportamento diferente da minha outra calopsita Arlequim Willa (já falecida). Daí a levei no médico veterinário especializado, e a gente descobriu que ela não enxergava bem e estava com a asa machucada. Passou por uma cirurgia na asa, e hoje está bem."

Carina adota práticas especiais para garantir o bem-estar de Jatobá. Com atenção aos sinais de desconforto, adapta o ambiente, proporciona interação cuidadosa e evita situações estressantes. A calopsita, mesmo com limitações, responde positivamente aos treinamentos e reconhece sua voz familiar.

A dieta equilibrada é fundamental, com destaque para a ração extrusada — em grãos de tamanho e formato adequados à anatomia da espécie. Carina enfatiza a importância da limpeza frequente da gaiola, da troca regular da água e do monitoramento do peso. "As consultas veterinárias regulares são cruciais, garantindo não apenas a saúde, mas também a qualidade de vida de Jatobá."

Cuidados e atenção

Arquivo pessoal - A médica veterinária Bruna Palma com uma arara canindé

A médica veterinária Bruna Palma destaca a importância do manejo adequado para aves de estimação, como psitacídeos (espécies de papagaios, periquitos, araras, entre outros) e passeriformes (quase 6 mil espécies, mais da metade do total de aves existentes). "Recomendo uma dieta equilibrada, priorizando ração extrusada em vez de apenas sementes, visando evitar problemas de saúde relacionados ao excesso de gordura." Além disso, Bruna ressalta a necessidade de um ambiente seguro, com gaiolas pintadas com materiais não tóxicos e substratos adequados, para prevenir doenças comuns em aves domésticas.

Os chamados sinais inespecíficos, como quietude e postura anormal, podem indicar problemas de saúde que podem ser evitados com cuidados preventivos. "A maioria dos nossos pacientes acaba chegando com esses sinais, então eles ficam mais quietinhos, encorujados, com aquelas pluminhas mais abertas, com o olhinho fechadinho, que a gente fala semicerrado. Quando não é alguma coisa muito evidente, por exemplo, um sangramento, um ataque infectocontagiosos, algum tipo de intoxicação, os sinais que a gente mais vê é da prostração", destaca Bruna.

Precauções

Regulamentação para aves em Brasília

O registro no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (Sispass), do Ibama, é obrigatório para manter aves passeriformes em cativeiro no Distrito Federal, com proibição de finalidade comercial. A compra de aves não passeriformes deve ser feita em criadouros
autorizados, com nota fiscal e certificado de origem. Para comerciantes, a autorização é obtida no Sistema Nacional de Gestão de Fauna Silvestre (Sisfauna). Fiscalizações do Instituto Brasília Ambiental visam garantir o cumprimento das normas.

Espécies comuns e diretrizes
• Canário-da-terra, baiano e curió são algumas aves mantidas em cativeiro. A Instrução Normativa nº 10/2011 — Ibama regula manejo de passeriformes. Detalhes no site: https://www.
brasiliaambiental.df.gov.br/quero-metornar-criador-amador/.

Bem-estar animal e fiscalização
• O Brasília Ambiental realiza fiscalizações em domicílios e criadouros, combate fraudes no Sispass e participa de operações, como a Gênesis. Informações disponíveis: https://www.brasiliaambiental.
df.gov.br/wp-content/uploads/2021/05/operacao_genesis.pdf.

Conscientização e educação
• O órgão não promove atualmente atividades de educação, mas fornece materiais informativos sobre a criação responsável de aves. Mais detalhes: http://www.ibram.df.gov.br/ gestao-de-fauna/.

Fonte: Rodrigo Augusto Santos, analista ambiental e gerente de Fauna Silvestre do Instituto Brasília Ambiental

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

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Fotos: Arquivo pessoal - Fernando com suas aves, Pedro, 18 anos, e Nina, 13
Arquivo pessoal - Carina com suas calopsitas, Jatobá e Willa