Fitness & nutrição

Estética corporal: como o biotipo pode impactar na musculação

Entenda o que são os biotipos e como eles influenciam no alcance do físico desejado. Apesar de controvérsias, o tema ainda é referência para muitos profissionais.

João Pedro Nobre, 20 anos, estudante de psicologia -  (crédito: Arquivo pessoal)
João Pedro Nobre, 20 anos, estudante de psicologia - (crédito: Arquivo pessoal)
Ana Paula Sousa Especial para o Correio
postado em 10/11/2023 15:15 / atualizado em 10/11/2023 15:15

Endomorfo, ectomorfo e mesomorfo. A popularização de um estilo de vida mais ativo e com hábitos saudáveis trouxe aos ouvidos do público termos antes restritos ao mundo fitness. Um deles diz respeito à teoria de que a estética corporal das pessoas pode ser definida em três tipos. Apesar de carregar contradições consigo, o tema ainda é referencial para muitos praticantes de musculação e profissionais do meio fitness.

Desenvolvido na década de 1940 pelo psicólogo norte-americano Sheldon Herbert William, a teoria conhecida como somatotipo baseia-se na observação do comportamento e na classificação de que os corpos, conforme suas estéticas, possam ser separados em endomorfos, ectomorfos e mesomorfos. Além de classificar pessoas mais magras, gordas e musculosas, o estudo aponta a influência do formato do corpo para determinado biotipo, considerados fatores como quantidade de massa muscular, gordura, estrutura óssea, além do metabolismo.

De acordo como o educador físico Rodrigo Marinho, a pessoa com características de cada biotipo pode ser definida como ectomorfa, mesomorfa e endomorfa. Pessoas denominadas ectomorfas são aquelas com corpos mais esguios e metabolismo acelerado. Com um baixo percentual de gordura corporal, geralmente, tendem a ter dificuldades no ganho de músculos. Às vezes apelidados como "magros de ruim", os ectomorfos também podem ser caracterizados como aqueles que, mesmo comendo muito, continuam magros.

biotipos corpos
biotipos corpos (foto: editoria de arte)

Em um meio-termo entre os ectomorfos e os endomorfos, as pessoas mesomorfas apresentam um corpo mais definido. Entre aqueles que fazem musculação, são tidos como "privilegiados", dado a facilidade que têm em ganhar músculos e por terem um percentual de gordura corporal baixo. No físico, apresentam um tronco mais largo e as regiões do quadril e cintura mais estreitos.

Já as pessoas endomorfas são aquelas que possuem uma maior dificuldade na perda de peso. Segundo a teoria de somatotipos, são identificados por terem uma estrutura óssea mais larga e forte. Com um corpo mais volumoso, os endomorfos têm facilidade no acúmulo de gordura corporal e músculos, entretanto, o processo de emagrecimento tende a ser mais dificultoso. Além de um metabolismo mais lento, a definição dos músculos é mais difícil para quem tem essas características.

Combinação de biotipos e predominância

De acordo com a nutricionista esportiva e antropometrista Priscila Rodrigues, apesar das classificações, dificilmente uma pessoa se encaixa apenas em um tipo corporal. Ela explica que, graças à combinação dos somatotipos, um indivíduo é capaz de transitar entre as classificações, porém com predominâncias em alguma dessas.

"Pode ser que uma determinada pessoa seja 40% mesomorfa e 60% endomorfa ou então 70% ectomorfas e 30% mesomorfas", exemplifica. "Isso quer dizer que, apesar de ter um biotipo predominante, com exercícios físicos e alimentação, ela pode, sim, apresentar um corpo diferente do que o seu biotipo predominante estabelece", justifica.

Isso quer dizer que uma pessoa que já foi muito magra em uma fase da vida poderia desenvolver um corpo mais forte e definido se adotasse hábitos alimentares e um estilo de vida mais saudável. Entretanto, é preciso ter em mente os limites de cada pessoa. "Uma pessoa mais magrinha, considerada ectomorfa, pode, sim, ter uma evolução muscular e se tornar fisiculturista, por exemplo. Entretanto, o corpo dela terá limites. Não será um corpo com densidade muscular muito grande", enfatiza.

"Treinar eu sempre treinei, mas não tinha hábitos alimentares corretos", relata a massoterapeuta Renata Moura, 44 anos. Ao iniciar um acompanhamento profissional, ela conta que não conhecia nada sobre os biotipos e suas características. "Passei a conhecer quando minha nutricionista explicou cada um deles. Atualmente, o meu corpo se encaixa como endo-mesomorfo", detalha.

Há quem contradiga

Apesar dos muitos defensores, profissionais da saúde também apontam que existem controvérsias na teoria, julgada por ser simplificada demais e generalista, ao tentar encaixar todos os tipos de corpos em apenas três categorias, ou a combinação das mesmas. "Isso (os biotipos) é apenas um rótulo para o estado da pessoa. Tem a ver com quem você é no momento. Só que, em uma vida inteira, o mesmo ser humano pode ter os três biótipos. Não é respaldado pela ciência que os biotipos sejam algo fisiológico", enfatiza o nutricionista Bruno Melo.

De acordo com ele, por ser baseado na observação do comportamento dos biotipos, a tese de Sheldon não considera fatores como genética, ambiente, estilo de vida pessoal e o estado de saúde, imprescindíveis em processos de emagrecimento ou ganho de massa muscular.

Mudança de hábitos

Entre os biotipos estipulado por Sheldon, o estudante de psicologia João Pedro Nobre, 20, seria encaixado entre os ectomorfos. Com um corpo mais magro, de baixa estatura e bastante facilidade em perder peso, ele relata como a mudança de hábitos e estilo de vida contribuíram para sua nova estética corporal. "Antes eu praticava muito esporte aeróbico e, com isso, perdia massa muscular muito rápido", conta. Para alcançar a estética corporal desejada, ele conta que algumas mudanças precisaram ser feitas. A primeira delas foi reduzir as atividades aeróbias e intensificar treinos de musculação e uma dieta mais calórica. 

João Pedro Nobre, 20 anos, estudante de psicologia
João Pedro Nobre, 20 anos, estudante de psicologia (foto: Arquivo pessoal)

O nutricionista Bruno Melo destaca, ainda, a importância de as pessoas buscarem acompanhamento profissional ao iniciarem o processo de emagrecimento ou ganho de massa corporal, reiterando a realização de exames médicos investigativos que permitam o acompanhamento do profissional na evolução adequada do paciente. "A jornada da pessoa em alcançar a estética desejada fica mais fácil quando ela procura ajuda de um profissional. Mas, para isso, é preciso ter coragem de mudar", reitera.

  • Renata Moura, 44 anos, massoterapeuta
    Renata Moura, 44 anos, massoterapeuta Foto: Fotos: Arquivo pessoal
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