Para se exercitar, é preciso ter energia, foco e disposição — elementos enriquecidos a partir da alimentação. Ao serem incluídos na dieta, os chamados superalimentos podem beneficiar quem pratica atividade física e ainda potencializar a prevenção e o tratamento de doenças, além de melhorar a saúde. A elevada densidade nutricional de vitaminas, minerais e fibras faz com que diversas frutas, verduras, legumes, grãos e oleaginosas exerçam essa função.
De acordo com os especialistas ouvidos pela Revista, a definição de superalimento ainda não é um consenso no mundo acadêmico, mas vai ao encontro da definição dos alimentos funcionais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define essa categoria como aqueles que beneficiam a saúde além das funções nutricionais básicas. Ou seja, além de nutrir e dar energia, podem desempenhar um papel na redução do risco de doenças crônicas degenerativas, como diabetes e câncer.
De acordo com o nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho, todos os alimentos considerados superalimentos têm antioxidantes e, dessa forma, reduzem a liberação de radicais livres. Em excesso no corpo, essas moléculas podem fazer mal e causar doenças degenerativas. "O poder dos superalimentos na nutrição é justamente porque eles contêm antioxidantes, compostos bioativos, funcionais, além de prover macro e micronutrientes. Devido a essa composição nutricional, eles também nos favorecem para o não desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas", afirma Durval.
Consumir alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios pode facilitar o processo de cura de lesões, por exemplo. Produtos como chá-verde, spirulina, cacau, açaí e cúrcuma são antioxidantes e anti-inflamatórios e entram no rol dos superalimentos, enquanto o o abacate possui uma grande quantidade de vitaminas, minerais, fibras e gorduras boas — os lipídios.
O engenheiro civil Hugo Antônio Brito, 25 anos, sofreu com baixa imunidade praticamente a vida inteira. Foram dezenas de atestados médicos entregues no trabalho, o que o deixava constrangido. Há três anos, sob orientação de uma nutricionista, deu início à suplementação natural de vitamina C, após o diagnóstico de escorbuto. O consumo de limão, frutas vermelhas e laranjas — considerados superalimentos — agora é constante.
"A minha vida é praticamente outra; inclusive, passei a pandemia praticamente 100%. Não tive nada, até porque mudei os hábitos alimentares em geral e graças à suplementação não fico mais doente. Há muito tempo, eu não gripo. Se as pessoas soubessem, acho que consumiriam mais (superalimentos)", expõe Hugo.
Prato colorido, vida feliz
A escolha do que vai ser colocado no prato deve levar em conta a premissa: quanto mais colorido, melhor. Isso porque a cor de cada alimento representa os micronutrientes e os seus benefícios à saúde. Por exemplo, frutas e verduras amarelas e laranjas são fontes de vitaminas C e A, como o mamão e a laranja. Em contrapartida, os vegetais verde-escuros podem enriquecer o prato com fibras e ferro. Já a banana, que é branca, é fonte de potássio.
Segundo a nutricionista Bruna Luz, o potássio é um mineral importante para o corpo humano, pois garante o bom funcionamento do organismo. Ela também menciona que a farinha de banana verde é um alimento prebiótico, o qual mantém a saúde da flora intestinal e garante a saúde do cólon — prevenindo assim o câncer nessa região.
Pollana Campos, especialista em nutrição esportiva funcional, alerta, porém, que não basta apenas a alimentação para ter bem-estar, já que "o estilo de vida contribui para que uma pessoa seja saudável e tenha mais longevidade". A indicação da profissional é que frutas e vegetais façam parte do cotidiano alimentar, além da realização de atividades físicas pelo menos três vezes por semana. Pollana reforça que dormir bem e gerenciar o estresse também colaboram para uma vida mais saudável.
Saiba Mais
Doces escolhas
Mesmo sem conhecer o termo superalimento, a vendedora Juliana Damasceno, 22, consome diariamente produtos nutritivos e que garantem uma boa qualidade de vida. Ela conta que sofre com prisão de ventre e, por este motivo, consome aveia todos os dias por indicação médica.
"Por ter o intestino preso, sou muito estressada, ansiosa. Enfrento muitos problemas com isso. Pedi ao médico um remédio que melhorasse minha condição. Ele disse que era para eu mudar minha alimentação e só isso bastava", relata Juliana. Há dois anos, a jovem também substitui o açúcar por mel por conta da ação anti-inflamatória.
Bruna frisa que manter o intestino saudável é primordial para ter uma boa qualidade de vida, já que a serotonina é produzida no intestino. O precursor da serotonina é o triptofano — presente na banana, na aveia, no chocolate meio amargo e em castanhas. "São superalimentos porque nos ajudam a manter os níveis de serotonina bons no nosso corpo, regulando o nosso humor e tendo uma vida mais feliz", salienta.
Destrinchando os superalimentos
Abacate: tem grande quantidade de vitaminas E e C, minerais, fibras e lipídios
Açaí: é rico em fibras, proteínas, minerais e em vitamina E
Acerola: possui vitaminas C e A, fibras, cálcio e potássio
Aveia: é um cereal fonte de fibras, rico em ferro, proteínas, vitamina B1 e B5
Chia: rica em minerais, fibras, cálcio, magnésio, fósforo e ômega 3
Chá-verde: poderoso detox, anti-inflamatório e pode acelerar o metabolismo
Frutas Vermelhas: ricas em vitamina C, magnésio, cálcio, antocianinas e compostos fenólicos
Nozes: oleaginosas com ativos anti-inflamatórios, como vitamina E e minerais
Spirulina: a alga encontrada em pó, comprimidos e cápsulas é rica em nutrientes, incluindo proteínas, lipídios, vitaminas A, E, K e minerais
Tomate: fonte de licopeno, que combate aos radicais livres e protege de cânceres, como o de próstata
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte