Meio ambiente

Resíduos tóxicos: descarte inadequado danifica meio ambiente

Eletrônicos, remédios e pilhas devem ser separados do lixo comum para evitar prejuízos ambientais e danos à saúde da população

O Brasil produz cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos por ano, segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), ou seja, em média, uma pessoa gera 343 quilos anualmente. E uma parcela muito grande desse lixo vai para aterros ou lixões.

Dentro dessa quantidade de resíduos produzidos, materiais eletrônicos, pilhas e remédios acabam, muitas vezes, nesses mesmos lugares, pois não há, entre a população, o costume de separar os lixos e a preocupação com o descarte correto. Mesmo que pareçam inofensivos, esses materiais prejudicam o meio ambiente. Contaminam o solo e a água, causando danos à natureza e à saúde humana. 

john_cameron/Unsplash - O Brasil é o quinto maior produtor de resíduos eletrônicos (pesquisa da Radar Brasil de 2021)

Roseane Maria, engenheira sanitarista e ambiental, explica que essa poluição ocorre pelas substâncias tóxicas que os materiais podem liberar. "Isso inclui a liberação de metais pesados e produtos químicos nocivos", alerta.

Eletrônicos, a exemplo de computadores e celulares, são produzidos com elementos como magnésio, chumbo e cobre. Esses compostos, quando jogados de forma indevida no meio ambiente, afetam os lençóis freáticos e os cursos de águas. "Esse descarte indevido traz um problema irreversível, colocando em risco a saúde do ser humano que depende da água", acrescenta o ambientalista Nelson Rodrigues, 48 anos.

Os eletrônicos descartados em pontos de coleta têm como destino, na maioria das vezes, o setor empresarial, que aproveita os componentes e as peças dos aparelhos, fazendo uma logística reversa de equipamentos. Nelson ainda pontua que a devolução desses elementos vem crescendo, por causa do seu valor comercial, o que ajuda na mitigação da poluição, mas pilhas e remédios não costumam ter o mesmo destino.

Um alerta para pilhas e remédios

Assim como os eletrônicos, as pilhas e baterias também liberam substâncias tóxicas. Elas não oferecem risco quando estão em funcionamento e inteiras, pois é no líquido interior que se encontra o perigo. Mas quando amassam ou estouram, geralmente nos processos de logística feitos em lixões e aterros, o material se torna altamente prejudicial.

O líquido liberado não é biodegradável, acumulando-se na natureza. Para além da questão ambiental, assim que as substâncias entram em contato com os seres vivos, podem causar problemas de saúde como anemia, paralisia e até câncer. Como no caso dos eletrônicos, há pontos de coletas específicos para a reciclagem de algumas substâncias e componentes.

Já para o caso dos remédios, Karine Guimarães farmacêutica há 16 anos, explica que eles, mesmo que pouco falados, também são um lixo químico e não podem ser jogados em lixos comuns. "Devem ser descartados em local apropriado, em coletores presentes em farmácias, drogarias ou unidades básicas de saúde", ensina a profissional. Ela explica que alguns medicamentos podem se decompor rapidamente, mas outros persistem no meio ambiente.

Além disso, quando o descarte de medicamentos em desuso ou vencidos não é feito de forma adequada, pode gerar um mercado paralelo e ilegal de venda. Karine ainda recomenda que as embalagens primárias, aquelas em contato diretamente com o remédio, também seja jogadas separadamente.

O descarte no lixo comum ainda prejudica os catadores de materiais recicláveis, que estão expostos diretamente a esses resíduos. Gabriela Rodrigues, 36 anos, catadora de lixo, explica que o manuseio de remédios e outros materiais químicos é perigoso para a saúde dela e dos colegas, que muitas vezes estão em contato direto com os resíduos, sem proteção.

Onde descartar

Roseane Maria, coordenadora da Câmara Temática de Resíduos Sólidos da ABES — Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, que tem entre as atribuições estudar e propor medidas para soluções de problemas existentes ou potenciais e promover discussões no âmbito dos Resíduos Sólidos, lembra que muitas cidades têm pontos de coletas para cada tipo de material diferente.

Pilhas, baterias e eletrônicos

Em redes de coletas especializados e lojas de eletrônicos. 

Pilhas:

https://www.greeneletron.org.br/localizador

Eltrônicos: 

https://abree.org.br/pontos-de-recebimento

Medicamentos e embalagens

Em farmácias e postos de saúde 

https://www.logmed.org.br/#coleta

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