Na busca por lares que proporcionem mais do que apenas abrigo, a arquitetura e a decoração afetivas emergem como elementos essenciais para criar espaços que não são apenas bonitos, mas também significativos. Essa é a tendência apresentada pelos ambientes Casa Intter, da designer de interiores Vivian Maia, e Casa Raízes, do Studio Arch+, na CasaCor Brasília 2023, que demonstra que um lar pode ser muito mais do que quatro paredes, pode ser um portal para o passado, um abraço acolhedor no presente e uma inspiração para o futuro.
Indo além do mero senso de estética, esse estilo se concentra em incorporar elementos que evocam memórias, sentimentos e histórias pessoais em um espaço, onde a magia da decoração afetiva realmente acontece. Móveis, cores, objetos de arte e até a disposição de elementos podem transmitir histórias e emoções. Itens herdados da família, lembranças de viagens ou arte criada por familiares queridos ganham destaque.
Afeto no projeto
Inspirada no tema deste ano da mostra, Corpo e Morada, a arquiteta Vivian Maia criou uma versão de um apartamento decorado. Para dar vida e personalidade ao ambiente de 189m², escolheu peças com referências em memórias afetivas e em tendências contemporâneas. O living foi "vestido" com linho persa e aposta na integração dos ambientes para criar conexão.
De acordo com Vivian, conhecer bem a família que vai habitar o novo lar é essencial — visitar sua morada atual, fazer um briefing bem detalhado e saber quais as expectativas em relação ao novo projeto. Todas essas informações se tornam o processo criativo para basear a funcionalidade, a estética e a expectativa dos clientes, gerando, assim, identidade entre os moradores e o novo lar.
"O ponto de partida foi o tema da mostra, cuidar da nossa casa, como cuidamos do nosso corpo. Dessa forma, a ideia é criar um ambiente integrado para gerar conexão entre pessoas. No projeto, usamos tecido na parede da sala e no teto, além de painéis de espelho frisado e couro sintético. O uso de tons terrosos foi proposital para trazer calor e aconchego, causando a sensação de morada. O propósito de criar um ambiente decorado, baseado em uma planta inteligente e com conceito de casa suspensa, foi servir de inspiração para os visitantes e suas famílias", detalha.
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Conectando-se com a natureza
A natureza desempenha um papel crucial na decoração afetiva, proporcionando harmonia e serenidade ao integrar elementos naturais, como a luz solar, as vistas para o exterior e os materiais orgânicos. Renata Vieira compartilha que a arquitetura possui um potencial de cura e acolhimento, indo além da funcionalidade e dos acabamentos corretos. Para ela, incorporar, de forma sutil, a história, as lembranças e a essência pessoal nos espaços, ressaltando a natureza, desempenha um papel fundamental na conexão consigo mesmo e com o mundo.
"Uma arquitetura fluida, leve e despretensiosa frequentemente convida ao relaxamento e à interação social, permitindo o resgate e a criação de memórias afetivas. Adornos que remetem à história pessoal, como porta-retratos, livros e objetos poéticos, bem como frases motivadoras, acrescentam personalidade e conectam as pessoas ao espaço. A presença da natureza, com suas cores e texturas, juntamente com materiais naturais, como madeira, pedra, cerâmica, palha, barro e fibras, proporciona aconchego e influencia positivamente o humor."
O projeto do Studio Arch , liderado pela arquiteta Renata Vieira em colaboração com as designers Laísa Figueiredo e Juliana Velloso, inspira-se nas reflexões do manifesto da CasaCor Brasília 2023 sobre as transformações e os processos ocorridos em nossos corpos e lares ao longo da história. Estabelecendo um paralelo entre esses conceitos e considerando o corpo e a casa como nossos refúgios, a conexão com a natureza é fundamental para o bem-estar.
Cobogós
Os cobogós, elementos arquitetônicos tanto decorativos quanto funcionais, são frequentemente empregados em construções brasileiras. Compostos por blocos vazados, geralmente confeccionados em cerâmica, concreto ou cimento, possibilitam a passagem de luz e de ventilação, ao mesmo tempo em que conferem privacidade e proteção solar.
O termo "cobogó" tem suas raízes na junção das iniciais dos sobrenomes de três engenheiros brasileiros: Amadeu Coimbra, Ernest Boeckmann e Antônio de Góis, os quais foram os pioneiros em sua criação, na década de 1920. Desde então, os cobogós tornaram-se um ícone da arquitetura brasileira, especialmente na região Nordeste do país.
Aqueles que cresceram em residências ou ambientes que incorporaram cobogós entendem o poder de evocar memórias de infância e sentimentos de nostalgia. Eles podem estar intimamente ligados a momentos especiais ou à sensação de "lar", tornando-se um componente afetivo crucial na decoração.
Os cobogós apresentam uma ampla variedade de designs e padrões, que vão desde formas geométricas simples até representações artísticas. Além de seu apelo estético, eles desempenham um papel fundamental na arquitetura tropical ao permitirem ventilação e iluminação naturais, contribuindo para o conforto térmico nas edificações. Além disso, são frequentemente utilizados em áreas urbanas como elementos de fachada, conferindo um visual único a edifícios e espaços públicos.
Ambientes premiados
Em sua 6ª edição, o Prêmio do Correio Brazilense, em parceria com a CasaCor Brasília, busca reconhecer os melhores projetos de decoração assinados por arquitetos, designers de interiores e paisagistas que participam da mostra. Além de destacar a criatividade, a premiação tem como objetivo prestigiar os talentos e incentivar os principais destaques e inovações do segmento. Serão quatro categorias de ambientes com votação aberta do público: Sonho de Quarto, Sonho de Sala, Sonho de Cozinha e Sonho de Banheiro. Este ano, o Prêmio conta com o patrocínio da Quadra Interior Design e o apoio do Grupo Lig. Visite a mostra e vote nos seus ambientes favoritos até 22 de outubro. Para conhecer os projetos, acesse:
correiobraziliense.com.br/casacor2023
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte