Quando iniciou a faculdade de direito, Catarina Freire, que dava aulas particulares de inglês, fez uns cálculos "capengas" e achou que poderia sair de casa e bancar o aluguel de uma quitinete. "Fui morar em Taguatinga, mas, quando chegou o fim do mês, a conta não fechou", conta, aos risos. O orgulho falou mais alto e voltar para a casa dos pais não era uma opção.
A solução partiu da mãe. Ela sugeriu que a filha fizesse bolo no pote para vender aos colegas e, assim, aumentar a renda. Catarina achou a ideia boa, escolheu umas receitas simples e pôs o projeto em prática. A princípio, era apenas um quebra-galho, mas a jovem foi tomando gosto pela coisa.
Achou um filão interessante, o de mães que encomendavam bolos pequenos, de 1kg, para comemorar o mesversário dos filhos. Conseguiu não só pagar os boletos como ainda guardar um dinheirinho e abrir um ateliê de gastronomia, onde produzia bolos e docinhos. "Eram receitas com pão de ló caseiro", lembra.
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Coincidiu que Catarina não estava satisfeita com a faculdade e, depois de um ano e meio, decidiu largar o direito para ingressar na gastronomia. Fez um trabalho de convencimento com os pais e seguiu o caminho da gastronomia, profissão que nunca tinha imaginado que seguiria. "Minhas avós cozinham bem, mas não fui daquelas crianças que gostavam de cozinhar", conta.
Iniciou a faculdade em 2016, encantou-se pela cozinha salgada, fechou o ateliê de confeitaria e, no ano seguinte, começou o seu primeiro estágio em um restaurante, no Saveur, do renomado chef brasiliense Thiago Paraiso. Começou como auxiliar de cozinha, passou a cozinheira e, quando Thiago abriu a sua segunda casa, o Ouriço, foi para lá como subchef.
Inquieta, depois de dois anos, decidiu pedir demissão e buscar novas experiências. "Trabalhar com o Thiago foi uma excelente escola, mas queria me desafiar", conta. Distribuiu o currículo em vários restaurantes e recebeu o convite para atuar com o premiado chef goiano Ian Baiocchi. Passou dois meses como cozinheira do Chez Monino e, depois, do Grá.
A todo vapor
Após seis meses vivendo em goiana, foi diagnosticada com a síndrome do túnel do carpo, que tem como principal sintoma a sensação de formigamento e dormência das mãos, e decidiu dar um tempo das cozinhas. Começou uma pós-graduação em gestão de alimentos e bebidas.
Mas a distância das panelas durou pouco tempo. Um pouco antes da pandemia, no início de 2020, a chef foi convidada para um desafio e tanto. Comandar a cozinha do Na Kombi, restaurante de comida japonesa. "Precisei estudar muito porque não era uma área que tinha domínio." Veio a pandemia e mais um desafio: incrementar o serviço de delivery. "Procurei não saber nada sobre a covid. Entrei de cabeça no trabalho, não via o noticiário, não visitava os meus pais, só trabalhava."
Em meio a esse furacão, o dono do Na Kombi, Bruno Zardo, abriu um outro restaurante, o Southside, e Catarina se tornou chef executiva das duas casas. "Passei a entender na prática como funciona um restaurante como um todo, gestão de salão, formação de equipe, cardápio, pedido…", relembra.
No fim de 2021, um terceiro empreendimento do grupo, o Nosso Burger & Friends, foi aberto, e Catarina sentiu a sobrecarga. "Eu já não estava feliz." Em agosto de 2022, pediu demissão e viveu três meses sabáticos. Nesse período, atuou apenas na consultoria para o Mimo Bar. "Queria fazer algo que voltasse a dar prazer."
E a oportunidade veio. Recebeu o convite de Pedro Coe, do Bálsamo Congelados, para ser chef de produção das marmitas. A empresa, que antes só vendia comida vegetariana, estava expandindo. "Hoje, temos marmitas de peixe, carne bovina, frango, além de sopas, shakes e sucos, tudo feito de forma narural", conta. Paralelamente, Catarina tem trabalhado em um projeto de produção de farofas para distribuir em restaurantes. Devem ser, a princípio, cinco receitas. "Sou apaixonada por farofa. A farinha de mandioca virá dos calungas."
Um dia, Catarina foi almoçar no Santuária Café, apaixonou-se pelo lugar e se tornou amiga da chef Bela Marconi. A afinidade foi tanta que Catarina propôs sociedade a Bela. Desde o início de setembro, as duas chefs passaram a tocar a casa juntas. Uma parceria e tanto!
Risotinho de galinhada do Santu
Ingredientes
500g de peito de frango em cubos
300g de arroz arbóreo
100g de cebola em cubos
20g de alho picado
1 litro de caldo de legumes
5g de pimenta-de-cheiro
50g de quiabo
50ml de cachaça
5g de pimenta dedo-de-moça
3g de açafrão
10g de sal
40g de manteiga sem sal
40g de parmesão ralado fino
Azeite
Modo de fazer
Tempere o frango com metade do sal da receita.
Em uma panela quente, acrescente um fio de azeite e frite os cubos de frango até ficarem dourados.
Reserve os cubos de frango e, na mesma panela, coloque a cebola e o alho e refogue bem.
Acrescente as pimentas e continue refogando. Acrescente o açafrão e deixe fritar bem.
Coloque o arroz arbóreo e refogue tudo.
Junte a cachaça e deixe evaporar todo o líquido. Acrescente o caldo de legumes e mexa o arroz com cuidado para não pegar o fundo da panela.
Acrescente o caldo até que o grão do arroz fique macio.
Retorne o frango para a panela e mexa bem.
Com fogo baixo, acrescente o sal, o parmesão e a manteiga e mexa até que o arroz fique bem cremoso.
Decore o prato com quiabo tostado.
Serviço
Instagram: @cataofreire