Muito mais que estética: treinos também podem ajudar no psicológico

Neste Setembro Amarelo, especialistas mostram como a prática de atividade física é também uma ferramenta para melhorar a saúde mental

Para algumas pessoas, as atividades físicas estão sempre presentes no dia a dia. Seja por fins estéticos, seja para a saúde do corpo, muitos adotam uma rotina de treinos intensa ao longo da semana. Mas para outros, a prática não é feita com frequência e os efeitos na saúde são logo percebidos. Um treino, uma corrida ou a prática de um esporte pode gerar mudança no humor, no comportamento e nos hábitos de um indivíduo.

Estar em movimento melhora o sono, a autoestima e a cognição. Previne doenças cardiovasculares e promove um funcionamento mais harmônico do organismo. "Além dos mecanismos neuronais e bioquímicos, os exercícios interferem em outros fatores que impactam a saúde mental", detalha o psicanalista Lincoln Nunes. 

Assim, a adesão de uma rotina de exercícios se torna crucial para buscar uma melhora nessa questão psicológica, uma vez que os hormônios liberados geram uma sensação de bem-estar, disposição e prazer. Os mais relevantes são a serotonina, a endorfina e a adrenalina — cada um tem um efeito diferenciado no organismo. A serotonina, por exemplo, conhecida como "hormônio da felicidade", tem muita relação com o bom humor.

 

samanthagades/Unsplsh - mulher levantando peso

Como explica Luciana Rangel, professora de educação física, os efeitos dos hormônios também influenciam na redução do estresse e da irritação. Essa melhora é perceptível na maioria das pessoas logo após o treino e é um ótimo mecanismo para manter o equilíbrio emocional.

Porém, mesmo com a importância para a saúde, muitas pessoas não fazem nenhum tipo de exercício de forma regular. Uma pesquisa do Sesi mostra que 52% dos brasileiros praticam raramente ou não fazem atividades físicas.

Essa escassez de uma rotina de treinos pode ser por inúmeros motivos, como explica Lucas Benevides, psiquiatra e professor de medicina do Ceub. "As razões variam, desde falta de motivação e energia até medo ou incerteza sobre como começar. Para realizar exercícios, temos que lutar contra a preguiça, situação natural para muitos", detalha o professor.

Mesmo com as dificuldades citadas por Lucas, a incorporação desses novos hábitos na rotina geram efeitos que diminuem até os sintomas de transtornos de ansiedade e depressão. Os exercícios trabalham na redução da tensão muscular, no aumento da sensação de controle sobre a própria vida e na promoção da sensação de calma, segundo o psiquiatra Lincoln Nunes.

Para cada tipo

Assim, qualquer prática de exercício é de grande ajuda, pois há essa liberação de hormônios e uma resposta imunológica imediata do organismo, segundo Igor Martinello, professor de educação física. Porém, o psiquiatra Lincoln ressalta a necessidade de investigar os exercícios ideais para cada pessoa.

"O recomendado é consultar um ou mais profissionais da saúde para analisar de forma personalizada caso a caso. Existem esportes que não podem ser praticados por qualquer pessoa por questões de restrições à saúde ou por conta de outras limitações, dependendo de cada caso", relata o médico.

Além de ajudar a longo prazo na saúde mental, a prática de exercícios físicos também ajuda nos momentos de crise. "Muitas pessoas encontram benefícios na prática de atividades ao ar livre, como caminhadas ou trilhas. A natureza e o contato com o ambiente natural podem contribuir para a redução do estresse e melhorar o estado de ânimo", explica Lincoln.

A psicóloga Luiza Rosa conta que correr de forma frequente ajudou no tratamento da sua ansiedade. A profissional de 37 anos já tratou alguns transtornos e relata uma melhora depois da combinação dos exercícios físicos com acompanhamento médico. "Não existe possibilidade de um tratamento psicológico sem um esforço físico com regularidade e qualidade", pontua Luiza.


 

Arquivo pessoal - Professor Igor Martinello com a sua aluna Luiza Rosa: antidepressivo natural

Esse antidepressivo natural ajuda não só no tratamento dos transtornos mentais como também na prevenção deles, por isso a importância de nunca ficar parado. Foi assim que Mariane, 31 anos, frequentadora de aulas de musculação coletiva conseguiu melhorar sua qualidade de vida. Além de relatar uma melhora na paciência, ela fala de uma evolução na disposição para os compromissos.

A atividade física é crucial para o bem-estar humano, por isso é tão indicada por tantos profissionais. Luiza Rosa relembra a importância dessa prática frequente: "Atividade física é, principalmente, prevenção e promoção da saúde".

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

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