O autocuidado é fundamental para o bem-estar. Lavar o cabelo, cuidar das unhas, fazer a barba ou uma maquiagem elaborada elevam a autoestima. Mas, você sabia que, para além das vantagens momentâneas que alguns cosméticos proporcionam, existe uma classificação especial de produtos que tratam a pele em vez de somente embelezar?
Os dermocosméticos são uma descoberta considerada recente que têm chamado a atenção e conquistado dermatologistas, pacientes e vaidosos, no geral. Surgidos no final do século 20, em meados de 1980, os produtos classificados como dermocosméticos são aqueles que possuem ação terapêutica e são desenvolvidos para cuidar da saúde e da aparência da pele.
Damiê de Vila, médico dermatologista especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e responsável pelo setor de dermatologia do Kurotel, explica que existem diversos tipos de dermocosméticos, cada um com uma função específica. Hidratantes, protetores solares, anti-idade, clareadores e antioxidantes recebem essa classificação porque são formulados com ingredientes ativos que atuam de forma direcionada para tratar diferentes problemas de pele.
Karina Siqueira, cirurgiã geral no HECC — Hospital Estadual Carlos Chagas —, no Rio de Janeiro, e diretora médica e dermatologista responsável da Dermaks Clínica, ressalta que os dermocosméticos são estudados clinicamente com supervisão de médicos dermatologistas que atestam a eficácia do produto. Por agirem como tratamento e possuírem indicações específicas aos usuários, exigem estudos mais profundos e, por isso, são classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como cosméticos de grau 2.
Cosméticos x dermocosméticos
É comum que ao conhecer os dermocosméticos surja a seguinte dúvida: qual a melhor opção, os cosméticos ou os dermocosméticos? Contudo, a verdade é que as duas classificações beneficiam o usuário de formas diferentes, e o aconselhável é unir a dupla nos cuidados diários.
"A principal diferença entre os cosméticos e os dermocosméticos está na sua composição e ação. Enquanto os cosméticos têm como objetivo principal embelezar e melhorar a aparência da pele, os dermocosméticos possuem uma formulação mais avançada, com ingredientes ativos que têm ação terapêutica, tratando problemas específicos da pele", explica Damiê.
Karina aponta que a dupla pode atuar simultaneamente em casos de manchas, por exemplo. Nesse cenário, o dermocosmético deverá ser aplicado para tratar a mancha, e o cosmético, uma base ou um corretivo, poderá ser sobreposto no local para disfarçar o ponto que está sendo tratado.
Saiba Mais
Quando usar?
Os dermocosméticos são indicados para todos os tipos de pele e todas as faixas etárias, mas devem ser usados somente com prescrição e acompanhamento de um médico especialista.
Em caso de peles secas, na infância, inclusive, os hidratantes dermocosméticos podem oferecer hidratação muito mais profunda que aqueles classificados somente como cosméticos de grau 1. Na adolescência, fase em que os problemas com acne são comumente notados, os dermocosméticos adstringentes e removedores de manchas são, geralmente, prescritos por dermatologistas. Na fase adulta, os produtos com ativos anti-idade são alinhados poderosos no disfarce de manchas e linhas finas.
"Adotar os dermocosméticos traz uma série de benefícios para a pele. Eles são desenvolvidos com base em estudos científicos e possuem uma formulação mais segura e eficaz. Além disso, os dermocosméticos são capazes de tratar problemas como acne, manchas, rugas, entre outros, proporcionando resultados visíveis e duradouros", pontua Damiê de Vila.
Os especialistas afirmam que, quando prescritos por médicos e utilizados de maneira correta, a melhora da pele e os resultados prometidos pelo produto podem ser percebidos desde a primeira aplicação. "É importante que as pessoas tenham um profissional para orientar. O uso indiscriminado dos produtos com esses ativos pode piorar o problema. Se você tem uma rosácea, por exemplo, utilizar um produto com retinol piorará o quadro", alerta Karina Siqueira.
Entenda a diferença
A legislação sanitária vigente não contempla o termo dermocosméticos. A Anvisa classifica os cosméticos em
duas categorias: grau 1 e grau 2. Os que fazem parte do primeiro grupo são aqueles que têm propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso.
Os produtos de grau 2 possuem indicações específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso.
O termo dermocosmético é utilizado por empresas e dermatologistas para denominar os cosméticos que a Anvisa classifica como grau 2. Apesar de a agência não reconhecer o termo, os profissionais defendem que ele facilita que as pessoas entendam que o produto é um cosmético estudado de forma mais profunda e com resultados atestados cientificamente.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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