Encontro com o chef

Receitas de família: Amanda Labecca segue voo solo e abre cafeteria

Com forte influência gastronômica tanto do lado materno quanto do paterno, Amanda Labecca abre uma casa, no Sudoeste, que é uma extensão do próprio lar

Na família de Amanda Labecca, comida é assunto sério. Descendente de italianos do lado materno e de sírios, do paterno, ela herdou das duas culturas o prazer pela mesa farta e o gosto por servir. "Cozinhar é se doar", acredita a fisioterapeuta de formação, que largou a profissão para se dedicar à gastronomia, seja ajudando a irmã confeiteira a administrar um negócio, seja para dar os primeiros passos solo e abrir o próprio restaurante.

Amanda até exerceu a função de fisioterapeuta por um curto período de tempo, mas quando a irmã Flávia Labecca começou a fazer sucesso com seus bolos e doces, decidiu largar a profissão para ajudar a confeiteira. Atuava na parte administrativa e financeira dos negócios — primeiro nas encomendas e depois nas cafeterias do Lago Sul e da Asa Sul. Conversava com os clientes, fazia a gestão de funcionários e era uma espécie de controladora de qualidade dos produtos. "Eu era a pessoa que provava os produtos e dizia: está muito doce ou a consistência não está boa", recorda-se. Porém, não mexia com as formas e panelas.

Este ano, decidiu dar um voo solo. Com a expertise adquirida durante os anos em que esteve ao lado da irmã, abriu o próprio café e bistrô, no Sudoeste, a Casa Labecca (@casalabecca), uma espécie de extensão do próprio lar. Tanto que levou um pedacinho de casa para decorar o espaço, como os quadros com imagens do Rio de Janeiro, presentes de casamento, e as poltronas que são um convite para relaxar e tomar um cafezinho. "Comecei as pesquisas no início do ano, fui atrás do local, contratei o arquiteto André Alf para fazer o projeto e, em junho, estávamos aberto", conta.

A ideia de Amanda, como o próprio nome da propriedade sugere, era levar receitas de família para compartilhar com os clientes. E memórias afetivas não faltaram para montar o cardápio, todo idealizado por ela. Da avó materna, Belina, que tinha um bufê de festas infantis, lembra-se de como ajudava a fazer as coxinhas, as empadinhas e os risoles. Da avó paterna, Vitória, recorda-se de, aos 89 anos, ela com andador, ir para o fogão fazer o almoço. "Quando eu e meu marido íamos almoçar na casa dela, ela preparava peixe, frango e carne bovina. Dizia que, como não sabia o que queríamos comer, tinha feito de tudo um pouco", diverte-se.

Memória gustativa

Foi inspirada nas receitas das avós, da mãe, exímia cozinheira, da sogra e do avô que Amanda bateu o martelo sobre o cardápio. Contou com a consultoria da chef Thaís Barbosa, mas faz questão de afirmar que os pratos são releituras do que era — ou é — preparado nas reuniões de família. "O sanduíche do nono, por exemplo, era uma receita feita por meu avô. Só que ele usava pernil de porco e eu substituí por filezinho suíno", detalha.

O bolo de tapioca é receita da mãe de Amanda, Lúcia, assim como o banoffee, famoso na cidade desde 2010, quando ela criou o bolo para o café de Flávia Labecca. "A massa é mais crocante que as vendidas por aí. Minha mãe veio pessoalmente ensinar os funcionários a prepará-la", diz. Já o bolo de limão sem lactose, cuja receita ela compartilha com os leitores da coluna, tem inspiração na sua sogra.

Além das descendências síria e italiana, a brasiliense conta com referências mineiras, estado natal da mãe, que também tem reflexo na cozinha do restaurante. "Nosso pão de queijo tem essa pegada forte de Minas, é feito com três tipos de queijo: meia-cura, muçarela e provolone" diz.

Com um cardápio enxuto, a Casa Labecca só oferece dois pratos para o almoço: o parmeggiana de frango com espaguete pomodoro, receita da vó Vitória, e picadinho de mignon com molho madeira e fetuccine com molho Alfredo, herança do lado italiano da família. "O nosso frango é cortado bem fininho e passa dois dias marinando", explica Amanda.

Como adora receber amigos em casa, Amanda levou outro hábito do próprio lar para a Casa Labecca. "Vendemos aqui potinhos com caponata de berinjela, hommus e tomatinho confitado — super prático para quem quer servir algo rápido e gostoso para os amigos", sugere. E é nessa pegada bem familiar que Amanda faz questão de receber bem todos os clientes!

Bolo de limão sem lactose

Isadora Costa/Divulgação - Bolo de limão sem lactose da Casa Labecca

Ingredientes

2 xícaras de farinha de trigo
1 e 1/2 xícaras e açúcar refinado
1/2 xícara de água
1/3 de xícara de óleo
Suco de 2 limões médios
Raspas de 2 limões (sem a parte branca)
3 ovos
3 colheres de sopa de amido de milho
1 colher de sopa de fermento
1 pitada de sal

Modo de fazer

Preaqueça o forno a 180ºC.
Unte e enfarinhe uma forma redonda de aproximadamente 20cm.
Bata no liquidificador a água, o óleo, o açúcar, o suco do limão, as raspas e os ovos até que fique homogêneo e cremoso.
Passe por uma peneira a farinha de trigo, o fermento e o amido de milho e adicione, aos poucos, a mistura do liquidificador até que misture toda parte seca. Acrescente uma pitada de sal.
Coloque a massa na forma untada e leve ao forno por 30 a 35 minutos, ou até que um palito saia limpo depois de espetado na massa.
Espere amornar e desenforme.
Leve três fatias de limão ao fogo numa frigideira com um pouco de açúcar para caramelizar.
Despeje a calda por todo o bolo e decore com fatias de limão cristalizadas.

Serviço

Casa Labecca: CLSW 103, Bloco A, Loja 30

Isadora Costa/Divulgação - Bolo de limão sem lactose da Casa Labecca
Isadora Costa/Divulgação - Amanda Labecca, proprietária da Casa Labecca
Isadora Costa/Divulgação - Amanda Labecca, proprietária da Casa Labecca
Isadora Costa/Divulgação - Amanda Labecca, proprietária da Casa Labecca