Do mesmo modo que os humanos, os pets demandam atenção e cuidados com a saúde. Para uma vida plena e saudável, é necessário que cães e gatos estejam sempre com a cartilha de vacinação atualizada, as visitas ao veterinário em dia e vivam em um espaço adaptado e limpo para atender às necessidades. Todo cuidado é pouco, já que existem algumas doenças comuns que se aproveitam de pequenos descuidos e de quedas na imunidade para acometer os pets.
Otite, obesidade, erliquiose, gastroenterite e doenças periodontais são algumas das mais registradas em clínicas veterinárias. Para que o seu pet não seja atingido por alguma dessas patologias, é importante conhecer as causas e as formas de prevenção.
Karinne Carneiro, médica veterinária de pequenos animais, alerta para a necessidade de estar atento aos menores sinais, já que o tempo é um ponto importante para a melhora do animal. "Essa rápida percepção de que algo está diferente pode ser crucial para um rápido diagnóstico e tratamento. Sempre que notar algo de diferente, leve o seu animal imediatamente para uma clínica veterinária."
A médica veterinária Suelen Leite relembra a importância da imunização e do reforço anual, já que, em muitos casos, os pets são diagnosticados com doenças que poderiam ser evitadas caso o animal estivesse com a vacinação em dia e com os reforços devidamente tomados. "Essas vacinas protegem do vírus da cinomose, influenza, parvovirose e leptospirose. É recorrente pacientes que chegam com essas doenças no consultório".
"Para sanar dúvidas e manter a saúde do seu pet, é de grande importância ter o hábito de levar o animal de estimação ao menos uma vez por ano ao médico veterinário, desde filhote. Vacinas são anuais, e vermífugos e outros antiparasitários são recomendados com frequência a depender do critério clínico", alerta Karinne Carneiro.
As duas veterinárias ouvidas pela Revista apontaram algumas das doenças mais comuns em cães e gatos. É importante salientar que as patologias citadas não são as únicas que podem acometer os pets e não estão listadas em ordem de importância.
Otite
Comum em cães e gatos, a otite é uma doença dermatológica caracterizada pela inflamação do canal auditivo causada, em sua maioria, por alergia, fungos, bactérias e ácaros.
•Sintomas: coceira, vermelhidão, pet chacoalhando a cabeça, acúmulo de cera e odor forte. Em casos mais
graves, pode-se apresentar dor intensa, excesso de líquido na orelha e presença de pus. A doença ocorre com mais frequência em animais de orelhas longas.
•Diagnóstico: é obtido por meio de avaliação da parte interna das orelhas e dos ouvido, juntamente com a análise laboratorial da secreção coletada na avaliação.
•Tratamento: limpeza do ouvido com produtos específicos e medicação tópica; lavagem e administração de medicação via oral (em determinados casos) — em quadros graves, pode ser necessária a amputação das orelhas dos ouvidos afetados.
•Prevenção: dá se por meio da proteção das orelhas durante os banhos e limpeza auricular com produtos específicos (preferencialmente realizada por um médico veterinário).
Obesidade
Assim como nos humanos, a obesidade vem afetando cada vez mais os animais de estimação. A médica veterinária Karinne Carneiro relata que, às vezes, o tutor demora a reconhecer que o pet está acima do peso ideal, mas percebe sinais de dificuldade respiratória, fadiga e dificuldade para levantar e se locomover. A especialista explica que o animal obeso dificilmente apresenta interesse em correr e praticar outras atividades que requer esforço físico.
•Diagnóstico: é possível obter o diagnóstico por meio da observação do escore corporal do animal e do conhecimento anatômico de cada raça.
•Tratamento: se o animal já estiver obeso, terá de passar por uma bateria de exames a fim de identificar todas as possíveis sequelas ocasionadas pelo excesso de peso. O tratamento é adaptado para cada animal, mas inclui dieta adequada, atividade física de moderação leve e, dependendo do caso, fisioterapia.
•Prevenção: alimentação equilibrada e atividade física.
Erliquiose
Comum em cães, mas raramente encontrada em gatos, é transmitida por carrapatos e considerada uma das doenças parasitárias que mais acometem os cães. Em casos graves, pode levar à morte.
•Sintomas: ainda são considerados inespecíficos, sendo que o tempo de infecção determina a intensidade. Contudo, febre, perda de peso, vômito, apatia, secreção ocular e nasal são alguns dos possíveis sinais. Não é incomum o cachorro estar assintomático e a doença ser descoberta por acaso, em uma consulta de rotina, por isso a importância de não faltá-las.
•Diagnóstico: por meio de exames de sangue específicos.
•Tratamento: é realizado, principalmente, por meio de antibióticos e adaptado especificamente para cada animal. Em alguns casos, a internação é necessária.
•Prevenção: ocorre, em especial, através do controle de carrapatos — no animal e no ambiente. Animais resgatados da rua devem passar por quarentena e serem testados para essa doença.
Gastroenterite
É a inflamação do estômago e do intestino, pode ser ocasionada por diversas doenças, como infecções virais ou bacterianas; presença de parasitas; intoxicação (por plantas, alimentos..); troca brusca de alimentação; entre outros.
•Sintomas: vômito, diarreia, perda de apetite e apatia.
•Diagnóstico: através de exames de sangue, de fezes e ultrassonografia. No caso da gastroenterite, chegar à causa do problema nem sempre é possível, mas uma entrevista com o tutor pode
trazer esclarecimentos.
•Tratamento: dependerá da gravidade dos sintomas, porém, muitas vezes, requer reposição de fluidos e medicação. A especialista Karinne explica que médicos veterinários clínicos são capacitados para atender o animal, mas, nos casos em que a inflamação ocorre frequentemente, o recomendado é procurar um especialista em gastroenterologia.
•Prevenção: vacinas e vermífugos sempre em dia; não oferecer alimentos humanos sem ter a certeza de que não são tóxicos e o animal não tem alergia.
Doença periodontal
Principal doença bucal que acomete cães e gatos. A patologia começa com o acúmulo de bactérias nos dentes, conhecido como tártaro, e, com o tempo, atinge gengiva, osso e outras estruturas da boca.
•Sintomas: dependendo do estágio da doença, é possível observar sintomas como gengivite; dentes
moles; baba em excesso; perda óssea e até mesmo fístulas oronasais. A bactéria presente na placa bacteriana pode migrar para outros locais, como o coração, e causar doenças secundárias.
•Diagnóstico: começa por meio da avaliação geral da boca e termina com um raio-x.
•Tratamento: é realizado por um médico veterinário dentista, e consiste em “resolver” todos os problemas presentes na boca do animal. Dependendo do caso, vai desde a remoção da placa bacteriana até retirada de dentes. Na maioria dos casos, o tratamento inclui também o uso de antibióticos.
•Prevenção: escovação diária dos dentes — é recomendado acostumar o animal desde filhote —; alimentação de qualidade; e brinquedos específicos que podem auxiliar na limpeza dos dentes, como os
mordedores naturais. Depois da doença já instaurada não há como resolver o problema em casa.
Saiba Mais
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte