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Pets e tutores juntos no trabalho: produtividade, harmonia e interação

Permitir que os tutores levem seus pets para o ambiente de trabalho garante maior bem-estar para os humanos e menor solidão para os amigos de quatro patas

Letícia Mouhamad*
postado em 02/07/2023 07:00 / atualizado em 02/07/2023 15:47
Babale é uma celebridade na empresa, querido por todos. Na imagem, o shih tzu na mesa da funcionária Débora Fortes -  (crédito: Arquivo pessoal)
Babale é uma celebridade na empresa, querido por todos. Na imagem, o shih tzu na mesa da funcionária Débora Fortes - (crédito: Arquivo pessoal)

Não há como negar: os pets estão conquistando, cada vez mais, espaços para além do lar. Hoje, os serviços que visam seu bem-estar se multiplicaram e vão desde spas até parques temáticos. Nos ambientes coletivos de entretenimento, também, o selo “pet friendly” tem se tornado comum.

Se há um lugar no qual ainda existe certa resistência à presença dos peludos, é onde se trabalha. Afinal, espera-se desses locais, normalmente, organização e seriedade. Maior flexibilidade ao contato com os animais causaria “muita bagunça, pelos e latidos”, pensariam aqueles contrários à iniciativa.

Acontece que, na contramão do senso comum, algumas empresas têm investido na possibilidade de os colaboradores levarem seus pets para o ambiente de trabalho. E os resultados são bastante positivos, tanto para os humanos quanto para os amigos de quatro patas.

A psicóloga Maíra Afonso, pós-graduada em psicologia do trabalho, detalha que os locais de trabalho que adotam essa prática aumentam o conforto e a segurança para os funcionários, visto que a presença dos animais favorece o sentimento de felicidade e torna o ambiente mais descontraído.

É comprovado cientificamente que fazer carinho nos pets reduz a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos, promovendo o bem-estar e a calma. “Além disso, o contato reduz o estresse e aumenta a interação social, tornando o clima do espaço mais leve, não apenas para os funcionários, mas também para os clientes”, complementa.

O CEO da Cowmeia, Thiago, e seu cão Babale
O CEO da Cowmeia, Thiago, e seu cão Babale (foto: Arquivo pessoal)

Mais acolhimento e produtividade

Foi pensando nesses benefícios que o empresário Thiago Miotelo, 38 anos, decidiu adotar a prática na Cowmeia Coworking, na qual é fundador e CEO. Tais espaços colaborativos integram pessoas de diferentes áreas para exercerem suas atividades profissionais em um mesmo ambiente, favorecendo, também, o contato entre colaboradores diversos.

“Desde a fundação da empresa, tivemos consciência de que um ambiente mais acolhedor pode ser bem mais produtivo. Não apenas porque, muitas vezes, passamos mais tempo no trabalho do que com a nossa própria família, mas também porque esse local já é, por si só, estressante e desgastante”, comenta.

Por trabalharem com empreendedores com cargas horárias extensas, permitir a companhia do animal de estimação pode gerar mais tranquilidade e harmonia no espaço, atribuições convertidas em produtividade. Prova disso é que, em cinco anos, já conseguiram identificar um retorno positivo de toda a comunidade e nenhuma repercussão negativa.

Mas é preciso, claro, contar com o bom senso dos colaboradores, que devem limitar o acesso de animais agitados ou agressivos. A Cowmeia fornece os recursos básicos para higiene e hidratação dos peludos, mas cada tutor é responsável pela alimentação do seu pet.

“Os assuntos que precisam de atenção são atendidos individualmente, com o cliente ou visitante. No final, a cordialidade é suficiente para a manutenção do espaço”, reforça Thiago, que também é tutor do shih tzu de 9 anos Babale, presença diária no coworking.

Solidão pós-pandemia

O retorno das atividades presenciais foi, para os animais, sinônimo de solidão. Com seus tutores mais tempo fora de casa, eles estão apresentando maior grau de ansiedade por separação, por terem se acostumado ao contato constante durante a pandemia.

A médica veterinária Débora Euclydes explica que, nesses contextos, os pets podem manifestar comportamentos negativos, como micção em locais inapropriados, destruição de móveis e objetos pessoais de seus tutores, latidos e uivos constantes, além da maior ocorrência de patologias, como gastrite e dermatite psicogênica.

Os animais que podem acompanhar seus tutores no trabalho têm maior chance de reduzirem esse estresse e possuem a oportunidade de treinamento e socialização. “Porém, cada um possui suas necessidades. Alguns são mais sensíveis a barulhos e à presença de pessoas e animais desconhecidos. Deste modo, é importante avaliar as necessidades e as preferências do seu amigo”, pondera a especialista.

Ademais, ambientes compartilhados exigem cuidados extras com a saúde do animal: vacinação, uso de repelentes, vermífugos e produtos para evitar pulgas e carrapatos e a visita periódica a um veterinário. Avaliar a personalidade dos peludos para evitar riscos de brigas também é de suma importância.

Débora Euclydes lembra, ainda, que esses espaços corporativos devem ser limpos, isentos de fiação elétrica aparente e sem presença de objetos perigosos, como utensílios perfurocortantes e produtos químicos. Já os tutores devem manter seus animais presos na guia ou em ambiente restrito e controlado. Programação e organização são fundamentais.

É necessário assegurar que o animal tenha à sua disposição ração ou alimentação natural (conservada em temperatura adequada), potes com água fresca e local confortável para descansar. “É interessante, também, levar brinquedos que possam entretê-lo durante o dia, e pausas regulares devem ser dadas para levá-lo para realização das suas necessidades fisiológicas em locais adequados, mantendo a higiene do local de trabalho”, finaliza.

A publicitária Luisa Niederauer  e a shih tzu Nina
A publicitária Luisa Niederauer e a shih tzu Nina (foto: Arquivo pessoal)

Xô, tensão!

Outro coworking que investiu nessa ideia foi o YOLO, com o objetivo, também, de tornar o ambiente de trabalho mais acolhedor e incentivar o bem-estar. Luiz Fernando Frota, responsável pelo atendimento da empresa, acredita ser satisfatória a presença dos pets no local.

“Sempre tem alguém que pausa o serviço para brincar e dar atenção, desenvolvendo conversas com o tutor do animal. Isso promove a maior interação no espaço, sendo uma das formas de deixar a tensão de lado e se encantar com essa companhia.”

Crachá de Nina da empresa da sua tutora, LaMô.co
Crachá de Nina da empresa da sua tutora, LaMô.co (foto: Arquivo pessoal)

Luisa Niederauer, 28, é tutora de Nina, a shih tzu de 5 anos que a acompanha em seu trabalho na empresa LaMô.co, presente no espaço do YOLO. A publicitária a leva para o emprego quando a casa está vazia, a fim de que a peluda não permaneça sozinha por muito tempo. “Ela gosta de ficar perto das pessoas, fazendo companhia”, afirma.

Se, na companhia da família, Nina costuma ser quieta e tímida, quando está no coworking não perde a oportunidade de pedir carinho a quem quer que esteja por perto. Afetuosa, também gosta de tirar aquela longa soneca após as sessões de cafuné. Luisa, que trabalha com captação de recursos e parcerias, aprova a prática dos pets no ambiente corporativo. “Menos tensão e mais leveza.”

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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  • A publicitária Luisa Niederauer 
e a shih tzu Nina
    A publicitária Luisa Niederauer e a shih tzu Nina Foto: Arquivo pessoal
  • Crachá de Nina da empresa da sua tutora, LaMô.co
    Crachá de Nina da empresa da sua tutora, LaMô.co Foto: Arquivo pessoal
  • O CEO da Cowmeia, Thiago, e seu cão Babale
    O CEO da Cowmeia, Thiago, e seu cão Babale Foto: Arquivo pessoal
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