Maria Bethânia, na canção Mensagem, é enfática: “todas as cartas de amor são ridículas”. Mas justifica, afinal, se há amor, as cartas têm de ser ridículas, e finaliza declarando que somente as criaturas que jamais se sujeitaram a isso é que são, veja só, ridículas! Assim sendo, já imaginou em qual grupo você se encaixaria?
Muitos, provavelmente, já escreveram ao menos uma carta de amor, nem que tenha sido para aquela paixão platônica da juventude. Dedicatórias e bilhetinhos também entram na lista. Com o tempo, é fato que as demonstrações de carinho se diversificaram — hoje, enviar memes, por exemplo, pode ser uma manifestação de afeto, por que não? —, mas engana-se quem pensa que o gênero textual da boa caligrafia ficou para trás.
As mensagens escritas à mão sobrevivem a chats, posts e likes, pois são únicas. Singulares em forma e conteúdo. Não se entregam ao imediatismo das redes e, por isso, podem ser revisadas sem pressa. A própria caligrafia é um traço pessoal do remetente. O texto, mais que construção de ideias, é intimidade e entrega.
Caroline Vilhena, professora e doutoranda em linguística, explica que as cartas, de forma semelhante aos diários, têm caráter confidencial e autoral e, por isso, não têm compromisso com tantas regras, como preocupações gramaticais, tal qual ocorre com demais gêneros textuais. O compromisso desses escritos gira em torno da expressão dos sentimentos.
“Antigamente, as cartas tinham a função de relatar acontecimentos, de forma geral, em vista da limitação dos meios de comunicação. Só que, além de informar e relatar novidades, elas também serviam para aproximar, contar segredos e trocar experiências”, detalha. Ademais, sempre ofereceram a possibilidade de se despir diante do outro, falando o que, pessoalmente, talvez, não fosse possível dizer por falta de coragem. “Há coisas que só saem da gente por escrito”, completa Caroline.
Assim, nesta edição especial de dia dos namorados, a Revista conta histórias de casais que, por meio de cartas, dedicatórias e bilhetes, demonstram continuamente o seu amor. Pela escrita, dividiram seus afetos, suas dores e suas conquistas. Aqui, compartilham suas memórias. E você, qual seu destinatário?
45 anos juntos e muitos, muitos cartões
Recém-formados na Universidade de Brasília (UnB), Ismênia e José Antônio, ainda colegas, foram dar aulas, à noite, em uma escola de Sobradinho. Ela, de português; ele, de história econômica. Em meio à correria do começo da vida adulta, trocavam olhares já interessados.
Certo dia, a jovem professora decidiu jogar verde para colher maduro, afinal, era preciso tomar uma primeira atitude: perguntou ao amigo o que era preciso para entrar em uma boate, à época localizada próxima ao Banco Central, onde ele também trabalhava. A resposta foi certeira. “Bom, você pode ir comigo.”
Foram dançar uma vez. Duas vezes. Várias vezes. Mas o namoro, de fato, só foi oficializado meses depois, em 1979. “Passamos um tempo ‘ficando’, como dizem hoje”, comenta Ismênia de Castro.
O casamento e os filhos, porém, vieram rapidamente depois que o relacionamento se estabeleceu. Casaram-se, mudaram de casa, tiveram um rapaz, duas moças, se aposentaram e ganharam três netos. Em 2023, farão 45 anos juntos.
Todas as sextas-feiras, o casal se reúne com amigos para bater um papo, beber vinho e, claro, dançar ao som de flashback. “Não deixamos de curtir”, ela frisa. Curiosamente, a personalidade de ambos é bastante complementar, algo que ajuda a equilibrar a relação.
Enquanto José é mais quieto e tímido, Ismênia tende a ser brava e impaciente. Paciência, inclusive, é um atributo que a esposa admira muito no amado. “Nenhum relacionamento é perfeito, mas é preciso haver, continuamente, respeito e cumplicidade”, aconselha.
Cartões como presentes
Chegada em escrita, a aposentada da Secretaria de Educação atua, hoje, com capacitação de servidores públicos, auxiliando-os a se comunicarem melhor. Também por conta do interesse e da habilidade com as letras, ela sempre escreveu muitos cartões para presentear pessoas queridas, em especial, o marido — para ele, as lembranças são ainda mais caprichadas.
As mensagens normalmente são breves, mas carregadas de afeto e boas memórias. Já as entregas ocorrem em datas especiais, como aniversários, Natal, Dia das Mães e Dia dos Pais. E, assim como gosta de escrever, Ismênia adora receber um cartão. Guarda todos. “Até dos ex-namorados”, revela, aos risos, “fazem parte da minha história, ora”.
Em um dos cartões, José Antônio de Castro se declara: “Meu bem, nosso dia vai se repetir até que nossas memórias sejam apenas vagas lembranças”. Noutro, ele assegura: “Meu bem, cada dia que passa tenho a convicção que acertei quando casei com você”. Esse é, para ela, sempre o melhor presente.
Mesmo que o costume de escrever cartas e afins, no geral, tenha diminuído, no lar da família Castro, o hábito manteve-se firme, inclusive entre os filhos do casal, que também escrevem cartões. “Quando eles me perguntam o que desejo ganhar em alguma data festiva, respondo prontamente: um cartão bem bonito!”. Revisitar essas memórias, é, para Ismênia e José, sinônimo de grande emoção. História que passa pelos olhos cheios d’água.
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Palavras e sentimentos eternizados
No início deste mês, a empreendedora Carlângela Mesquita Lagranha Gomes, 47 anos, e o militar Otacílio Giovanni Lagranha Gomes, 46, completaram 30 anos de namoro. Uma relação que começou no ensino médio, no Rio Grande do Sul, e sobreviveu aos anos e a distância graças às palavras escritas trocadas.
Quando tinham 17 e 16 anos, respectivamente, os dois se tornaram grandes amigos. “Um ano e meio depois, olhei para ele e disse que estava gostando de um jeito diferente. Ele falou que também estava, e ali começou nossa história de amor”, lembra a empreendedora.
Porém, pouco tempo depois do início da relação amorosa, Otacílio ingressou na academia militar, em Campinas. Na época, o telefone fixo tinha custos altíssimos e a troca de e-mails ainda não era uma realidade.
Assim, os dois começaram a se comunicar por meio de cartas. A cada quinzena ou a cada 20 dias, chegavam páginas e mais páginas de um para o outro. As missivas iam de declarações de amor a desabafos, coisas curiosas que aconteceram no dia a dia e decisões importantes sobre a vida dos dois.
Em uma dessas conversas, Carlângela chegou a escrever três páginas convencendo o namorado a não desistir de fazer uma prova difícil, que ele fez e passou. A relação que sobrevivia por meio dos sentimentos impressos no papel durou cinco anos.
Poucas vezes, nesse período, Otacílio conseguiu licenças que o permitiam visitar a amada e a família. Mas, nas cartas, ele conseguia se abrir de uma maneira especial e diferente, o que fortaleceu ainda mais o vínculo entre o casal. Após esse período, os dois ficaram noivos e se casaram em 2001. Da relação, nasceram dois filhos, e o casamento dura 22 anos.
Mesmo lado a lado, as palavras escritas não deixaram de fazer parte da vida de Carlângela e Otacílio. Em todas as datas comemorativas, como aniversários um do outro, aniversário de casamento ou namoro e Dia dos Namorados, eles trocam juras de amor no papel.
O hábito permaneceu e se tornou algo especial entre eles, Carlângela brinca que, até mesmo quando os dois brigam ou têm algum desentendimento, as cartas são uma das formas que encontram de se abrir, pedir desculpas e retomar a comunicação e a conexão.
“Em uma conversa, acho que nem sempre conseguimos nos expressar como queremos.Tem a emoção, tem o calor do momento. Quando escrevemos, conseguimos refletir, entender o que estamos sentindo e, assim, transmitir ao outro o que realmente queremos dizer”, acredita a empreendedora.
Herança para os filhos
Carlângela acrescenta que Otacílio é o escritor mais prolífico do casal. Além das cartas mais longas, os dois costumam deixar bilhetes um para o outro no dia a dia, carinho que se estende aos filhos. A mãe adora colocar pequenos lembretes no quarto dos rebentos ou nos lanches que prepara para eles levarem para a escola. São coisas simples, como um “eu te amo” ou “tenha um ótimo dia”, que fazem com que a família esteja sempre lembrando o quanto cada membro é importante e amado.
“Sempre os incentivei, e eles também escrevem para os amigos de vez em quando. Minha filha, inclusive, desenvolveu um interesse muito legal por papéis de carta, que eram uma moda antigamente e hoje estão meio esquecidos.”
Embora Carlângela, Otacílio e os filhos usem o celular e o WhatsApp para a comunicação mais imediata, como quase todas as famílias, há sempre um tempinho para um pequeno bilhete escrito à mão. Para eles, a comunicação digital é eficaz e importante, mas elaborar um carinho com a própria letra, e algo que pode ser guardado em uma caixa e lido novamente, é uma forma de deixar o amor gravado.
As cartas trocadas pelo casal no início do namoro ainda resistem. Como a família se muda bastante, algumas foram perdidas em caixas de mudança, mas, nas que ficaram guardadas, Carlângela afirma sentir todo o amor que o marido nutre por ela, como se fosse a primeira vez que lê aquelas palavras.
Do papel para o celular
A professora Cláudia Dávila, 52, e o militar Eduardo Dávila, 51, se conheceram em 1988, sabendo que o relacionamento precisaria resistir à distância. Eduardo estava no último ano de uma escola preparatória e partiria em breve.
Existiam somente duas formas de comunicação — por meio de cartas ou do telefone. Poucas pessoas, na época, tinham uma linha telefônica em casa e, na academia militar, para onde Eduardo foi, o aparelho era compartilhado e o namoro também, como costumavam brincar. “Ficava todo mundo ali, na fila, todos ouviam as conversas uns dos outros, então era nas cartas que a gente conseguia conversar com mais privacidade e tranquilidade”, lembra Cláudia.
Foram quatro anos de namoro por escrito. Nos dois primeiros anos, era mais difícil se encontrarem. Eduardo viajava para rever a família no interior do Rio Grande do Sul e depois passava alguns dias com Cláudia, em Campinas (SP), onde ela fazia faculdade. Após o término da distância forçada, ficaram juntos, mas o casamento ainda demorou um ano para sair. Cláudia queria se formar primeiro.
Em 1994, a relação foi oficializada e, finalmente, os dois puderam compartilhar o dia a dia. Depois do casamento e das facilidades da tecnologia, as cartas ficaram restritas a alguns momentos em que o casal fazia cursos em outras cidades, mas, hoje, o telefone e a troca de mensagens são as principais formas de comunicação.
Baú de memórias
As cartas seguem guardadas com carinho em um baú, são palavras que ajudam a contar e relembrar a história de amor de Cláudia e Eduardo. Os momentos difíceis pelos quais cada um deles passou, como a separação dos pais do militar, foram superados a distância, mas com a conexão das palavras.
Mesmo longe, Cláudia e Eduardo conseguiam desabafar um com o outro, trocar experiências e não se sentiam tão sozinhos quanto estavam fisicamente. “As cartas foram muito importantes nesse aspecto. O tempo passava mais rápido e tínhamos algo bom em que nos concentrar. O moço do correio já me conhecia, eu estava sempre lá, esperando chegar alguma coisa para mim”, lembra Cláudia.
Morando em Brasília desde 2020, os dois trocam mensagens quase o dia todo. “As pessoas nem sempre conseguem se expressar verbalmente. Mas pelas mensagens conseguem demonstrar melhor o carinho. Uma mensagem perguntando se você almoçou bem ou se o trabalho está indo bem é uma forma de cuidado, de dizer eu te amo nas entrelinhas”, acredita.
Saiba Mais
Caixa de recordações
Você ainda se recorda de quando encontrou, pela primeira vez, a pessoa por quem se apaixonou? Lembra-se como comemorou o primeiro ano de namoro? Quando teve a primeira briga? O casal Hellen Alecrim, 21 anos, estudante de biologia, e Sarah Matos, 19 anos, aluna de arquitetura e urbanismo, gosta de registrar todos os momentos marcantes do relacionamento em formato de cartas, poemas, bilhetes e desenhos.
Em uma caixa, guardam, além dessas lembranças, ingressos de eventos que comemoraram juntas e flores conservadas em papel contact. Nos cadernos que Sarah deu a Hellen, poesias autorais; para Sarah, desenhos das duas juntas em formato de imagem Polaroid. “Como não temos grana para comprar presentes, improvisamos da melhor forma possível”, contam.
Há um ano, elas se conheceram em uma pizzaria, no aniversário de uma amiga em comum. “Olhei a nuca dela e me apaixonei”, revela Sarah, aos risos. Após trocarem olhares, decidiram ficar juntas. Combinaram de sair novamente, na Parada do Orgulho, e continuaram conversando.
Um chamego aqui, um carinho ali e, um mês depois, em um pôr do sol no deck do Lago Paranoá, a estudante de arquitetura, de repente, pediu a amada em namoro. “Foi a melhor decisão da minha vida”, diz, abraçando Hellen.
Desde então, elas almoçam juntas na universidade e, aos finais de semana, descansam na companhia uma da outra. Compartilham os amigos, as novidades e também os perrengues do cotidiano. “Como estamos na mesma sintonia, nos entendemos e nos ajudamos, principalmente com relação aos estudos”, comenta a estudante de biologia.
Assim como Ismênia e José, se complementam. Hellen, aquariana, é agitada e tagarela; enquanto Sarah, ariana, é tímida e mais quieta. Mas, como é de praxe em todos os casais, não faltam atributos e interesses em comum. Música pop e indie, filme de comédia romântica e de terror e Taylor Swift, a artista preferida das noites de karaokê. Além disso, adoram cozinhar juntas — todo domingo, fielmente, Hellen prepara uma pipoca de chocolate daquelas para a amada.
Quando a aquariana fez aniversário, ganhou da namorada um diário com relatos sobre a evolução do relacionamento, no qual Sarah detalhou sentimentos que antes não conseguia verbalizar. Nas capas de seus celulares, ambas guardam pequenos bilhetes com um “eu te amo” escrito, feito de uma para a outra.
Questionadas se, caso tivessem condições de dar presentes, deixariam de escrever cartas, elas disseram que não. “Gostamos de fazer essas lembranças, porque tudo é pensado detalhadamente e de forma única, então, acaba se tornando algo único, singular”, explica Hellen. “A cada bilhete recebido, lembro que ela tirou um tempo para pensar em me agradar”, completa Sarah.
Durante a conversa, o casal sorria com os olhos. Orgulho de amar. E, por falar em sorrisos, é o bom humor e a felicidade que a estudante de arquitetura mais admira na amada. Isso a coloca para cima. A gentileza e o brilhantismo nos estudos são, para Hellen, as maiores inspirações que têm da namorada.
Para comemorar um ano de namoro, no próximo mês, os planos incluem um combo do que mais gostam: jantar feito por Hellen, karaokê ao som de Taylor Swift e, para finalizar, uma boa comédia romântica.
Uma volta ao passado
Sempre que surge uma nova tecnologia, temos a tendência de achar que ela vai suplantar as anteriores. Pensava-se que o rádio acabaria com os jornais, que a televisão levaria ao abandono do rádio e assim por diante. O mesmo aconteceu com o telefone, a internet e as cartas.
Mas o tempo mostrou que cada nova forma de comunicação trazia elementos diferentes e que eles poderiam co-existir, com objetivos diferentes. Claro que hoje é muito mais simples enviar uma mensagem de texto de aniversário, mas isso não impede que aqueles que gostam do papel escrevam à mão lindas dedicatórias em cartões, livros ou mesmo em post-its simples, mas cheios de carinho.
E embora tenham ficado meio escondidos ao longo dos anos, os amantes das cartas continuam firmes e fortes. Dentro desse universo, a busca por papéis, canetas e adesivos que possam incrementar as cartas se fortaleceu, o que está trazendo de volta a indústria dos papéis de carta. Nesse cenário, algumas pessoas, aos poucos, voltaram a compartilhar a paixão com amigos, assim como criaram pastas e coleções. Até as trocas voltaram a fazer parte da rotina.
Apaixonada pelo mundo do papel desde criança, a empresária Andréia Luiza coleciona papéis de carta desde os 9 anos de idade. Durante muito tempo, as pastas ficaram guardadas, enquanto ela transformava sua paixão em empreendimento.
Dona de duas papelarias especializadas em todo tipo de papel, Andréia viu a obsessão por papéis de carta esmaecer. As pessoas usavam outras maneiras para se comunicar, mas quem gostava desse mundo, migrou para o universo dos scrapbooks.
“Por um tempo, deixou de existir aquela coisa mais intensa de troca de cartas, bilhetes e cartões. Mas as pessoas ainda gostavam de escrever e fazer arte com o papel e a palavra, o que acabou virando o scrapbook, uma coisa que era da pessoa para ela mesma, como um diário”, acredita.
Em uma tarde no trabalho, Andréia se surpreendeu com a chegada de uma cliente que buscava papéis de carta. “Eu não acreditei que existiam outras pessoas com esse interesse. Ela voltou e mostrou as pastas e, agora, queremos fazer um encontro para descobrir outras pessoas que ainda tenham essa paixão”, comemora.
Andréia começou a notar um aumento na procura pelas antigas coleções de papéis de carta. Além de criar suas próprias estampas, envelopes e papéis, a empresária passou a fazer pedidos para as distribuidoras que voltaram a produzir o produto. Existem, além das reedições das coleções antigas e preferidas de quem guardou as antigas pastas dos anos 1980 e 1990, empresas novas, criando papéis atuais e que prometem se tornar febre entre as pessoas mais novas.
“Eu não esperava esse movimento, mas ele começou e estou doida para conhecer mais pessoas e montarmos um clube em que mães e filhas poderão colecionar juntas e reviver essa tradição tão gostosa”, afirma Andréia, que faz o convite a quem quiser participa. Basta entrar em contato pelo Instagram @atelieandreiaarteira ou aparecer em uma das lojas físicas da papelaria Artefatto.
Onde encontrar on-line
Instagram
@papelirica — Vende papéis de carta das décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000
@desapaguei_papeis de carta — Vendem desde os mais antigos até os mais recentes
Sites e plataformas
www.papeldecartashop.com.br
Elo7
Shopee
Shein
Amazon
Nas plataformas de compras, basta digitar papel de carta no buscador
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte