Adaptações inteligentes: criando um quarto versátil e atemporal para os bebês

A escolha certa de elementos decorativos, cores e móveis versáteis garante um quarto equilibrado e convidativo para a criança aproveitar cada fase da infância

Iza Carvalho*

postado em 25/06/2023 09:00

Quarto infantil projetado pela designer de interiores Patrícia Tavares - (crédito: Arquivo pessoal)

Encontrar o equilíbrio perfeito entre praticidade, conforto e beleza é um desafio na hora de montar o quarto do bebê. Renovar itens decorativos em cada fase da infância é uma dica valiosa, assim como a escolha certa de cores pode trazer uma harmonia serena, capaz de criar um refúgio tranquilo e convidativo para os pequenos desfrutarem momentos de descanso e diversão. Ao escolher a mobília, pense no futuro e na reutilização criativa de cada peça, pois a decoração atemporal une funcionalidade e flexibilidade, garantindo que o quarto permaneça sempre atual e cheio de vida.

A designer de interiores Patricia Tavares, de 44 anos, recomenda o uso de móveis planejados, tons neutros e itens decorativos versáteis para garantir a praticidade e o conforto do ambiente. "Escolhas inteligentes para o quarto do bebê englobam investir em cores neutras nas paredes e pinturas com formas geométricas ou orgânicas para uma decoração atemporal."

Reserve as cores fortes para acessórios e itens fáceis e mais baratos de trocar. A marcenaria planejada, como um armário com medidas convencionais, é uma boa escolha. "Opte por um berço que vira cama, acompanhando o crescimento da criança, ou uma cama-babá, que também é útil na transição do berço para a cama. Móveis soltos são ideais para itens temporários, como substituir a cômoda por uma escrivaninha. Nichos e prateleiras são versáteis e duram por muitos anos", detalha.

Um estilo funcional

Letícia Alcântara, de 35 anos, é empresária e está grávida do primeiro filho. Ela compartilha sua experiência ao decorar o quarto do pequeno Isaac. "A primeira decisão que tomamos foi escolher o tema e, a partir daí, busquei por opções que fossem tanto bonitas quanto práticas", explica.

Atualmente, Letícia e o marido, Maurício, de 36 anos, residem em um apartamento alugado, que já conta com alguns móveis no quarto destinado ao pequeno. Com criatividade, aproveitaram esses recursos existentes para montar o ambiente. "Adaptamos o trocador, que normalmente é colocado em cima de uma bancada, em uma das prateleiras do armário já presentes no quarto do Isaac." Outro destaque do quarto é o papel de parede escolhido por Letícia e sua mãe, que, segundo a empresária, tem habilidades e bom gosto na decoração. "Optamos por um papel de parede que reproduz o céu e o instalamos no teto, permitindo que as paredes permaneçam com a pintura em excelente estado."

O papel de parede no teto do quarto de Isaac imita o céu (foto: Arquivo pessoal)

Além disso, o berço escolhido apresenta a vantagem de se transformar em uma cama pequena, garantindo seu uso por um longo período. Letícia também levou em consideração a praticidade e a possibilidade de alterar a decoração no futuro. "Evitei elementos que fossem difíceis de trocar, como papel de parede com estampas marcantes ou adesivos nas paredes. Optei por inserir a decoração nos detalhes, como quadros personalizados e ursinhos", explica. Dessa forma, caso deseje mudar o tema, não será necessário realizar uma reforma completa no quarto.

Um quarto sob medida

Na cidade de Planaltina (GO), a professora do ensino fundamental público Elaine Cristina Correia e o marido, o técnico em informática Nilton Carlos, deram vida a um quarto cuidadosamente planejado e adaptado para atender às necessidades únicas de seu filho, João Emanuel, uma criança de 8 anos com síndrome de Down, cardiopatia e sequelas decorrentes de uma paralisia cerebral. Elaine, inclusive, está em home office para se dedicar integralmente ao filho.

"Optei por montar o quarto do meu filho com móveis planejados. Queria fazê-lo do meu próprio jeito, com adaptações que atendessem às necessidades específicas do meu filho, mas sem deixar com cara de hospital. Por isso, fizemos ajustes para que tudo fosse funcional, ao mesmo tempo em que procuramos esconder a aparelhagem, como o cilindro de oxigênio, e criamos um espaço dedicado às sessões de fisioterapia. Centralizamos a televisão para que ele pudesse ter acesso de todos os lados do quarto."

A professora afirma que todas as decisões foram tomadas pensando na qualidade de vida do filho. "Meu marido e eu pesquisamos muito sobre todos os equipamentos necessários para o João, e buscamos confeccionar coisas que ajudassem no cuidado diário. Ele até construiu um guincho no meio do quarto, visando a praticidade de pegar e levantar o João, levando em consideração a saúde da nossa coluna. Estamos sempre adaptando o ambiente de acordo com as necessidades que surgem. É uma jornada contínua, mas estamos empenhados em proporcionar o melhor para nosso filho", detalha.

O exemplo de Letícia, Elaine e suas famílias mostra como é possível transformar um ambiente comum em um espaço planejado com amor, funcionalidade e estilo. Ao pensar nas necessidades específicas dos filhos e buscar soluções criativas, eles encontraram o equilíbrio perfeito entre o cuidado necessário e um ambiente acolhedor.

 

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  Os pais de Isaac optaram por um berço que cresce à medida que o bebê se desenvolve Arquivo pessoal
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  O papel de parede no teto do quarto de Isaac imita o céu Arquivo pessoal
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  Espaço para a fisioterapia no quarto de João Emanuel Arquivo pessoal
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  Armários planejados no quarto do João Emanuel Fotos: Arquivo pessoal
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  Quartos infantis projetados pela designer de interiores Patrícia Tavares Arquivo pessoal
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  Quarto infantil projetado pela designer de interiores Patrícia Tavares Arquivo pessoal
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  Quarto infantil projetado pela designer de interiores Patrícia Tavares Arquivo pessoal
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  Quarto infantil projetado pela designer de interiores Patrícia Tavares Arquivo pessoal

Revolucionando o ambiente neonatal

Thalita Lellice é uma arquiteta de 38 anos e, além de seu trabalho como profissional na área, é autora do livro A ambiência no cuidado ao recém-nascido hospitalizado. A obra aborda os resultados de cinco anos de trabalho como consultora do Ministério da Saúde, no qual se dedicou ao estudo e à transformação dos paradigmas relacionados ao cuidado de recém-nascidos. “Essa experiência profissional despertou uma inquietação em mim, levando-me a decidir realizar um mestrado na área. Como consequência, recebi o convite para publicar a versão em livro”, revela Thalita.

A publicação representa uma imersão no processo de trabalho em harmonia com o ambiente físico que é dedicado ao cuidado de recém-nascidos internados. “Todo o meu trabalho busca promover uma mudança no paradigma do cuidado, refletido na própria estrutura física. ou seja, busco modificar a forma como nos referimos aos espaços, como dizer ‘fulano está na UTI, ou no berçário’”, destaca.

A terminologia “berçário” já foi eliminada dos serviços de saúde, porém muitos profissionais e instituições ainda a utilizam. De acordo com a escritora essa mudança vai muito além de uma simples nomenclatura, pois está relacionada à segurança no cuidado oferecido aos pacientes e suas famílias.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte