Tecnologia

Avanço da inteligência artificial contribui para descobertas na medicina

Auxiliando em diagnósticos, descobertas e levantamento de dados, a inteligência artificial (IA) torna-se, cada vez mais, um suporte para o setor

Letícia Guedes*
postado em 06/06/2023 12:00 / atualizado em 06/06/2023 13:32
 (crédito: Divulgação FIDI )
(crédito: Divulgação FIDI )

Área de pesquisa da ciência da computação, a inteligência artificial (IA) é o conceito que, de maneira resumida, estuda e trabalha a capacidade das máquinas de produzirem comportamentos "humanizados" e executarem tarefas que, anteriormente, poderiam ser feitas apenas pela inteligência humana. Apesar de estar em ascensão, a definição surgiu ainda no século passado, quando, em meados de 1950, Alan Turing, matemático e cientista da computação, despertou o seguinte questionamento: as máquinas podem pensar? O estudioso elaborou um artigo sobre o tema e, desde então, o conceito contribui com aplicações em diversas áreas, inclusive na medicina — assunto bastante discutido durante a 28ª edição da Feira Hospitalar, encerrada na semana passada em São Paulo.

Osvaldo Landi, gerente médico de inovação e dados da FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem), explica que a Inteligência Artificial tem sido aplicada na área de descoberta de medicamentos. Por meio de algoritmos de aprendizado de máquina, é possível analisar bancos de dados de compostos químicos e identificar padrões que possam levar à descoberta de novas drogas ou ao aprimoramento de remédios já existentes. Isso pode acelerar o processo de desenvolvimento de medicamentos e reduzir os custos envolvidos.

No campo da pesquisa, a IA contribui, por meio de suas aplicações, para a facilitação na busca de dados. "A seleção de candidatos para ensaios clínicos é uma tarefa que habitualmente demanda muito tempo e recursos. No entanto, com o uso de algoritmos de IA, é possível processar rapidamente muitos prontuários médicos e identificar os perfis de candidatos mais adequados", explica o médico.

A MV, healthtech brasileira líder no desenvolvimento de tecnologias para a saúde, tem investido em soluções altamente tecnológicas que focam no desenvolvimento de prontuários inteligentes, serviço de análises de dados e ferramentas avançadas de inteligência artificial. João Márcio Pessoa, especialista de negócios da MV, explica que uma das inovações apresentada pela empresa na Feira Hospitalar de 2023 é o prontuário eletrônico, que, em uma plataforma auxiliada pelo Chat GPT, ajuda os médicos em hipóteses diagnósticas e, ainda, na elaboração dos relatórios dos pacientes.

Tecnologia apresentada pela Lifemed, também na feira, a INTEGRARE é uma plataforma de saúde digital que integra todos os equipamentos eletromédicos, de forma agnóstica. Essa tecnologia digital cria a UTI conectada (Tele UTI) e utiliza inteligência artificial para salvar vidas. A INTREGARE dispensa a coleta de dados manual pela equipe de enfermagem; disponibiliza em tempo real todos os sinais vitais do paciente e interliga os equipamentos ao PEP (Prontuário Eletrônico do Paciente), proporcionando o acesso às informações. 

Sobre a FIDI, Osvaldo Landi fala dos resultados benéficos registrados: "Com base na análise de 829 exames processados pelo algoritmo de IA ao longo de um ano, verificou-se que o modelo atingiu uma sensibilidade de 90%, o que é considerado excelente para casos em que não se pode deixar passar nenhum exame com resultado crítico". 

Os riscos

Landi alerta que, apesar de alguns algoritmos da IA errarem pouquíssimo, quando os erros ocorrem, são de forma que um humano não erraria, o que faz com que essas falhas sejam percebidas como absurdas; por isso, é necessário que as ferramentas sejam monitoradas de perto.

"Existem ainda questões éticas. Conforme algoritmos de IA se tornam mais autônomos, quem será o responsável pelos erros que eles cometerem? Este tipo de questão ainda não está totalmente resolvida, e ainda precisamos discuti-las para chegarmos às melhores respostas", complementa o médico.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

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