Relembrar o momento inicial da pandemia de covid-19 dá calafrios em muita gente. Afinal, foram mudanças bruscas e duradouras no cotidiano; para alguns, transformações permanentes. Quem frequentava academias diariamente, por exemplo, precisou adaptar a rotina de exercícios para o lar — e não faltaram vídeos, lives e aplicativos para incentivar os mais desanimados.
Com a vacinação e, consequentemente, a maior abertura do mercado, houve aqueles que comemoraram o retorno ao crossfit, às aulas de zumba e aos treinos revezados entre amigos. Outros, porém, preferiram manter-se ativos em casa, seja pela praticidade de não precisarem se deslocar, seja pelo alto valor das academias.
Fato é que, dentro ou fora desse ambiente, movimentar-se é um passo importante na melhora da qualidade de vida, como lembra a personal trainer Nayara Grugel. A única desvantagem, segundo Tamara Ribeiro, também personal trainer, seria a falta de ferramentas e instrumentos. “Com uma boa adaptação, porém, é possível fazer treinos dinâmicos e eficientes em casa”, afirma.
Como os equipamentos de academia costumam ser caros, Tamara sugere investir em materiais mais baratos e fáceis de encontrar. Halteres, colchonete, barra pequena, anilhas e elásticos atendem bem às necessidades, apesar de não dispensarem o acompanhamento prévio de um profissional. Ele, de forma presencial ou on-line, será responsável por montar um treino de acordo com os objetivos desejados, além de garantir a eficiência e a segurança dos exercícios.
Exercícios funcionais, aeróbicos e de força são os mais recomendados, a saber: pular corda, agachamento, polichinelos, afundo, flexão de cotovelos, dançar, subir e descer escadas, levantamento com pesos, entre outros. Na internet, são inúmeros os tutoriais que ensinam a utilizar objetos e móveis da casa para auxiliarem nessas atividades.
Para manter a disciplina e não se autossabotar, Nayara recomenda organizar no dia um horário específico somente para se exercitar, ainda que seja apenas para fazer uma caminhada. Tamara acrescenta que esse tempo (30 minutos diários já são suficientes) deve ser priorizado como um momento para cuidar de si. Por fim, tomar cuidado com a execução dos exercícios, em especial com a postura, é indispensável.
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Maior disciplina e otimização do tempo
A estudante Maria Luísa Moura, 21 anos, começou a fazer exercícios em casa assim que a pandemia estourou e sua academia precisou fechar, em março de 2020. Três anos depois, manteve a rotina no lar pois, pois, além do estabelecimento ter aumentado o preço da mensalidade, o horário disponível para a atividade coincidia com o momento de pico do local. Assim, seria necessário esperar os equipamentos estarem disponíveis para, finalmente, conseguir treinar.
Como a ginástica lhe ajuda a aliviar o estresse da rotina, a estar com a saúde em dia e a cumprir com o objetivo de ter um corpo mais definido, Maria Luísa gosta e valoriza cada treino. Esses variam entre exercícios de musculação com barra, halteres e anilhas, e aeróbicos, como pular corda e correr.
A jovem conta com um personal, que vai até sua casa montar os treinos e levar os equipamentos necessários para fazer cada atividade. Esse ponto, segundo ela, garante maior disciplina do que quando frequentava a academia. "Acaba com a desculpa, que muitas vezes eu tinha, de ter dificuldade de locomoção. Também me permite fazer um treino mais tranquilo, sem pressa e sem me preocupar com a disponibilidade dos aparelhos e dos pesos. Mesmo assim, pretendo voltar à academia, logo que conseguir ter uma rotina menos puxada”, revela.
A advogada Isabela Lima, 22, também começou a fazer exercícios em casa assim que a pandemia tornou-se mais grave. Na época, a academia que frequentava criou formas de manter os alunos ativos, enviando vídeos todos os dias com atividades a serem praticadas com objetos e móveis de casa. Manteve-se ativa, dessa maneira, por um tempo.
Com a reabertura, sua rotina mudou, e os horários livres ficaram cada vez mais reduzidos. E, assim como Maria Luísa, percebeu que treinando em casa economizava tempo de deslocamento e não precisava esperar os aparelhos serem desocupados.
Os exercícios físicos são, para ela, como uma válvula de escape, um momento no qual se concentra em sua saúde e, por que não, nos ganhos estéticos. Por usar a academia do prédio onde mora, tem à disposição alguns equipamentos que lhe auxiliam nas atividades. Lá, faz musculação e treinos mais simples quatro vezes por semana.
Não costuma assistir a videoaulas nem recebe orientações de personal trainers, mas, como treina há muito tempo, aprendeu quais exercícios fazer e de qual forma. Gosta, porém, de acompanhar pelas redes sociais alguns profissionais da educação física que dão dicas de exercícios.
Nos dias que bate aquele desânimo, sempre tenta pensar no resultado, em como se sente ao final dos exercícios e nos seus objetivos com os treinos. “Uma coisa que me ajuda a manter a disciplina é registrar a evolução. Fotografo as minhas fases e, às vezes, olhando as fotos, eu me sinto incentivada nos dias em que não estou tão disposta”, comenta.
No momento, não pensa em voltar para a academia, no entanto não descarta a possibilidade no futuro. “Existem muitas vantagens em frequentar uma academia, mas, hoje, considerando a rotina e estilo de vida que tenho, o treino em casa passa a ser uma solução melhor e tão eficaz quanto uma academia”, diz.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte