Quem nunca passou pela frustração de vestir uma roupa que, após a primeira lavagem, encolheu pela metade ou desbotou? Inevitavelmente se questiona a qualidade do tecido e a confiança na marca, restando à peça um lugar tímido no guarda-roupa. Refletir sobre a forma como consumimos e cuidamos do nosso vestuário, no entanto, dá margem a uma melhor seleção das vestimentas — à lá armário cápsula, além de garantir sua maior durabilidade. Afinal, todo mundo tem aquela blusa preferida, que não importa quantos furos tenha, será a primeira opção para qualquer look!
E, como moda e pautas sociais devem andar de mãos dadas, tais atitudes refletem, também, a forma como nos relacionamos com o meio ambiente. Segundo dados levantados, em 2022, pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil descarta mais de quatro milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, que interferem na contaminação do solo e escancaram os danos das indústria de fast fashion. Então, por que não preservar as peças que já temos no armário? A Revista preparou um guia de como cuidar corretamente das suas roupas, da escolha do tecido à maneira de guardá-las.
Qualidade dos tecidos
Identificar se um tecido é bom e duradouro não é tarefa tão simples quanto parece. Conforme explica Viviane Ferreira, consultora e engenheira têxtil, além de mestre em meio ambiente, qualidade é um conceito bastante abrangente, então, o válido é sentir a peça, tocando-a e observando seu caimento, modelagem e acabamento. Ademais, pesquisar sobre quem a fez e se a matéria-prima é nobre também são fatores importantes.
Outro ponto é que as marcas, geralmente, seguem um padrão de qualidade. Então, se você gosta dos atributos de uma grife específica, convém confiar na empresa, como destaca Priscila Faiad, empreendedora, consultora e engenheira têxtil. “No fim das contas, de nada adianta comprar a roupa ‘mais resistente do mundo’ sem ter os cuidados que ela pede”, comenta.
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Lavagem e secagem
Peças mais pesadas ou que não possuem tanto contato com áreas específicas do corpo — responsáveis por odores naturais, como a axila — não precisam de lavagens tão frequentes. Jeans, jaquetas e blazers são alguns exemplos. De toda maneira, na hora de higienizar as roupas, o ideal é separá-las conforme a sua cor, pois vestimentas escuras ou coloridas podem soltar corantes e manchar aquelas mais claras, em especial as feitas com fibras naturais, como algodão e linho. Usar um saquinho para proteger as vestes mais delicadas, como trajes íntimos, seda, lã e chiffon também é recomendado.
Para limpar adequadamente e tirar manchas sem danificar o tecido, Viviane recomenda o uso de alvejante à base de oxigênio, que ajuda a remover sujeiras por meio do processo de oxigenação sem grandes agressões à peça. “Além disso, tenho uma receita caseira para esfregar o local, com cuidado, com sabão de coco e água quente. Sempre resolve”, sugere.
Já Priscila indica o sabão líquido, que deixa a roupa mais bonita, macia e dispensa o uso de amaciantes, e o uso do bicarbonato de sódio para branquear certas superfícies (mas com cautela à quantidade e ao tipo de tecido). Finalizada a lavagem, é hora de deixar as roupas secarem na sombra e em local ventilado, a fim de evitar que desbotem e até encolham.
Sapatos preservados
Na higienização, utilize água corrente apenas no solado; no restante, um pano úmido é suficiente. Deixe-os secar por pelo menos uma noite, garantindo que não serão guardados ainda úmidos e evitando a proliferação de fungos. Ao colocá-los no armário, o ideal é que fiquem em pé ou dentro de sacos respiráveis (aconselhados, inclusive, para espantar as traças), visto que empilhados ou dobrados se danificam rapidamente.
Cuidados especiais
Há tecidos e peças que merecem cuidados especiais na hora da lavagem e no momento de guardá-los. Veja:
- Viscose: é sempre indicado lavar à mão e não colocar em secadora, pois potencializa seu encolhimento.
- Tricô: lavar à mão, estender no varal no sentido horizontal, como se a peça estivesse deitada, e guardar dobrado na gaveta, jamais no cabide, que pode deformá-lo com o tempo.
- Peças sintéticas: atentar-se à temperatura na hora de passar, pois podem derreter.
- Peças sintéticas que imitam couro: é indicado higienizar na lavanderia, jamais na máquina de lavar. Não podem ser excessivamente expostas ao sol, dado que isso acelera seu descascamento. A cada seis meses, recomenda-se passar creme hidratante neutro para retardar o descascamento da superfície, além de não guardar a roupa dobrada no guarda-roupa, para evitar danos nos locais das dobras.
- Peças em composições naturais: devem secar à sombra e/ou do avesso, pois podem desbotar com a luz do sol.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte