Quando o assunto é Brasília, considera-se impossível não trazer à tona a arquitetura singular que o lugar possui. Detentora da maior área tombada do mundo, Brasília foi, em 1987, inscrita pela Unesco na lista de bens do Patrimônio Mundial. As diversas formas criativas da arquitetura brasiliense cativam aqueles que têm o privilégio de admirá-las pessoalmente.
Contudo, apesar do belo cartão postal e da qualidade singular no quesito arquitetura, a capital não serve de inspiração apenas aos que aspiram assuntos relacionados às edificações. No ramo da moda, profissionais que iniciaram os trabalhos em torno de 10 anos atrás, conquistaram espaço, cada um com a sua essência, e fazem história vestindo pessoas com suas marcas.
Paixão inesperada
Romildo Nascimento, pernambucano de 43 anos, foi descoberto em 2006, no concurso de novos talentos do Capital Fashion Week, participou de diversos eventos de moda e foi, mais tarde, finalista do reality Estilista Revelação 2012, apresentado por Xuxa. Atualmente, dedica-se à moda masculina, totalmente produzida na cidade em que mora desde os 15 anos de idade, Ceilândia.
O estilista iniciou a carreira de forma inesperada. Antes, funcionário de uma drogaria no Shopping Conjunto Nacional, Romildo foi convidado para assumir um cargo de confiança e, com o objetivo de melhorar sua expressão e performance no atendimento aos clientes, resolveu estudar teatro. No local, a cada seis meses, os alunos se juntavam para criar os figurinos que seriam utilizados nas peças.
Ao observar os modelos criados por Romildo, um professor o elogiou, despertando, então, o interesse do profissional pela moda. “Um professor viu os figurinos criados por mim e falou ‘olha, você tem bastante informação de moda e eu acho que seria bacana você seguir esse caminho’, então foi aí que me despertou o interesse”, explica o estilista.
Após o “empurrãozinho”, Romildo resolveu inscrever-se no Capital Fashion Week, evento, então, recém-surgido. E nasceu, assim, o primeiro projeto de moda criado por Romildo Nascimento. Infelizmente, o projeto apresentado por ele não recebeu a aprovação necessária; entretanto, o estilista lembra que os jurados tiveram a sensibilidade de convidá-lo para mostrar os motivos de o projeto não ter sido escolhido.
Romildo guardou todos os conselhos para lapidar o seu novo plano de moda, que seria apresentado no próximo concurso. No ano seguinte, em 2006, o novo projeto foi aprovado e, por meio do concurso de novos talentos, Romildo deu sequência à sua carreira na moda. Ele enfatiza a relevância das costureiras em seu trajeto profissional: “Vale ressaltar a importância das costureiras, porque elas me ensinaram muito no início; então, hoje em dia, eu sei costurar muito bem porque eu aprendi na prática com elas”.
Para Romildo, o que realmente o deixa grato e feliz é saber que existem pessoas que o conheceram em 2006 e que continuam a vestir suas coleções. O estilista procura criar peças atemporais, que possam ultrapassar décadas sem determinar uma época específica. “Você vai olhar aquela peça e ela não vai ter cara do anos 1950, dos anos 1960, dos anos 2000, de 2020. Eu quero que a pessoa compre agora e permaneça, 50 anos depois, elegante e moderna.”
O estilista conta que, apesar de ser um profissional autodidata, continua estudando e fazendo cursos para se aprimorar no assunto. Ele confessa que, às vezes, quando surgem alguns problemas, sente vontade de desistir, mas que, para ele, a moda é uma paixão e o moverá enquanto existir capacidade para dar continuidade aos trabalhos.
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Dom hereditário
Letícia Gonzaga, estilista brasiliense, cursou design de moda no Centro Universitário Unieuro. Já formada em pedagogia, ela recebeu incentivo dos pais, do marido e, principalmente, da amiga Carolina Petrarca, que foi, inclusive, a responsável por realizar a inscrição de Letícia no vestibular.
Próxima à produção de roupas desde a infância, primeiramente em casa, as costureiras que por lá circulavam, e, posteriormente, com a abertura do ateliê da mãe, Maria do Carmo Gonzaga, que é, atualmente, sua sócia, a estilista cresceu conectada com o mundo da moda. Sempre convivendo com costureiras, a curiosidade de Letícia arrancava sorrisos das profissionais. “Tive oportunidade de conhecer de perto o processo prático e apaixonante da construção de uma roupa”, declara.
Em 2014, a estilista sentiu a necessidade de abrir seu primeiro espaço físico, pois queria expor o que era guardado em um ateliê, na W3 Sul. Letícia queria mais, então inaugurou, inicialmente como pop up, sua loja, na 211 Sul, que ficou aberta até 2020, quando fechou em decorrência da pandemia.
Letícia confessa que sente muito orgulho do reconhecimento que as clientes da cidade entregam ao trabalho produzido. “Valorizo e acho muito interessante, num mercado tão competitivo, a atenção e o crescimento da marca. Estamos em constante processo de evolução, costumo dizer que os passos de formiguinha nos trouxeram onde estamos.”
“Trabalhamos uma moda responsável, alinhadas à valorização do trabalho manual, com produção própria no ateliê da marca. Criações com história e alma a várias mãos”, esclarece a estilista, que nomeia sua moda como clássica, atemporal e versátil.
Letícia viu na pandemia um desafio à sobrevivência, mas tirou lições disso: “Acredito que a pandemia trouxe um aprendizado, fechamos nossa loja física, voltamos a atender no ateliê da marca e, oito meses depois, abrimos nossa loja e atual ponto, na QI 13, comércio local no Lago Sul. Sobreviver foi um grande desafio”, desabafa.
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