Há dias em que nem aquela playlist animada consegue levantar o astral, qualquer mudança de temperatura lhe adoece e, mesmo com o cronograma capilar em dia, os seus fios parecem fragilizados e sem vida. Tal qual um antigo meme, você se sente “chocha, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente”. Quem nunca? Mas, afinal, o que está acontecendo com o seu corpo?
Uma das possibilidades é que seu sistema imunológico, responsável por defender o organismo de agentes patogênicos, esteja enfraquecido. As causas podem ser inúmeras, desde a alimentação pobre em nutrientes até situações recorrentes de instabilidade emocional. Para avaliar se a imunidade de fato está baixa, basta realizar um hemograma, que indicará se a quantidade de células de defesa — glóbulos brancos ou leucócitos — está dentro da normalidade.
Patrícia Maira, médica clínica geral do Hospital Anchieta, lembra que o assunto ganhou relevância na mídia durante a pandemia de covid-19, quando muitas pessoas tentaram de todas as maneiras fortalecer o organismo para evitar manifestações graves da doença em caso de infecção. “Uma imunidade competente vai proteger não só de doenças infecciosas, mas também de problemas crônicos, além de evitar o desenvolvimento de enfermidades autoimunes”, explica.
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), tireoidite de Hashimoto, artrite reumatoide, vitiligo e diabetes tipo 1 são alguns exemplos de doenças autoimunes, nos quais o sistema imunológico do corpo ataca células saudáveis. Nesse contexto, a imunossupressão caracteriza-se como a diminuição da resposta imune, podendo ser causada, também, pelo uso de algumas medicações, como corticoides e agentes imunoterápicos.
Dentre os sinais que indicam que a imunidade está baixa, incluem-se: alterações no sistema respiratório, aparecimento de alergias, sonolência ou cansaço excessivo, queda de cabelo acentuada, constipação ou diarreia, dificuldade com cicatrização e dores no corpo. Nathalia Patrão, nutricionista da Science Play, chama a atenção, ainda, para a saúde do intestino, visto que o órgão é a porta de entrada e de contato com vírus, bactérias e fungos. “Se ele estiver sensível e pouco fortalecido, a possibilidade de infecções e doenças se instaurarem é ainda maior”, alerta.
Fortalecendo o sistema imune
A nutricionista Nathalia Patrão listou uma série de hábitos que podem ser reforçados, evitados e preservados para melhorar a imunidade. Quais desses você já pratica?
Consuma
- Fontes da vitamina C, encontradas em frutas, como laranjas, limões e acerolas, que combatem os radicais livres com seu potencial antioxidante.
- Vegetais verdes escuros, como brócolis, couve, rúcula, nabo e espinafre, por serem ricos em ferro e ácido fólico.
- Alho, por ser fonte de alicina, antioxidante e anti-inflamatório que atua como bactericida natural. A suplementação de óleo de alho em cápsula, inclusive, é um investimento barato e eficaz.
- Própolis, também um bactericida natural e com forte ação anti-inflamatória.
- Vitamina D, nutriente essencial para a modulação das células de defesa, presente em alimentos como salmão, sardinha e na gema do ovo. A exposição diária ao sol, por pelo menos 15 minutos, também é necessária para manter bons níveis dessa vitamina.
Evite
- Estresse, visto que o hormônio cortisol é liberado em excesso, nos deixando em estado de alerta e afetando a regulação do sistema imunológico.
- Alimentação pouco variada, pobre em nutrientes e fibras.
- Bebida alcoólica e tabagismo.
- Uso indiscriminado de vitaminas industrializadas, dado que algumas são sujeitas à bio acúmulo — situação na qual o organismo não consegue eliminá-las por urina ou fezes, havendo a possibilidade de reação tóxica.
- Uso recorrente de medicamentos como corticoides, imunossupressores e antibióticos.
Preserve
- Qualidade do sono: enquanto dormimos, reparações necessárias para manutenção do nosso organismo são feitas, como a produção das células de defesa.
- Atividade física, responsável por melhorar a circulação sanguínea, auxiliando no transporte dos nutrientes e das células de defesa.
Saiba Mais
Palavra do especialista
De que forma a chegada do outono pode interferir na imunidade do organismo, considerando a queda de temperaturas e de umidade?
Trata-se de uma estação de transição entre o verão e o inverno, então, nos deparamos com temperaturas mais baixas e um período mais seco, gerando a maior incidência de resfriados, gripes e problemas alérgicos. Como o ar está mais frio e mais seco, há a maior tendência de ficarmos em ambientes fechados, favorecendo a circulação de vírus e de bactérias. Portanto, nosso sistema imunológico vai precisar trabalhar mais nesse momento. As orientações são ingerir de dois litros e meio a três litros de água por dia, consumir fibras e evitar comidas gordurosas e pesadas.
Quais os perigos do uso indiscriminado de vitaminas industrializadas e suplementos?
Vitaminas e suplementos devem ser utilizados com acompanhamento de um médico ou de um nutricionista. Isso porque seu consumo indiscriminado pode acarretar em hipervitaminoses em nosso sistema urinário e endocrinológico, levando ao aparecimento de doenças as quais não teríamos a pré-disponibilidade, como pedras nos rins e insuficiência hepática. Ademais, várias dessas vitaminas nós conseguimos adquirir em uma alimentação variada e rica em minerais.
O uso frequente de antibióticos de fato prejudica o sistema imunológico? Como e por que isso ocorre?
Com certeza. Os antibióticos são como armas que vão matar várias bactérias, não somente aquelas que farão mal ao nosso organismo, mas também as que desempenham um papel fundamental no corpo, como as presentes no trato digestório. Chamamos de disbioses as doenças advindas do mau uso do antibiótico, nas quais pode haver, realmente, um aumento de bactérias ruins no organismo, devido a esse desequilíbrio. Além disso, o medicamento pode levar à resistência bacteriana, nos fazendo demandar um antibiótico mais forte para matar aquele microrganismo que antes não era um problema.
Quais são os tratamentos recomendados para casos mais graves de baixa imunidade?
Isso deve ser avaliado caso a caso, a fim de que se investigue o motivo do paciente estar apresentando a imunidade mais baixa. De antemão, podemos recomendar a melhora da qualidade do sono, a maior ingestão de água, a prática de exercícios físicos, a boa alimentação e o controle do estresse. Esses são pilares fundamentais para que tenhamos uma saúde mais forte e um sistema imunológico mais competente.
Lucas Albanaz é clínico geral, mestre em ciências médicas e coordenador da Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia Gama
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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