Presente em cerca de 10% da população brasileira, os nódulos na tireoide são considerados uma condição comum pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Embora não sejam raros, eles costumam assustar quando aparecem.
A região é sensível e eles ficam facilmente visíveis. Pela sua localização e pela função hormonal da tireoide, muitos pacientes costumam se assustar e associar o sintoma a um câncer. No entanto, as chances são baixas, o câncer de tireoide tem uma incidência anual de sete a oito casos a cada 100 mil habitantes.
Para identificar a natureza de um nódulo é feito um ultrassom, que vai mostrar as características do tecido. Se existirem evidências que indiquem uma malignidade, é feita uma punção para coletar células e fazer uma análise patológica. Uma vez confirmada a malignidade, o caminho a se seguir passa pelos tratamentos oncológicos, a depender do caso.
Se o nódulo se confirmar benigno, uma das alternativas passa a ser a ablação. Mas no que consiste esse tratamento? Segundo a endocrinologista Lorena Lima Amato, especialista e endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a ablação é um procedimento que promove a diminuição progressiva do nódulo matando as células através de ondas de calor. Confira mais detalhes sobre o método.
A ablação
- O método, indicado em caso de nódulos benignos, mata as células doentes por meio de ondas de calor.
- Com o uso de uma agulha e aparelhos de radiofrequência, é possível diminuir o nódulo em cerca de 80% a 90%.
- O procedimento é considerado simples pelos especialistas e dura em torno de 40 a 50 minutos. É feito com sedação e anestesia local.
- O paciente pode sentir dor e incômodo por causa do calor, mas, depois de duas horas de observação, pode ser liberado e ir direto para casa.
- Os nódulos removidos através da ablação não retornam, porém, podem surgir novas formações.
- Entre os nódulos benignos, existem os funcionantes, que produzem hormônios, e os não funcionantes, que não produzem hormônios.
- A endocrinologista Lorena Lima Amato explica que, embora não sejam todos os profissionais que usem a técnica para tratar os nódulos funcionantes, ela pode ser utilizada sem problemas.
- “Nesses casos, além de remover o nódulo, a ablação vai solucionar qualquer desequilíbrio hormonal causado pela produção do nódulo funcionante”, acrescenta.
- No caso dos não funcionantes, ainda que não tenham produção hormonal, os nódulos podem trazer alguns problemas mais sérios, a depender da localização e do crescimento.
- Eles podem ser pontos de tensão e obstrução na traqueia e no esôfago, causando dispneia e disfagia, ou seja, falta de ar e dificuldade para se alimentar.
- A glândula tireoide em si pode ser deslocada e interferir nos nervos da fonação, dificultando a fala e causando rouquidão nos pacientes.
- Muitas vezes, os nódulos não trazem prejuízos à saúde e sua remoção é feita por motivos estéticos.
- Entre as principais vantagens da ablação, os especialistas ressaltam os fatos de não haver nenhum prejuízo à função tireoidiana e de não serem necessários medicamentos hormonais.
- Além disso, o procedimento não é invasivo e permite rápida recuperação.
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Palavra do especialista
Existem causas conhecidas para o surgimento de nódulos benignos?
Essa é uma discussão importante. Não temos ainda grandes causas conhecidas que explicam o aparecimento dos nódulos, mas existem alguns fatores de risco. Um deles é o histórico familiar, outro é o histórico de radioterapia na região cervical. Esses fatores podem também aumentar os riscos de câncer.
Em que parcela da população os nódulos são mais incidentes?
É muito mais comum em mulheres, a partir dos 40 ou 50 anos. Ainda não temos uma explicação de por que isso acontece. Hoje, a incidência de nódulos tem aumentado e um dos motivos pode ser que fazemos muito mais exames de ultrassom do que antigamente. Quanto mais exames fazemos, mais nódulos encontramos.
Existe a possibilidade da ablação ser usada em casos de câncer na tireoide?
Ainda não temos dados ou estudos suficientes que confirmem que o procedimento pode ajudar. Não há indicação formal para o uso de ablação em casos de câncer na tireoide e, a princípio, ela não existe. Nos casos de câncer, a cirurgia sempre é mais indicada, sendo feita a remoção parcial ou completa da glândula. Assim, removendo o tecido doente, diminuímos as chances de reincidência, o que não seria possível com a ablação.
Diego Bandeira é endocrinologista do DF Star
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