A arte nas casas está saindo dos quadros e esculturas e se espalhando por todos os ambientes, móveis e objetos de decoração. A faceta da arte como algo que convida o observador a devanear e a se entregar à própria imaginação é algo que tem sido muito buscado no mundo da decoração.
Segundo a pesquisa de tendências Pinterest Predicts, criada pela plataforma, os boomers e a geração Z estão entre os que mais buscam uma decoração mais excêntrica, pesquisando termos como “quarto weirdcore”, que seriam cômodos com ares estranhos e diferentes e “decoração de cogumelos”.
Os cogumelos, por suas formas e cores, além de estarem sempre muito relacionados ao termo psicodelia, são elementos naturais, muito presentes nesse tipo de decoração. Plantas, flores, florestas, emaranhados e trepadeiras se unem ao lado fantástico, com fadas, duendes e gnomos, e são uma parte importante para quem busca uma decoração mais imaginativa.
Formas fluidas, que parecem se mover com a luz, e uma mistura de cores harmoniosa são muito conhecidas por Pedro Sangeon, artista plástico brasiliense, criador do personagem Gurulino, sucesso na internet e nas paredes da capital.
Fazendo murais e recebendo inúmeras encomendas para desenhar seus personagens nas casas dos clientes e admiradores, Pedro comenta que percebe com grata satisfação o aumento na busca pela contemplação. “O mural é uma experiência, a pessoa vai ficar olhando e vai ser provocada a refletir. Contemplar esse tipo de arte, cor e forma pode acabar transportando as pessoas a um outro mundo”, acredita.
E, para o artista, permitir-se viver esse momentos, em que se está consigo mesmo e se faz uma autoanálise, é algo necessário para o bem-estar mental e emocional. Além de paredes com desenhos ou manifestações artísticas, Pedro sugere o uso de objetos funcionais ligados ao místico, como abajures de lua, de planetas, luminárias de cogumelo, em formatos florais e até mesmo a criação de um altar particular, com objetos e elementos que instiguem a paz nas pessoas, como velas e incensos, ou algo que represente suas crenças e sua subjetividade.
“E esse processo está do lado de fora, na decoração e na criação de um espaço onde a pessoa se sinta bem e confortável, mas também na mente, através desses momentos de solidão e leituras envolventes, como o nosso oráculo, que tem frases do Gurulino para serem lidas a cada dia”, sugere.
Psicodelia
E se quando falamos em psicodelia, rapidamente pensamos nos anos 1970 e na associação do termo a experiências vividas sob efeito de entorpecentes, é importante comentar que não é bem assim. Diversos elementos, entre eles a própria meditação, podem levar a uma alteração da percepção sensorial, nos levando a um estado mental semelhante ao dos sonhos.
“Muitos associam a drogas, mas esse processo é uma experiência do corpo e da mente, um fenômeno do organismo que pode ser alcançado com o relaxamento, a meditação e os processos de respiração. É como quando olhávamos as nuvens, imaginando figuras”, ressalta Pedro. E os elementos psicodélicos na decoração também têm o poder de estimular esse momentos.
Carla Gonçalves Pereira, designer de interiores e representante da Designers Guild no Brasil, observa que o estilo tende a agradar os mais novos, como adolescentes e jovens casais que estão se mudando, e comenta que o estilo remete a um mundo real, mas em uma versão fantasiosa, como em um desenho animado.
Vendo a tendência com bons olhos, Carla acredita que o segredo é não exagerar. Uma parede de impacto pode ser tudo o que o ambiente precisa para se tornar um espaço diferente. “O estilo psicodélico é eclético, dramático e usa vários elementos coloridos, Eu acho ideal para um lavabo e um hall de entrada, cômodos que você passa, sente aquele impacto, fica maravilhado, mas não se cansa de olhar”, sugere.
Além de uma parede de destaque, Carla acredita que objetos e móveis diferentes ajudam a fazer essa conexão com um mundo de fantasia. Poltronas e sofás em formatos orgânicos, tapetes coloridos e em formas redondas e até mesmo algumas plantas, como trepadeiras, são elementos que contribuem para o ar de fantasia.
Quanto às cores, a ideia é inserir misturas, mas garantir que elas permaneçam harmônicas entre si. Um dos tons que Carla destaca no estilo é o laranja, também chamado de tangerina. Verde, bordô, azul, roxo e amarelo também combinam e trazem efeitos divertidos.
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