A busca pela felicidade é uma das conquistas mais desejadas pelas pessoas por todo o mundo. Celebrada internacionalmente nesta segunda-feira (20/3), ela já foi tema de filmes — com atuações memoráveis como a de Will e Jaden Smith, no filme A procura da felicidade —, já foi temas de músicas e até mesmo já figurou como objeto de pesquisas acadêmicas nas maiores universidades no planeta. Muitas vezes, contudo, a busca pela felicidade é feita de maneira irreal e tóxica, o que levanta a questão: será que essa procura "a todo custo" é saudável?
O Correio conversou com especialistas (uma psiquiatra e um psicólogo) para entender exatamente o porquê de as pessoas terem esse anseio em encontrar a felicidade de formas extremas e qual é a maneira mais saudável para lidar com tal busca.
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Robson Gimenez, psicólogo do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu, em São Paulo, explica que a felicidade é um estado de satisfação, contentamento e bem estar, por isso é natural que as pessoas a procurem. "Aquele momento da vida que você gostaria de repetir, que você não gostaria que acabasse e por te fazer tão bem você cria oportunidades para mais momentos semelhantes", exemplifica.
Para a psiquiatra Malu De Falco, a procura das pessoas pela felicidade começa por uma idealização de um estado que elas mesmas nomeiam como felicidade. "A pessoa se apega a esse conceito de felicidade, de onde ela quer chegar, que não foi necessariamente traçado por ela mesma e sim pelas circunstâncias de vida, seja pelo ambiente, pela criação, pela genética, pelo condicionamento, valores, essência, etc.", aponta.
Felicidade é boa, mas e quando essa busca se torna prejudicial?
A busca pelo prazer imediato, dificuldade de lhe dar com as próprias emoções, competitividades e a grande armadilha das comparações, almejar a vida dos famosos e influenciadores "a todo custo" não é uma maneira saudável de ser feliz, de acordo com Robson.
O especialista frisa que em muitos casos as pessoas tentam encontrar na vida dos outros algumas coisas que possam o tornar feliz e que isso apenas reforça a busca sem medidas da felicidade. "(Buscar a) felicidade com base na suposta felicidade do outro, querendo ter e fazer o que outros tem e fazem e acabam se perdendo, não descobrindo a própria felicidade por buscar o que outras pessoas dizem ser felicidade", explica.
Malu completa que essa busca "a todo custo" pode inclusive trazer vários problemas para a própria rotina da pessoa.
Para a especialista, se a pessoa tem tudo o que quer nessa busca incansável pela felicidade, isso pode gerar uma falta de sentido existencial ou uma indiferença existencial, causando até danos a saúde mental. "Pode comprometer a identidade do indivíduo e isso é um passo importante no desenvolvimento, por exemplo, de transtorno de personalidade na adolescência", explica.
Como buscar a felicidade de forma saudável
"É importante dar um passo pra trás do que você está fazendo para saborear, tentar ter o entendimento, a compreensão, principalmente a consciência de que você está vivendo muito bem independentemente se é o fim do processo, meio ou começo dele", indica a psiquiatra sobre a expectativa de perseguir e encontrar a felicidade.
Para Gimenez, o desejo e vontade de chegar até a felicidade deve ser feita ao descobrir o que faz cada um feliz, encontrando sentido na própria existência. "Deixar de viver no piloto automático sem perceber a vida, prestar mais atenção naquilo que se tem ao invés de lamentar aquilo que falta, viver com tamanha intensidade que torne os momentos especiais sem a necessidade de esperar por tais momentos, perceber a beleza mesmo na dor e acima de tudo ser grato", exemplifica.
Malu De Falco avalia também que cultivar hábitos que trazem prazer, mesmo que seja apenas por alguns momentos do dia, ou só no final de semana já podem ajuda. "Estar com a família, ver séries ou ler livros. São metas que precisam ter constância e que quando você a introduz causa uma mudança significativa no bem-estar", destaca.
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