Perder a vontade de frequentar a academia pode acontecer por vários motivos. Para as mulheres, esse desestímulo acontece com muito mais frequência, seja por assédio, seja por olhares desagradáveis para a roupa escolhida na hora de ir treinar. São incontáveis histórias. E de tanto ligar acontecimentos negativos a experiências que envolvem atividade física, o corpo passa a criar resistência, gera ansiedade, estresse e falta de interesse pela malhação.
Para muitas mulheres, frequentar um espaço exclusivo para elas é a solução perfeita. Além de evitarem os incômodos que sentem em uma academia tradicional, contam com a vantagem de receberem um serviço que entende as necessidades do corpo feminino.
Dara Zuffo começou como estagiária da Curves, espaço exclusivo para mulheres, e se apaixonou pela ideia. Virou professora e, em seguida, comprou uma parte da academia, depois outra e segue acreditando no serviço como algo que possa ajudar com efetividade as mulheres que se sentem "perdidas" em academias.
Apesar de ser uma empresa internacional, que está no mercado há 30 anos, as pessoas ainda tinham muito preconceito e taxavam estereótipos pejorativos de que apenas "gordas" e "velhas" frequentavam esse tipo de lugar. Mas hoje as coisas mudaram. Dara conta que a aluna mais nova tem 10 anos e a mais velha 90.
Já na Flóriz, outra academia voltada ao público feminino, mãe e filha compartilham a mesma vontade de cuidar das pessoas por meio da saúde física e mental. Engri Ruiz e Ana Cristina Medeiros têm formação em psicologia, e o que fez a dupla migrar para o mercado fitness foi, justamente, a grande quantidade de depoimentos de pacientes sobre assédio e constrangimento. "A gente percebeu que isso não era uma demanda de poucas pessoas, inclusive nossa. Eu já tive experiências desconfortáveis com homens, e minha mãe também," expõe Engri Ruiz.
As academias apresentam variedades de exercícios e metodologias diferentes das convencionais, mas demonstram ser igualmente efetivas e proporcionam adaptação à rotina pessoal sem o estresse de perder horários.
Trabalhando tudo!
Na Flóriz, o método "full body" trabalha o corpo como um todo e é voltado para pessoas com obesidade ou que não estão no seu peso ideal. A professora Daniella Vieira, formada em educação física, explica que a malhação é separada por etapas. Em um dia, é trabalhada a região da frente do corpo, como peito, ombro, quadríceps e bíceps; no dia seguinte, a parte de trás, como costas, tríceps, glúteo e panturrilha; depois, foca-se no treino metabólico voltado para o déficit calórico que combina os dois treinos. "O objetivo é gastar o máximo de calorias. Se treinamos braços e pernas, já se parte para outro exercício para manter o metabolismo acelerado e a frequência cardíaca alta, trazendo resultados específicos," detalha Daniella.
Agora, caso você já tenha experiência e um objetivo traçado, treina-se partes específicas do corpo, uma em cada dia da semana, para criar um padrão de exercício mais efetivo com os objetivos da aluna, segundo a professora. Também é realizada uma avaliação que vai dizer se seu corpo está apto para fazer exercícios. Às vezes, pensamos que está tudo bem para se exercitar e não está. A partir dos resultados, as dicas e orientações são passadas, e tudo pode ocorrer de maneira segura.
Apenas 30 minutinhos!
Já a Curves propõe um "intensivão". Com apenas 30 minutos, a aluna faz musculação e aeróbico ao mesmo tempo, e todos os grupos musculares são trabalhados todos os dias. A professora do espaço Nathane Cândida, formada em educação física, explica que a montagem do circuito se baseia na recuperação ativa e é usada como uma espécie de descanso ativo, ou seja, você pratica exercícios que estão fora do habitual, mas continua fazendo esforço.
Essa prática é intercalada com os exercícios de musculação e são feitas com pesos, jumps, entre outras atividades. "Toda semana trocamos os exercícios, fazemos novas atividades que envolvem força, equilíbrio, exercícios cardiorrespiratórios e sempre pensamos em equilibrar para trabalhar o corpo todo", afirma a profissional.
Os aparelhos são à base de resistência hidráulica e adaptados para o corpo feminino — a aluna controla a quantidade de força que o corpo vai utilizar: se achar muito tranquilo, acelera e o aparelho vai fazer mais força; caso sinta algum mal-estar, é só fazer o processo contrário. "Nos equipamentos de academias convencionais, acaba-se colocando um peso muito maior do que se pode carregar", diz Nathane. "Além do desconforto, pode até trazer o sentimento de incapacidade."
Cuidar de filhos, casa, trabalho, relacionamento e de si mesma requer mais tempo disponível do que realmente se tem. A vantagem da proposta para quem tem uma rotina mais cheia é essa, 30 minutos é o suficiente!
Sem constrangimento!
Parece pouco, mas não é. Essa nova forma de abordar o exercício físico fez mudanças inimagináveis na vida de muitas mulheres. É uma rede de apoio invisível que vai se construindo, porque, além da liberdade e do conforto, não se lida com a comparação ou o medo de fazer algo errado.
Deborah Lopes é advogada e aluna da Curves há um ano. O pai dela, antes de falecer de covid-19, comentava sobre o lugar porque achava a ideia legal, e gostaria que ela e a mãe experimentassem. Após a perda, Deborah relembrou do pai ao passar pelo lugar e resolveu tentar.
Hoje, ela fala com todo o entusiasmo que ama estar lá, pois a salvou do sedentarismo e fez com que sua saúde mental fosse restaurada. "Aqui tem todos os tipos de corpo, e ninguém se sente desconfortável. A academia é para ser um hobby e não uma obrigação, é um momento seu", relata Deborah.
Dhaiany Martins, corretora de seguros, tem uma história com a academia Flóriz. Ela estava em tratamento para depressão, apresentava ataques de pânico constantes e não conseguia se sentir bem em espaços públicos. Os sentimentos de dor foram substituídos por acolhimento, carinho e presença, sentir-se especial faz toda a diferença e estimula a continuar com a prática e torná-la algo prazeroso. "Isso tudo é graças a essa consolidação, o apoio de várias pessoas, mulheres compartilhando experiências e vivências."
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*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte