O tutor costuma aprender de tudo quando decide adotar um animal, mas algumas dessas atividades podem dar medo na hora de executá-las. Cortar a unha é uma delas. Sempre bate aquela dúvida sobre como fazer o corte, mesmo que se tenha assistido a inúmeros vídeos sobre o assunto.
De acordo com especialistas, é preciso atenção e cuidado no momento, observar a anatomia da pata do animal e achar a parte vermelha da unha, conhecida como raiz. Lá, encontram-se os vasos sanguíneos e, caso sejam cortados, podem causar machucados e sangramentos. O ambiente, a posição do animal e o tipo de cortador também influenciam o sucesso da tarefa.
Nathália Baptista, veterinária especializada em dermatologia e prevenção, explica que a unha tem uma região mais avermelhada e outra mais clara — o corte correto seria na parte mais “clarinha” e, caso ela seja escura, o corte deve ser realizado na parte mais fina da unha.
O ambiente precisa ser tranquilo, sem músicas altas e tumulto, o animal deve se sentir seguro e o tutor precisa demonstrar confiança em todos os momentos. Uma boa iluminação é essencial, também como estar em uma superfície mais estável. Para cachorros, uma boa opção é fazer o procedimento com eles deitados.
Mas, observe: “No caso de animais mais agitados ou assustados, que não gostam que mexam em suas patas, é mais aconselhável que sejam levados até a clínica para que o corte seja realizado por um veterinário,” aconselha Nathália.
Relacione o momento de cortar as unhas com referências que sejam positivas para o animal. Comece fazendo agrados e carícias até perceber que o animal está confortável. Depois da execução, petiscos, sachês e brincadeiras são muito bem-vindos.
Outra questão importante é adaptar o animal desde filhote. Tocar em suas patas desde pequeno e acostumá-lo de maneira geral, sempre fazendo boas associações. "Deve-se ter cuidado para não traumatizá-los, e não ter pressa. Caso haja estresse, faça gradualmente durante o dia, e intercale com brincadeiras, carinho na barriga e pedacinhos de petiscos.”
Cães
As unhas caninas têm a função de influenciar, principalmente, no equilíbrio do animal. É sempre melhor cortar menos do que mais nesses casos, especialmente em unhas escuras, em que você não enxerga com clareza onde executar a tarefa. “É muito importante que haja um controle cuidadoso, sem assustar o cãozinho, feito preferencialmente por outra pessoa, para que o cachorro não puxe a pata e acabe se machucando", alerta Nathália.
É preciso prestar atenção no momento de cortar, pois, se as unhas ficam grandes demais, acabam atrapalhando atividades comuns, como brincar e segurar objetos. Morar em lugares onde o animal possa desgastar a unha e diminuí-la naturalmente, evita a necessidade de cortes frequentes. E, se quiser fazer um acabamento mais natural, utilize uma lixa de unhas.
Gatos
Os gatos são animais caçadores e, assim como outras partes do corpo, as unhas representam um importante papel instintivo para eles, que, por isso, têm tanta aversão quando tentamos tocá-las. Se você mora em um lugar onde o felino tem liberdade para ir à rua, cortar as unhas pode ser perigoso, porque você tira uma das formas de defesa do animal, entre outras funções importantes. Em casas fechadas, como apartamentos, não há esse risco.
O corte deve ser realizado em 45 graus, para não machucar o gato e evitar o risco de não cortar na primeira tentativa, o que pode gerar estresse. Procure sempre executar a tarefa com alguém que possa segurar o animal enquanto o procedimento é realizado. A veterinária Nathália Baptista diz que o gato deve ser segurado com cuidado e, para que as unhas sejam expostas, é preciso dar uma leve apertada nos coxins (as almofadinhas das patinhas).
O momento certo de cortar seria quando, mesmo com a pata fechada, a unha consegue ser vista. Neste ponto, o animal já pode se sentir desconfortável e vai arranhar objetos e móveis para tentar retirar o excesso.
A professora de história Amanda Pinheiro, 27 anos, tem 13 gatos, sendo 12 resgatados, e corta as unhas deles desde o primeiro resgate. “Como são muitos animais, não havia possibilidade de levá-los ao veterinário só para o corte”, justifica.
Ela conta que nunca houve acidentes, mas já aconteceu de uma unha quebrar ou descascar com o corte. No entanto, elas logo crescem e, com afiação, não os machucam. “Acredito que as principais dificuldades são segurar o gato e cortar com agilidade, pois eles ficam nervosos)”, expõe a professora. “Uma dica: o ideal é que seja feito quando estão dormindo e relaxados, empurrando a unha para fora dos dedos e cortando mesmo só as pontas.”
Tipos de cortadores
“Usar equipamentos desenvolvidos especialmente para esse fim, sem dúvidas, é extremamente importante,” ressalta André Talamonti, clínico e cirurgião veterinário. “O mercado pet oferece diversas opções de cortadores de unhas específicos para eles.”
Mas existem formatos que são mais indicados para tutores que têm menos experiência na hora de cortar. “Os modelos mais comuns são: alicate, tesoura e guilhotina”, enumera o veterinário. O tipo guilhotina, geralmente, é mais indicado para o uso profissional, já o alicate e a tesoura são ideais para pessoas sem experiência, desde que usados com as devidas precauções.
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Em caso de acidentes
O veterinário André Talamonti orienta que, caso haja algum machucado, com o auxílio de uma gaze ou um algodão, deve-se fazer compressão para estancar o sangramento e, logo em seguida, buscar atendimento médico veterinário. “Outra questão importante, é adquirir um pó hemostático, que serve para estancar o sangue caso algo aconteça e pode ser encontrado em pet shop”, acrescenta a veterinária Nathália Baptista.
Evite:
-Usar cortadores humanos;
-Brigar ou se irritar com o animal nesses momentos;
-Cortar mesmo que haja dúvida.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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