Ó! Assim se pronuncia a palavra awe da língua inglesa que significa deslumbramento, admiração, reverência, mas, ao mesmo tempo, temor. Atingir o topo de uma montanha ao pôr do sol ou remar assistindo à aurora parecem ser mais interessantes do que fazer o mesmo no sol do meio-dia, concorda? Uma pesquisa publicada recentemente no Journal of Environmental Psychology confirma essa tendência que pode até ser encarada como uma obviedade. O começo e o fim do dia são mais belos, os fotógrafos não vão discordar, mas os extremos do dia são também mais associados à experiência mental de awe, fato confirmado pela pesquisa. A natureza, qualquer que seja o momento do dia, já é capaz de proporcionar benefícios mentais e cognitivos, mas pesquisas demonstram que com a vivência do awe os efeitos são ainda maiores.
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Awe não é um sentimento que é incitado por qualquer estímulo. Qualquer fenômeno mais raro ou surpreendente na natureza tem mais chance de promovê-lo que o sol do meio-dia. Estamos falando de um arco-íris numa cachoeira, uma tempestade e outros estímulos que misturam o deslumbramento com o temor. Uma das teorias mais aceitas para explicar essa experiência é o encolhimento do ego, quando passamos a nos sentir um grão de areia frente a algo sublime. Pesquisas demonstram que o awe é capaz de incrementar as emoções positivas e o estado de humor, deixa as pessoas com atitudes pró-sociais, condições valiosas para o bem-estar psíquico.
Outras vivências frequentemente associadas ao awe são os ritos religiosos e não religiosos, drogas psicodélicas e a arte. Ah, a Nona Sinfonia de Beethoven é um awe só.
*Dr. Ricardo Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e diretor do Instituto do Cérebro de Brasília
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