Jornal Correio Braziliense

Comportamento

Novas diversões! Drinques sem álcool viram opção para jovens

Busca por drinques tematizados e instagramáveis vira opção para diversos integrantes da Geração Z, que, segundo pesquisa, é a que menos consome bebidas de teor alcoólico

É normal que durante boa parte da juventude a curtição dos fins de semana seja a principal forma de distração. E o senso comum é de que a diversão esteja atrelada às baladas regadas a bebidas alcoólica. Entretanto, essa realidade tem mudado. Alguns jovens têm preferidos drinques mais embelezados e — acredite se quiser — sem álcool. Pelo menos é o que mostra um estudo internacional feito pelo HBSC, grupo que analisa a questão comportamental de saúde em crianças em idade escolar.

Segundo a pesquisa, que contou com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Geração Z — pessoas nascidas entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano de 2010 — bebem menos do que qualquer outra geração. As estatística apontam que apenas 8% dessa faixa etária tomam álcool semanalmente e que 76% não gostam de ingerir mais que cinco ou seis drinques nos fins de semana, pois acreditam que uma quantidade exagerada pode prejudicar fisicamente e mentalmente.

E quando se é universitário? Ficar sem beber depois de alguma aula ou ir a bar e não optar por uma cervejinha é algo impensável? Parece que não é mais bem assim. Outro estudo feito nos Estados Unidos aponta um número curioso: cresceu de 20% para 28% a quantidade de jovens que estão na universidade e não bebem álcool. A pesquisa mostra esse aumento, somente, na última década.

Por que essa preferência?

Para a psicóloga e mestre em psicanálise Roselene Espírito Santo Wagner, esse comportamento vem como resultado de uma interação complexa, o "Zeitgeist", termo que originário do alemão e que significa "espírito do tempo", que explica as características de uma determinada época.

É bem verdade que a Geração Z tem especificidades diferentes das anteriores, uma vez que o uso da tecnologia é amplo e trouxe diversas difusões nesse período. "É uma vida mais virtual, de interações instantâneas. Portanto, o álcool e outras drogas lícitas e ilícitas já trouxeram seus resultados (maléficos), que são amplamente divulgados", comenta a especialista.

Ir na contramão desses hábitos, como descreve Roselene, é uma espécie de contracultura, um modelo consciente replicado. Ter a informação dos efeitos danosos na saúde mental e orgânica traz para esse nicho geracional a tomada de consciência de restrição à ingestão do álcool, relacionado, ainda, à opção de entreter-se por meio de outros jeitos.

Por isso, esse prazer fácil e momentâneo adquirido por meio da bebida foi trocado por algo mais real e palpável. Além disso, as dificuldades e perdas irreversíveis a médio e longo prazos são um dos fatores que implicam nessa mudança. "O álcool afeta o sistema nervoso central, provocando dependência e síndrome de abstinência. Usá-lo como 'medicalização', para uma falsa sensação de relaxamento, numa realidade paralela e ficcional, é uma rota que conduz direto ao abismo", analisa Roselene.

Curtir sem medo

Esse hábito começou a ser praticado pelo jovem Gustavo Silva, 21 anos, que deixou o álcool de lado há algum tempo. Segundo ele, priorizar sua saúde física e mental é mais essencial do que gastar energias em finais de semana que já perderam a graça. Mesmo assim, ele conta que ainda sai bastante com os amigos e se diverte, mesmo sem precisar se embriagar. "Quando nos juntamos, todos respeitam a minha decisão e preferência. E eu ainda os incentivo a tomarem bebidas diferentes, sem teor alcoólico", acrescenta.

Depois da escolha, o estudante de sistemas da informação revela que ganhou mais produtividade, focando 100% em estar bem consigo mesmo. Além disso, seu corpo tem mudado e o foco, pelo menos agora, é fazer atividades físicas. Mas, claro, sem deixar de lado os momentos de lazer com os colegas. Seja no bar, seja em casa, o importante é continuar feliz.

Motivações

E essa narrativa, certamente, vem ganhando cada vez mais força. Segundo dados do órgão de pesquisa IWSR, responsável por levantar estudos sobre as principais tendências do mercado de bebidas no mundo, o setor de bebidas sem álcool se tornará uma nova moda. Em 2021, por exemplo, o crescimento da indústria foi de 6%. Até 2025, a estimativa é que o consumo de drinques sem teor alcoólico aumente em 8%.

No dia a dia de trabalho como mixologista no Açougue do Berg, Marcelo Henrique Cruz, que também é sócio da empresa Duo Design Drinks, afirma que essas modificações no mercado de bebidas começam a aparecer. O que se torna, de fato, um desafio para os profissionais da área, uma vez que é preciso criar drinques que caiam no gosto da nova geração.

E para garantir o desfrutar do sabor, ele conta que faz diversas pesquisas, até mesmo visitando outros países. "Costumo viajar e realizar estudos sobre o que há de melhor lá fora. Mas, claro, sem perder a nossa identidade de brasileiro", acrescenta. O especialista analisa que esse movimento entre os jovens perpassa, muito mais, sobre uma decisão individual. E que essa simpatia pelos drinques sem álcool acaba conquistando o pessoal, sobretudo, aqueles que estão buscando uma vida com um pouco mais de restrição ou tentando ignorar tradições familiares, em que o álcool esteja presente de forma negativa. 

Ingredientes que não podem faltar

Caso você esteja pensando quais são os ingredientes que mais fazem parte desses drinques sem álcool, o mixologista Marcelo Henrique Cruz detalha. Entre os principais estão: frutas, citrus, água tônica, água com gás, água de coco e xarope. Confira algumas opções vendidas no Açougue do Berg:

— Pink Lemonade

— Citrus, granadine, limão-siciliano e Framboesa

— Moscow Zero

— Água Tônica, mix de gengibre, sumo de limão e espuma de Gengibre

— Caipi zero

— Água de coco e fruta da estação

Receitas para fazer em casa

Além de querer beber sem a ressaca do dia seguinte e, possivelmente, longe do bar, a Geração Z, aficionada por tecnologia, também quer drinques mais elaborados e instagramáveis, em copos cheios de cores e várias inspirações. E, para isso, não há necessidade de ir a um bar. A Revista separou algumas receitas para você mesmo preparar.

 

Drinque de morango com manga

— 1/2 manga picada

— 1 xícara de chá de morangos picados

— 1 colher de sopa de mel

— 1/2 xícara de chá de suco de laranja natural

— Gelo a gosto

— 1 litro de refrigerante de limão (ou água com gás)

 

Drinque de limão

— Gelo a gosto

— 1/2 suco limão

— Rodelas de limão a gosto

— Gengibre e hortelã a gosto

— 1 anis-estrelado

— 300ml de água com gás

 

Drinque de carambola e framboesa

— 3 carambolas maduras

— 1 polpa congelada de framboesa (cerca de 120g)

— 3 colheres de sopa de açúcar

— 100ml de água mineral

— 200ml de água tônica

 

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