Uma pesquisa recém-publicada pelo periódico Frontiers in Psychology mostrou que a educação musical entre os adolescentes promove o bem-estar mental com maiores indicadores de domínios positivos no desenvolvimento dos jovens, como competência e autoconfiança, atributos que estão associados a maiores contribuições para a sociedade e menor chance de comportamentos de risco, mesmo em idades mais avançadas. Aqueles adolescentes em que a educação musical teve início antes dos oito anos de idade se mostraram mais esperançosos com o futuro. O estudo foi conduzido pela Universidade do Sul da Califórnia, nos EUA, e envolveu 120 voluntários.
Uma série de estudos já havia demonstrado resultados positivos da educação musical sobre o desempenho acadêmico de crianças, com maior desempenho cognitivo, incluindo criatividade, mais autoconfiança e estabilidade emocional e aumento da conexão com a escola e a comunidade. Na pesquisa inicialmente destacada, os efeitos positivos foram demonstrados mesmo entre aqueles que tiveram a educação musical por meio de curso on-line para estudantes do ensino médio desenvolvido pela Fundação Fender em 2020, ápice da pandemia por coronavírus. O curso tem duração de três meses — uma hora, duas vezes por semana. Aqueles que se inscrevem têm os instrumentos musicais emprestados pela Fundação Fender.
Fica aí a dica para os produtores de instrumentos musicais e aos gestores de educação no Brasil. Termino com o fim da carta às próximas gerações de artistas escrita por Herbie Hancock e Wayne Shorter para acender as mentes criativas. Acho que isso deveria servir de inspiração a todos nós, independentemente de sermos ou não artistas. A vida pode ser uma obra de arte. Aliás, deve ser.
“Tudo o que existe é produto da imaginação de alguém; cuide bem e nutra sua imaginação e você sempre se encontrará à beira da descoberta. Como cada um desses fatores levam à criação de uma sociedade pacífica? — você deve estar se perguntando. Tudo começa com uma causa. Suas causas criam os efeitos que moldam o seu futuro e o futuro de todos ao seu redor. Sejam os protagonistas no filme de suas vidas. Vocês são os diretores, os produtores e os atores. Sejam ousados e incansavelmente benevolentes enquanto dançam pela viagem que é esta vida.”
*Dr. Ricardo Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e diretor do Instituto do Cérebro de Brasília