A menopausa é o período marcado por várias mudanças hormonais, que refletem em aspectos físicos e emocionais profundos. Ocorre, geralmente, 12 meses após a parada da menstruação. E, embora seja uma fase natural da vida, não precisa representar sofrimento e estar marcado por sintomas insuportáveis. Com o devido acompanhamento médico e cuidados adequados, pode ser um momento em que é garantido o bem-estar e saúde em dia.
Segundo Eugênio Reis, dermatologista e tricologista do Hospital Brasília, em termos técnicos, a menopausa ocorre devido a diminuição da secreção dos hormônios produzidos nos ovários, o estrogênio e a progesterona. Com a diminuição da atividade dessa glândula, alguns reflexos surgem no corpo, como a queda na produção de fibras de elastina e colágeno que levam a maior flacidez, perda de elasticidade e tônus da pele.
Devido a fatores genéticos e individuais, a idade que ocorre pode variar para cada pessoa, mas o mais comum é na faixa entre os 45 e 55 anos. Perceber a pele mais fina, frágil e ressecada pode ser um dos primeiros alertas de que se aproxima o climatério, período de início das alterações no ciclo menstrual, ou até mesmo da própria menopausa.
Além da mudança na pele, os cabelos também enfrentam uma situação semelhante, como ressecamento, maior demora para crescer e diminuição da espessura. Além disso, os sintomas mais comuns, segundo o médico Reis, são as ondas de calor, a secura vaginal e a sensação de que tudo fica um pouco mais lento no organismo, desde pensamentos à cicatrização.
Para algumas pessoas, a insônia e dificuldade em ter um sono restaurador também pode ocorrer, o que também pode prejudicar outros processos de renovação celular e descanso adequado que levam a boa saúde como um todo e, claro, tem impactos na pele e nos cabelos. Com isso, alguns sinais do envelhecimento podem ficar mais evidentes, além de manchas e vasos da face, também, explica o médico.
“Existe uma fragilidade cutânea, que algumas pacientes percebem pelo maior craquelamento da pele, outras percebem algumas manchas roxas em braços e pernas”, afirma o dermatologista Reis. Para se preparar para o período, ele afirma que a principal recomendação é o cuidado com a pele se tornar um hábito desde jovens.
Dicas
“Os bons hábitos de alimentação saudável, com ingestão de frutas ricas em antioxidantes, alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras. A ingestão adequada de água vai ajudar também na hidratação da pele”, aconselha Reis. Além da atenção especial com o básico, ele explica que uma das principais orientações é de nunca tomar banhos muito quentes, o ideal é o morno, com sabonetes mais neutros e produtos com pouco perfume.
Os hidratantes corporais após o banho e com a pele ainda úmida favorecem os cuidados, assim como o filtro solar, que é essencial para os cuidados em dia e amenizar os efeitos da menopausa, auxiliando a manter a pele sem manchas. “A radiação solar contribui muito para o envelhecimento e, após a menopausa, essa área ficará ainda mais prejudicada e envelhecida”, esclarece o dermatologista.
Somado aos produtos preventivos, ele afirma que é necessário utilizar os que são eficazes e, de fato, tratam a pele. Na indústria já existem produtos especializados para peles delicadas e fragilizadas voltados para as necessidades particulares da menopausa, principalmente os mais hidratantes e calmantes. Para orientar adequadamente, a consulta com dermatologistas, endocrinologistas, nutrólogos e demais áreas médicas direciona se o processo está ocorrendo de forma natural ou se há excessos que precisam ser corrigidos.
Algumas patologias têm maior incidência nessa fase da vida, segundo Reis, algumas se destacam, como a alopecia androgenética feminina. “Estudos mostram que em torno de 40% a 50% das mulheres na menopausa podem ser acometidas por esse tipo de alopecia. Enquanto mulheres na fase reprodutiva, abaixo de 45 anos, esse quadro de alopecia é visto em apenas 15%.”
Alimentação e suplementos
Não existe forma certa de se preparar para esse período, mas, segundo o médico nutrólogo Tasso Carvalho, pode ser orientado o controle da composição corporal, ajuste da qualidade do sono, atividade física regular e controle adequado de carboidratos — sempre realizados por um profissional responsável. Estar bem acompanhado por um médico que possa avaliar e intervir nos níveis hormonais e metabólicos também é ideal mesmo antes do início da menopausa.
De acordo com o nutrólogo Carvalho, alimentos que podem ajudar a pele e unhas no período são os ricos em zinco e selênio, como castanha-do-pará, nozes, gengibre, peixe, frutos do mar, feijão e ovo. Apesar de os alimentos serem muito importantes, não são suficientes para equilibrar possíveis deficiências hormonais. Para isso, ele explica: “O melhor tratamento a ser feito é a reposição de cada hormônio em deficiência na busca do restabelecimento do equilíbrio fisiológico”.
É preciso evitar doses excessivas de hormônios androgênios como testosterona e dehidroepiandrosterona, que segundo o médico podem aumentar a oleosidade da pele e produção de sebo, que pode causar um efeito tão indesejado quanto a sensibilidade e ressecamento.
Cuidados com os fios
A produção mais lenta do fio de cabelo, que é gerada pela lentificação da irrigação do sangue no couro cabeludo, é uma condição natural, no entanto, algumas demandam tratamentos. Para algumas pessoas, pode chegar no nível de alopecias ou alterações que, para o diagnóstico adequado, é essencial a consulta com um dermatologista, principalmente especializado em tricologia.
Os tratamentos variam, afirma o médico tricologista Eugênio Reis, e incluem desde vitaminas, antioxidantes, xampus específicos para os quadros apresentados até tratamentos que influenciam nos hormônios, como nutracêuticos com proteínas. “Ou o famoso Minoxidil, que ajuda para a melhor irrigação do couro cabeludo, favorecendo uma melhor nutrição ao fio de cabelo e melhorando o crescimento desses fios para alongar e engrossar esses cabelos”, completa.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
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