A convivência com um bicho de estimação certamente acrescenta muitas lições à vida das crianças, potencializando expressões de afeto, companheirismo e responsabilidade. O que dizer, então, dos animais silvestres e exóticos? Pouco comuns no ambiente doméstico, eles também têm muito a ensinar aos pequenos, especialmente na escola, com aulas e visitas mediadas por quem os entende como ninguém.
Na escola Maria Montessori, há uma proposta com essa finalidade, visto que, por adotar o método montessoriano, tem como um dos diferenciais o estímulo ao aprendizado por meio de atividades práticas. Nesse contexto, a fim de que os estudantes interajam diretamente com o meio ambiente, o espaço conta, desde a fundação, em 1970, com uma vasta área verde, além de um mantenedor de animais silvestres, aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e cuidado por um ambientalista.
Neste local, há aves, pequenos répteis e alguns anfíbios, que contribuem para os aprendizados vistos em sala de aula pelos alunos, como explica Márcia Fatureto, diretora pedagógica do colégio. "As crianças têm esse contato para explorar o lugar como parte do conteúdo de uma disciplina chamada Educação Cósmica. Há, também, o favorecimento dos cuidados que elas precisam ter com o meio ambiente, de uma maneira geral", complementa.
Tais aulas são coordenadas pelas próprias professoras das turmas, que devem contemplar, no planejamento, momentos para que os pequenos tenham essas experiências. Ademais, há uma sala específica na escola, onde são trabalhadas as vivências dos estudantes na área externa, na qual eles desenvolvem atividades escritas e orais, com o fim de ampliar o conhecimento, o contato com a natureza e principalmente a preservação deste ambiente.
A veterinária Debora Alayon, especializada em animais silvestres e exóticos, confirma que essa relação, de fato, é muito positiva ao ensinar sobre amor e respeito à fauna. Afinal, "precisamos conhecer para valorizar e preservar. Quanto mais cedo aprendermos isso, melhor", destaca. E engana-se quem pensa que bichos fora do ambiente doméstico não se beneficiam do relacionamento com as crianças. "São inteligentes e capazes de sentir o carinho e a alegria com que são tratados. Por isso, é tão importante respeitá-los", completa.
A especialista ressalta que a supervisão de um adulto e o acompanhamento de um médico veterinário capacitado são essenciais nestes espaços, requisitos cumpridos pela instituição, como confirma Fatureto. A diretora pedagógica acrescenta que, apesar da curiosidade, a criançada não toca, não brinca e nem alimenta os animais, uma vez que não é possível prever a reação dos bichos e dos pequenos.
Adaptação lúdica
Aprender sobre os animais pode ser divertido e não faltam formas lúdicas de abordar o assunto com as crianças. Pode-se mostrar filmes, incentivar brincadeiras e levar pequenos pets à sala de aula. Agora, imagine, ter um "minizoo" na própria escola! Sem dúvida, o interesse em estudar o tema será muito maior. É o que ocorre com as irmãs Júlia, 7 anos, e Elisa Prado, 5 anos.
Clarissa Prado, arquiteta e mãe das pequenas, recorda-se que a turma de Elisa, que concluiu o jardim I no ano passado, estudou sobre como diferenciar os animais pela cobertura de seus corpos — pena, pelo, escamas ou carapaça — e poder ver isso de perto facilitou o aprendizado. Do colégio, o pavão é o seu bicho preferido.
Como a família não tem pets em casa, foi no contato com os animais da escola que a filha mais velha, Júlia, também pôde usufruir dos benefícios dessa convivência. "Ela, que vai para o 3° ano, adora estudar o assunto, um dos seus preferidos. Acredito que ver os animais na escola pode tê-la ajudado a despertar esse interesse. Sem falar na conscientização sobre o respeito e preservação das espécies e a parte lúdica, pois toda criança gosta de ver os bichinhos", comenta Clarissa. Júlia gosta muito do jabuti, mas as araras e o papagaio encantam o coração das irmãs.
Um animal silvestre em casa
Segundo a veterinária Debora Alayon, antes de adquirir um pet silvestre, é importante conhecer a legislação local. Isso porque alguns animais precisam da autorização do Ibama, como os papagaios; enquanto outros não têm essa exigência, como as calopsitas. Ademais, é importante aprender sobre o manejo das espécies, ou seja, qual a alimentação e os ambiente ideais, além da expectativa de vida, do comportamento, das possíveis doenças, dos custos… ou seja, todas as particularidades.
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*Estagiária sob a supervisão de Roberto Fonseca