Um novo jeito de decorar e trazer para casa o amor pela arte. Assim surgem as pinturas que, agora, saíram das molduras e passaram a enfeitar quartos e salas diretamente nas paredes. Essa tendência, chamada de muralismo, virou uma maneira de substituir o design tradicional, deixando o ambiente com um toque mais artístico e, em alguns casos, mais ousado e charmoso.
A atual moda, contudo, não é tão recente, como descreve o arquiteto Marcos Vinicius. Segundo ele, desenhos e artes, principalmente em grafites, costumam estampar o cenário urbano de vários lugares, sendo mais recorrente nas áreas externas de lojas ou casas. Agora, a estrutura tomou um caminho mais personalizado, levando o gosto individual para o conforto do lar.
Pensando no planejamento, o profissional ressalta que os projetos seguem diversos rumos, a depender da vontade do cliente. Cores neutras ou mais quentes. Uma parede de destaque, com a arte setorizada em apenas um lugar. No entanto, as opções, de acordo com ele, são variadas. "Não tem nada muito específico, é algo muito livre. O plano parte, com certeza, em cima de algum briefing que você faz com o consumidor. Sempre criamos a ideia com base no que é pedido", explica.
Para a produção do desenho, na maioria das vezes, o arquiteto destaca que é preciso contratar alguém da área para realizar o serviço, caso a arte seja de difícil criação. Com isso, é importante pensar em paredes menores ou pinturas que não sejam tão grandes. A média dos valores cobrados, como detalha Marcos, varia de acordo com esses fatores. "Alguns artistas cobram R$ 400, outros R$ 1.000. Neste sentido, pode-se tornar algo caro e trabalhoso. Fazer em espaços menores, também, porque é um trabalho manual e demanda tempo. E bom, tempo é dinheiro", reitera.
Identidade
Esse movimento quase que recente, de acordo com a arquiteta Raquel Maciel, está atrelado ao período pandêmico e a busca pela própria identidade, que ganhou força ao longo desses anos difíceis. Com essa vontade de se conhecer cada vez mais, ela acredita que as pessoas passaram a colocar a personalidade no espaço onde moram, esquecendo-se dos enfeites mais tradicionais. "Decorações muito datadas e sem personalidade vão dando lugar para áreas criativas, autênticas e com memórias afetivas, transmitindo a essência de quem habita o local", enfatiza.
De um tempo para cá, pinturas em formas e com caráter mais orgânico são os meios mais escolhidos para garantir essa singularidade em casa. Composição de cestos, de cores em tons terrosos ou usando uma única cor de destaque. A ideia, por fim, segue o perfil daquele que é apaixonado pela arte. Além disso, Raquel ainda relata que materiais como cimento queimado e o papel de parede com textura de linho são outros elementos que ajudam na composição do cenário, levando mais aconchego e beleza para o espaço.
Experiência
Durante a quarentena, em 2020, Gabriela Bessa, 22 anos, decidiu rabiscar a parede de casa, algo que sempre quis fazer, mas nunca teve coragem. Para a jovem, que tem o desenho e arte como forma de se expressar, esse era um movimento arriscado, pois nunca tinha experimentado tal processo de criação. Entretanto, o desejo de produzir acabou gritando mais alto. "Decidi ir à mão livre mesmo, até porque o estilo que escolhi usar é chamado de pintura botânica, que permite algo mais solto e espontâneo. Fiz em um cantinho da minha casa para dar um toque especial, e sensação de aconchego, tendo em vista que amo o estilo floral", conta.
Para expressar os sentimentos e inaugurar as expressões que ela queria, as cores foram fundamentais no despertar de emoções, como ela descreve. A jovem usou tintas acrílicas e canetas apropriadas para parede, encontrando os dois materiais com facilidade, em uma papelaria perto de onde mora. O resultado, na visão de Gabriela, ficou sensacional. "O melhor de tudo é saber que uma arte na parede feita por você garante que ninguém jamais terá uma parede igual", afirma.
Estilos mais usados:
— Tons neutros ou de cor única
— Traços personalizados
— Desenhos em formatos geométricos