Quando se viu grávida de gêmeas, sem profissão e sozinha em São Paulo, Cristina Roberto chegou à conclusão de que iria sustentar a família com o que sabia fazer melhor: cozinhando. Voltou para Brasília, cidade que adotou como sua desde a adolescência, e começou a preparar pães de farinha integral, em uma época em que ainda pouco se falava nesse tipo de alimento. Era início dos anos 1980. "Quem sabe cozinhar não passa fome."
Mineira, de Abaeté, Cristina vem de uma família de 11 irmãos — em que todos sabem cozinhar, faz questão de ressaltar. Cresceu vendo os pais matarem o próprio porco e plantarem o próprio alimento, preparado em fogão a lenha. "Minha mãe era quitandeira, fazia queijo, conservava a carne na lata. Tínhamos o dia da "pamonhada", quando os irmãos se reuniam para preparar pamonhas", recorda-se.
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Com toda essa bagagem, a mineira começou a produzir seus pães. "Recheava com purê de ameixa e canela. O cheiro subia e os vizinhos logo corriam para comprar." Cristina também preparava iogurtes naturais, pizzas com massa integral e vendia nos ministérios e nos jornais da capital. "Os jornalistas do Correio eram meus clientes", diverte-se. E ela foi além: abriu a sua casa, na W3 Norte, para servir almoços. "Montava uma grande mesa e as pessoas iam chegando. Era a Pensão da dona Laura."
Cristina ainda trabalhou em alguns restaurantes da cidade que tinham essa pegada natural e macrobiótica, até que abriu a própria casa. A Bom Demais, na 706 Norte, fez história em Brasília, entre 1984 e 1990. "De dia, a gente vendia alimentos naturais; à noite, virava 'sobrenatural', brinca Cristina. "Éramos os maiores vendedores de cerveja da cidade."
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Em um tempo em que o rock nacional borbulhava na cidade, a Bom Demais recebia shows todas as noites. Por lá se apresentaram Cássia Eller, Hamilton de Holanda, Célia Porto, Zélia Duncan — quando ainda era Zélia Cristina —, as bandas Mata Hari, Volkana e tantos outros artistas. "Virou o point de Brasília."
Assim, Cristina, que na juventude queria ser bailarina — chegou a ir a São Paulo para batalhar o sonho —, adotou de vez a gastronomia como profissão. Depois de fechar a Bom Demais, abriu um bufê. "Tinha uma cozinha de mais de 600m2. Trabalhávamos com eventos em empresas, casamentos, aniversários e festas em geral. Cozinhávamos todo tipo de comida, ao gosto do cliente."
Ao mesmo tempo, a mineira mantinha um restaurante na sede do Sebrae e abriu uma casa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), também Bom Demais, que ficou aberta por 13 anos e fechou as portas durante a pandemia. Já o bufê, ficou em atividade por mais de duas décadas.
Em busca de cura
Foi também durante a pandemia que Cristina recebeu o diagnóstico de câncer de mama. O tratamento foi um sucesso, mas ela viu que era hora de repensar como vinha tratando o próprio corpo. Participou de uma licitação no Jardim Botânico, onde comanda, desde 2022, o Jardim Bom Demais, um bistrô que funciona como um verdadeiro piquenique, e ganhou a oportunidade de abrir um restaurante dentro do parque.
O Cura Cozinha Orgânica abriu as portas em 3 de outubro do ano passado com a proposta de promover uma alimentação natural e saudável — mais que isso, curativa. "É o meu próprio processo de cura", resume. "Oferecemos um leque completo de nutrientes."
Em meio a um agradável ambiente rodeado de verde, o menu é servido em quatro etapas. Inicia-se com uma sopa, "para preparar o corpo para receber o alimento", segue com uma salada detox e o prato principal, para fechar com uma sobremesa.
No prato principal, há opção de proteína animal — eu experimentei um delicioso peixe pirarucu, que vem da reserva do Xingu, cultivado pelos indígenas sem presença de mercúrio ou outros produtos tóxicos. Mas há, também, opções veganas e vegetarianas.
Aliás, a preocupação com a origem dos ingredientes é um lema no Cura. "Trabalhamos com a Cooperativa Carajás e produtos da Malunga. Não usamos alimentos processados e preparamos aqui tudo o que é servido ao cliente", ressalta.
O menu não é fixo e varia de acordo com a disponibilidade dos alimentos, assim como a sazonalidade. Afinal, por lá, não há desperdício. Mas nos pratos sempre estarão presentes cereais, leguminosas, vegetais, farofas nutritivas." Durante a refeição, não é estimulado o consumo de líquidos. Ao final, é possível saborear um delicioso chá.
Para este ano, Cristina planeja abrir também para o café da manhã e o happy hour, quando oferecerá vinhos e comidinhas nutritivas. "Não tenho mais pressa e o Cura é um reflexo disso. Aqui é um lugar para contemplar e viver a experiência com calma."
Frango grelhado com molho de tomate assado
Ingredientes
• 1 kilo de peito de frango orgânico cortado em cubos médios.
• 1 colher de chá de paprica doce
• 1 colher de chá de paprica defumada
• 1 colher de chá de gengibre em pó
• 1 colher de chá de massala de frango
• 1 colher de chá de açafrão
• Pitada de sal
• 1 limão
Preparo
• Tempere o frango com limão e as especiarias
• Deixe descansar por 3 minutos
• Depois, numa frigideira, sele os cubos de frango no azeite até eles ficarem dourados
Molho de tomate
Ingredientes:
• 4 tomates italianos
• Pitada de orégano fresco
• 1 cebola cortada em cubinhos
• Um pouco de tomilho picado
• Um pouco de manjericão picado
• Azeite
• Uma pitada de açúcar e sal
Preparo
• Corte os tomates ao meio
• Tire ass ementes
• Tempere com uma pitada de açúcar e uma de sal
• Depois com o tomilho e o manjericão
• Regue com azeite e leve ao forno por 20 a 25 minutos, até os tomates ficarem secos
• Depois bata os tomates no liquidificador até formar um creme
• Refogue com cebola e um pouco de massala e finalize com o manjericão
• Coloque o molho sobre os cubos de frango grelhado
Instagram: @curacozinhaorganica
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