Saúde

Abaixo a ressaca: veja como curtir as férias em paz e com saúde

O álcool, quando consumido sem moderação, pode causar transtornos e muita dor de cabeça – literalmente. Por isso, equilíbrio é a palavra de ordem

Letícia Mouhamad*
postado em 01/01/2023 06:00
 (crédito: Reprodução: Wil Stewart/Unsplash)
(crédito: Reprodução: Wil Stewart/Unsplash)

Enfim, chegou o período das férias e nada melhor do que relaxar! Há, porém, quem não dispense a companhia do álcool e, a depender da quantidade de consumo, esse momento de descanso pode se transformar em transtorno. Dores de cabeça, vômitos, confusão mental, vexame… a lista é longa.

Nesse contexto, o nutrólogo e coloproctologista Celso de Paiva Melo lembra que a ingestão de etanol, quando em quantidades moderadas, geralmente, não é prejudicial. Mas quando ocorre sem moderação, pode causar sérios danos ao organismo. Isso porque, além de ser prejudicial ao sistema nervoso central, o álcool é capaz de debilitar permanentemente órgãos como o fígado, o coração e o pâncreas.

Esses danos podem ser imediatos ou tardios e dependem da quantidade ingerida, da genética individual, do sexo, do tipo de bebida e da frequência. O maior problema é que, muitas vezes, só percebem-se os prejuízos instantâneos ao corpo — mal-estar e irritação gástrica, por exemplo — e não há preocupação com aqueles que podem tornar-se crônicos e até irreparáveis (cirrose hepática e pancreatite crônica).

Daí a importância de compreender o seu limite no quesito bebedeira e estar atento aos sinais da ressaca, a fim de que não ocorra novamente ou, pelo menos, com tanta frequência. Mas, de toda forma, se não deu para evitá-la, vale a pena pegar algumas dicas de como cuidar-se neste momento, para que este seja o menos desagradável possível, para si e para os outros.

  • O que é?

A ressaca é causada pela intoxicação aguda da ingestão de álcool.

  • Como essa intoxicação ocorre?

O álcool, após ingerido, é rapidamente absorvido pelo intestino e transportado através da corrente sanguínea até o fígado. Neste órgão, o etanol sofre metabolismo até transformar-se em acetato — ativo não tóxico ao organismo.

O problema é que, nesta transformação, o etanol precisa ser metabolizado em acetaldeído, um ativo extremamente prejudicial ao organismo. Assim, dependendo da quantidade de bebida alcoólica ingerida, o fígado não é capaz de metabolizar todo o etanol em acetato, liberando na corrente sanguínea esse metabolito tóxico.

“Para ser ter uma ideia, o fígado consegue metabolizar apenas 7g de etanol até acetato por hora, ou seja, se ingerimos uma quantidade superior a essa (por exemplo, uma latinha de 300ml de cerveja possui aproximadamente 12g de etanol) podemos ter todos os sintomas da conhecida ressaca”, explica o nutrólogo Celso de Paiva Melo.

  • Quais os sintomas?

Os sintomas mais comuns, iniciados de seis a oito horas após a ingestão da bebida, incluem: dores de cabeça, boca seca, náuseas, vômitos, confusão mental decorrentes da perda de eletrólitos, hipoglicemia e irritação gástrica.

  • Quem está mais propenso à ressaca?

Mulheres, jovens, idosos, pessoas em jejum ou desidratadas tendem a sofrer mais as consequências da ressaca. A genética também pode ser um fator determinante.

  • Como se cuidar?

Evite beber mais álcool no dia seguinte, pois é um mito pensar que a ressaca deve ser curada bebendo-se mais. Procure se hidratar bem, descansar e ingerir alimentos mais leves. “O seu corpo já sofreu muito no dia anterior e merece um descanso”, recomenda o especialista.

Palavra do especialista

Como evitar a ressaca? Existem alimentos ou métodos que blindam esse mal-estar?

A ressaca é uma resposta fisiológica à intoxicação alcoólica provocada pela ingestão da bebida. Dessa forma, ela vai acontecer de qualquer forma. Porém, manter-se hidratado, consumindo água mineral junto à bebida, ajuda a fazer esse detox hepático e torna a eliminação alcoólica mais rápida, além de repor a perda hídrica que o álcool provoca, por ter efeito diurético. Outra estratégia é sempre comer alimentos saudáveis e circunstanciais, por exemplo, almoçar ou jantar antes de iniciar o consumo de bebida alcoólica. Dessa forma, evita-se tanto a hipoglicemia quanto a possibilidade se o organismo entrar em colapso, potencializando a ressaca ou danos piores.

É possível cessar esse estado imediatamente?

Infelizmente, não. Após ingerido, o álcool precisa ser desintoxicado pelo fígado e eliminado pelo organismo, processo que leva algumas horas.

Aos que não abrem mão do álcool, mas optam pela moderação, qual o limite de consumo recomendado?

Até um certo tempo, o consumo de 30g de álcool era tolerável, o que equivale a duas latas de cerveja ou a duas taças de vinho. Porém, nos últimos anos, a medicina chegou à conclusão de que o efeito intoxicante do álcool é o que mais traz malefícios ao organismo, independentemente da dose ou da constância de ingestão. Claro que quanto maior e mais constante o consumo, maior o dano. Resumidamente, o ideal para a saúde é não consumir bebida alcoólica. Mas, se for realmente ingerir, beba o mínimo possível e busque bebidas com algum valor nutricional, como os vinhos secos.

Debora Sena é nutricionista da Science Play

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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