A ascensão dos jogos eletrônicos é uma febre entre jovens e adultos. Tamanha atenção é capaz de atravessar o virtual para o real, invadindo não somente a vida, mas também a casa daqueles que são apaixonados pelos games. A decoração dos quartos com itens da cultura nerd, quadros, brinquedos e outros objetos vem crescendo rapidamente. E para ter um conforto maior na hora do lazer, os amantes do estilo também contam com cadeiras, setup de computação, headphones e diversos elementos que enfeitam um cenário destinado para o universo gamer.
O crescimento recente dos fãs de e-sports, principalmente no Brasil, fez com que essa realidade estivesse mais presente no lar de muita gente. A cultura das lives — conhecidas na internet pelas transmissões de jogos — também acendeu o interesse, uma vez que os produtores de conteúdo têm um cenário completamente interativo.
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Uma dessas histórias é ilustrada por Pedro Carvalho, 21 anos, conhecido nas redes sociais por 'Pedro Lasers'. O jovem conta que a curiosidade foi despertada ainda na infância, quando começou a jogar no antigo console Play Station 1. Desde então, qualquer item do mundo geek sempre fez parte da decoração dele. "Os bonequinhos de lego foram os primeiros que comprei e até hoje são os meus preferidos", relembra.
A dificuldade financeira para adquirir as peças possibilitava apenas algumas unidades presentes no quarto de Pedro. Mas, depois que imergiu ainda mais no mundo gamer, fez da paixão uma profissão, passando a ganhar dinheiro e a viver independente a partir dos 17 anos. Com isso, o espaço ganhou forma e o investimento passou a ser pesado, com um orçamento estimado em R$ 120 mil, segundo ele.
Computadores, câmera, bonecos, luzes de led e uma linda manopla dourada — usada pelo personagem Thanos — fazem parte do cômodo, que, claro, também é preenchido pelos bonecos que ele tanto adora. "Gosto de deixar o quarto de um jeito que seja diferente do convencional. Por ter conquistado tudo por conta própria, a sensação de ter algo que eu queria é muito boa", ressalta Pedro. Além disso, o gamer está de mudança para outra casa, que receberá um projeto ainda mais especial.
Explosão
O arquiteto Marcos Vinicius explica que, depois do surgimento da internet e dos sites de vídeo, em que se pode ganhar dinheiro jogando, a temática gamer virou febre e passou a ser pedido em vários projetos. Um movimento que não está concentrado somente na juventude. "Os adultos já tinham um contato maior com os jogos, hoje em dia é algo mais generalizado", afirma.
Para garantir que a ideia dê certo, o arquiteto diz que é preciso desembolsar um valor alto para a compra dos equipamentos. De acordo com ele, quanto maior a qualidade, mais caros serão os aparelhos e itens para decoração. No âmbito da arquitetura, ele cita que os objetos principais para o quarto são aqueles que remetem à temática geek. "Basicamente, o que vai caracterizar um projeto gamer são os equipamentos (que geralmente o próprio cliente já tem), como computadores, telas, câmeras, mouse, etc.", detalha Marcos.
Outros mencionados por ele são as luzes coloridas RGB, e lâmpadas com inteligência artificial e emparelhamento com assistentes virtuais. Futuramente, o arquiteto avalia que o cenário pode virar ainda mais tendência. Mas, para ele, o importante é que a atual geração está gostando muito. Marcos, além de profissional da área, influencer, administrando duas contas no instagram (@caza.17 e @topeimudei), nas quais publica as fotos dos projetos que realiza.
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Infância
O amor pela cultura gamer também pode ser passado através de gerações. No caso de Caio Noronha, 23, o afeto veio do pai, que sempre foi fã de filmes e amante do universo geek. Ainda criança, o quarto sempre esteve decorado de bonecos e itens de jogos. "Tudo começou com o lego. Sempre gostei desses enfeites gamers, tudo isso esteve presente na minha vida durante todo esse tempo", conta o desenvolvedor de software.
Já na fase adulta e com condições financeiras, Caio passou a comprar mais objetos para embelezar o cômodo e deixar "com a cara dele", como o morador do Guará descreve. São brinquedos, quadros, travesseiros e até os famosos sabres de luz, conhecidos pelos amantes da saga Star Wars. No entanto, o queridinho do jovem é o boneco do Batman, uma pequena estátua que custou R$ 700, um dos produtos mais caros comprados por Caio.
A maioria das peças de decoração adquiridas pelo desenvolvedor são usadas, uma forma de evitar maiores gastos. Além disso, promoções e preços mais baratos estão sempre nas pesquisas e no radar de Caio. Ainda que o quarto não esteja totalmente do jeito que o jovem deseja, num futuro próximo, quando estiver morando longe dos pais, a ideia é ampliar o sonho de ter um quarto gamer melhor. "Penso em ter um lugar só meu para colocar tudo e me divertir com os enfeites", almeja o jovem.
Estética
Na visão da arquiteta Rosane Martinez, que também é influencer do Blog Passa Lá em Casa, alguns pontos para o quarto gamer são essenciais, podendo colaborar ainda mais para o conforto e a funcionalidade do espaço, sem deixar de pensar na estética. "É primordial o investimento em uma cadeira gamer ergonômica e bem confortável, pois está diretamente ligado à saúde", analisa a profissional.
Pensando no aconchego do quarto, Rosane pondera que é necessário procurar por uma bancada que auxilie o cliente na organização das tarefas, contando com equipamentos sem fio que ajudam a deixar a bancada com um ar mais clean, bem como um monitor com boa resolução e iluminação, capaz de ampliar a experiência de imersão no mundo virtual.
Segundo a arquiteta, a possibilidade de criação de cenários é infinita. Nichos com action figures e várias outras coleções geeks são dicas para diversificar o espaço. Na hora de receber a galera no cômodo, a influencer descreve alguns itens que podem ajudar na recepção. "O quarto gamer também será um point de encontro, então vale espalhar vários pufes, almofadas e mesinhas de apoio para refrigerante e snacks. Um cantinho para um frigobar super vale a pena", aponta.
Em relação às cores que podem compor o quarto gamer, Rosane ressalta que isso varia de acordo com a preferência do cliente. No entanto, ela diz que é interessante pensar na base do projeto com tons mais neutros, como branco, preto ou cinza, deixando que as luzes de led e outros objetos se sobressaiam com tonalidades mais marcantes.
*Estagiário sob a supervisão de Sibele Negromonte
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