Casa

Moda nos anos 90, cacos e maxicacos voltam repaginados para a decoração

O uso de cacos e maxicacos em pisos e paredes faz parte da decoração afetiva e promete deixar qualquer ambiente mais alegre e aconchegante

Ailim Cabral
postado em 16/11/2022 18:01
 (crédito: Fotos: Edgard Cesar/Divulgação)
(crédito: Fotos: Edgard Cesar/Divulgação)

A mistura de duas tendências trouxe de volta um estilo de revestimento que foi um dos grandes queridinhos algumas décadas atrás. Unindo a decoração afetiva, na qual elementos de design nos levam de volta a momentos felizes, e a busca por técnicas e materiais mais sustentáveis, o uso de cacos na decoração ganha força e volta a aparecer.

O estilo chamou a atenção em um ambiente da CasaCor São Paulo, no qual foi usado como principal revestimento no piso. Os arquitetos Felipe Stracci e Luciana Pitombo, do escritório Plantar Ideias, criaram o espaço Sol:.ar buscando uma atmosfera aconchegante e leve, e logo pensaram nos maxicacos.

"Os caquinhos fazem parte da memória da arquitetura brasileira, presentes nas nossas casas desde muito tempo. Além de trazer esse sentimento nostálgico, a cerâmica contribui para o ar leve que queríamos no espaço", explica Felipe.

Projeto de Angela Borsoi, com execução da Grid Engenharia. Os maxicacos dão um ar mais rústico ao projeto contemporâneo e moderno
Projeto de Angela Borsoi, com execução da Grid Engenharia. Os maxicacos dão um ar mais rústico ao projeto contemporâneo e moderno (foto: Edgard Cesar/Divulgação)

Luciana acrescenta que muito da estética relacionada à memória afetiva está em alta. "Tudo que traz boas lembranças está sendo mais desejado e evidenciado pelas pessoas. É aí que o caquinho casa perfeitamente, e vem à tona não só como caquinhos, mas maxicacos também, uma versão mais atual", completa.

Eles acreditam que a queda da popularidade está relacionada às novidades que foram surgindo ao longo dos anos e da preferência por revestimentos que precisam de menor rejunte. Mas, agora, a versatilidade e as possibilidades trazidas pelos cacos voltaram a ser grandes atrativos.

Em espaços externos e mais rústicos, o maxicaco se torna um coringa. Conversa bem com o cimento queimado e outros tipos de piso e cores, além de ter um aspecto assimétrico, que permite que ele seja aplicado em pisos com desníveis e recortes, sem prejuízo estético. 

No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente mais convidativo e acolhedor
No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente mais convidativo e acolhedor (foto: Salvador Cordaro/Divulgação)

Espécie de releitura, os maxicacos são uma alternativa para quem prefere usar menos rejunte e, além do tamanho, podem vir em todo tipo de cor e estampa, a depender da decoração do ambiente do qual farão parte.

O estilo também pode mudar. De acordo com os caquinhos escolhidos, podem ter ares rústicos, contemporâneos e modernos. A depender de como são combinados podem ser elegantes, aplicados em ambientes formais ou mais descontraídos. É possível migrar do piso para paredes e até bancadas, para quem deseja trazer apenas um toque mais pontual da técnica.

Futuro e passado

As referências do uso de caquinhos no Brasil começam no século 19, no boom da industrialização, principalmente entre 1920 e 1950, quando fábricas de cerâmica se instalaram em São Paulo.

O tradicional chão de caquinhos, muito usado em varandas e áreas externas nas décadas passadas
O tradicional chão de caquinhos, muito usado em varandas e áreas externas nas décadas passadas (foto: Pinterest/Reprodução)

A produção cerâmica se popularizou e as peças tingidas, sobretudo de vermelho, tornaram-se queridinhas nas casas de classe média. O uso dos cacos surgiu como uma alternativa para as diversas peças que se quebravam durante os processos de produção, transporte e manuseio. Elas eram aproveitadas pelos operários, e a reutilização de material se transformou em estilo.

A arquiteta Jéssica Campos acrescenta que as cerâmicas e os azulejos eram um item de luxo para muitas pessoas e os cacos eram usados em calçadas e outros espaços mais casuais. O material se tornou mais acessível e foi substituído por porcelanatos e placas maiores de diversos materiais.

O reaproveitamento é uma das alternativas necessárias quando falamos em design e arquitetura mais sustentáveis, fundamentais para o futuro da indústria. As formas orgânicas, em evidência, são um convite para o uso dos cacos, que podem ser empregados com um pouco mais de liberdade, evitando o desperdício de material quebrado e aproveitando resíduos de outras obras e reformas.

Caquinhos por todo o lado!

Projeto da Lez Arquitetura. Aqui, os cacos assumem um papel de obra de arte, decorando a parede que é um destaque no ambiente
Projeto da Lez Arquitetura. Aqui, os cacos assumem um papel de obra de arte, decorando a parede que é um destaque no ambiente (foto: Haruo Mikami/Divulgação)

A cerâmica é um material versátil, o que permite que seja usada não somente no piso, mas em paredes e até no teto. Jessica sugere ainda o emprego de cacos menores em peças mais delicadas, como vasos, jardineiras e objetos de decoração.

O engenheiro Fernando Pauro, da Grid Engenharia, destaca que é possível aplicar os casos em todo tipo de ambiente, internos e externos, pisos ou paredes. "Com exceção de piscinas, única restrição para a aplicação", completa.

O especialista destaca que os tons são escolhidos de acordo com o projeto de interiores, tudo para manter uma composição harmoniosa. Os tamanhos também são definidos a partir do desejo estético — aqui vale o gosto de quem vai viver naquele espaço. Fernando, no entanto, alerta que é necessário considerar as dimensões em que os cacos serão aplicados, para evitar um aspecto bagunçado ou malfeito.

No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias  na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente  mais convidativo e acolhedor
No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente mais convidativo e acolhedor (foto: Salvador Cordaro/Divulgação)

A dica do engenheiro é que se você tem duas paredes que formam entre elas um ângulo de 90º, é melhor que a escolha seja pelo maxi, uma vez que você pode aplicar a continuação na parede ao lado, em formato livro aberto. Dessa forma, mesmo com a aleatoriedade da composição, cria-se a ideia de continuidade e harmonia.

 

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  • O tradicional chão de caquinhos, muito usado em varandas e áreas externas nas décadas passadas
    O tradicional chão de caquinhos, muito usado em varandas e áreas externas nas décadas passadas Foto: Pinterest/Reprodução
  • Projeto de Angela Borsoi, com execução da Grid Engenharia. Os maxicacos dão um ar mais rústico ao projeto contemporâneo e moderno
    Projeto de Angela Borsoi, com execução da Grid Engenharia. Os maxicacos dão um ar mais rústico ao projeto contemporâneo e moderno Foto: Edgard Cesar/Divulgação
  • Projeto da Lez Arquitetura. Aqui, os cacos assumem um papel de obra de arte, decorando a parede que é um destaque no ambiente
    Projeto da Lez Arquitetura. Aqui, os cacos assumem um papel de obra de arte, decorando a parede que é um destaque no ambiente Foto: Haruo Mikami/Divulgação
  • O chão de maxi cacos é um 
aconchego a mais no projeto 
de Ney Lima e Walleria Teixeira
    O chão de maxi cacos é um aconchego a mais no projeto de Ney Lima e Walleria Teixeira Foto: Edgard Cesar/Divulgação
  • No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente mais convidativo e acolhedor
    No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente mais convidativo e acolhedor Foto: Salvador Cordaro/Divulgação
  • No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias 
na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente 
mais convidativo e acolhedor
    No espaço Sol..Ar, da Plantar Ideias na CasaCor SP, os cacos no chão contribuem para deixar o ambiente mais convidativo e acolhedor Foto: Salvador Cordaro/Divulgação
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