Presentes na mídia, no cinema, nos escritórios e nas escolas no início dos anos 2000, as sapatilhas marcaram presença com seu potencial versátil e confortável. Embora nunca tenham saído de moda, ficaram em segundo plano nos últimos anos — tendência que, agora, vem sido revertida. Esse tipo de calçado conquista os mais variados estilos e pode ser utilizado nas mais diversas combinações.
O resgate se dá por um movimento natural da moda, que tem ciclos, como analisa a consultora de estilo Mariana Freitas. "Às vezes, uma peça usada à exaustão enjoa, aí temos uma queda no uso e, depois, ela volta. Isso acontece com quase tudo na moda." A consultora de imagem Isa Ponte concorda. E acrescenta: "Nosso comportamento muda diante de situações que vivenciamos. As sapatilhas deram espaço às tendências que foram revisitadas e que se amoldavam ao momento de transformação social e comportamental em que foram lançadas, jamais foram esquecidas".
A sapatilha é um calçado confortável, justamente por não ter salto, o que aumenta sua popularidade no contexto pós-pandêmico, em que muitas pessoas visam unir o conforto ao estilo. "A mulher quer se sentir bonita e segura, mas confortável ao mesmo tempo, para enfrentar a rotina agitada. Pensando em valorizar o estilo próprio e atender às necessidades da mulher atual, as marcas 'ressuscitaram' as sapatilhas", explica Isa Ponte. Claro, os últimos lançamentos apostam em novos designs, com texturas e cores vibrantes, que têm sido destaque nas últimas estações.
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Um modelo interessante para o dia a dia, tem marcado presença em desfiles fashion recentes, como nos da marca Miu Miu, que, segundo a consultora de estilo Carol Bressane, é uma marca que dita diversas tendências no street style. No entanto, a especialista reforça que a alta não aconteceu por acaso e pode estar sendo puxada por outra tendência, a do Balletcore, que coloca em evidência diversas peças tradicionais do balé, como saia plissada, meias de cano longo e tecidos leves e fluidos.
Tipos do calçado
Há diversos tipos de de sapatilhas disponíveis, oferecendo mais possibilidades de uso para a peça que tende a ser muito adaptável para diferentes estilos. Carol Bressane afirma que existem as mais clássicas, com calcanhar, laterais e bico do pé fechados e arredondados, deixando apenas o pé exposto. Os adereços inseridos, como os laços, determinarão se terá um visual mais doce e jovial. Segundo Isa Ponte, esse modelo é um dos mais usados pelas brasileiras.
Outro tipo comum é a sapatilha de bico fino, que se assemelha aos scarpins e carrega uma imagem de sofisticação e elegância. Bressane recomenda o uso no trabalho ou em reuniões importantes em que se deseja alinhar elegância e conforto. "Combina muito bem com blazers, camisas sociais e visual tailleur", ensina.
Marcantes no início da década passada, as sapatilhas peep toe também voltam ao protagonismo. Bressane explica que essas são as que têm uma pequena abertura no bico, deixando a ponta dos dedos à mostra, sem se tornar um calçado aberto. Traz um misto de formalidade e informalidade na imagem, ótima opção para diversas ocasiões sociais. Já as alpargatas são uma mistura de sapatilha e tênis, mantêm o visual simples e reto da sapatilha, com formato que cobre mais o pé, como o tênis. Nos modelos mais famosos, é feito de tecido, mas não se restringe a esse material.
As estampadas integram uma categoria à parte pelo natural destaque que têm, e podem ser de qualquer modelo. As de animal print são as mais populares, mas outras estampas, como as geométricas, étnicas e florais, também estão em alta. Um dos visuais mais utilizados em festas e que têm feito sucesso nas redes sociais é o metalizado, principalmente com tons prateados e dourados. "É o toque final para adicionar modernidade e personalidade ao look", diz Carol Bressane.
A sapatilha de amarração ganhou destaque por seu estilo diferenciado e clássico. "É ideal para combinar com peças de primavera e verão e fica linda com saias, shorts e peças que deixam o detalhe das tiras em evidência, além de ser uma opção estável e segura", detalha a consultora de moda. A tornozeleira, que tem como diferencial a alça em volta do tornozelo, é outra variação de modelo que pode ser adotada.
Um dos modelos mais utilizados na década de 1990, a fabricada em vinil transparente é ideal para quem gosta de um toque de sensualidade no look. Presente, também, em outros tipos de calçados, pode ser usado em todas as estações do ano. Por fim, o slingback é uma sapatilha aberta na região do calcanhar, presa com algum adereço, como fivelas, fitas ou elásticos. Bressane explica que tem uma linguagem mais "corporativa", portanto se encaixa perfeitamente com o ambiente profissional.
Estilos e usos
Por seu caráter multifuncional, a sapatilha cabe no armário de pessoas de diferentes estilos — do básico ao sofisticado. "Ela consegue transitar por todas as ocasiões. Dependendo do modelo e da forma que é usada, vai do trabalho ao lazer e, inclusive, a casamentos, servindo como uma segunda opção na festa", exemplifica Isa Ponte. Por isso, por si só, não delimita a composição, podendo passar várias impressões.
"Uma sapatilha de bico redondo combinada com uma saia plissada, por exemplo, passa uma imagem romântica e delicada. Em contrapartida, se a sapatilha for combinada com peças de alfaiataria, o visual será elegante e clássico. O impacto gerado vai variar de acordo com as peças e acessórios que serão utilizados", complementa a consultora de imagem.
Entre as cores mais procuradas, de acordo com as três especialistas consultadas, estão as neutras, como bege e preto, mas as estampadas com animal print são quase tão populares quanto. Apesar disso, os tons mais vibrantes e vivos, principalmente rosa e verde, têm feito muito sucesso e indicam forte tendência para o verão.
As peças que podem ser combinadas variam do estilo escolhido, mas as especialistas garantem a possibilidade de uso com vestidos, jeans, peças de alfaiataria, saias, bermudas e camisas. "Para as amantes da terceira peça, um blazer é muito bem-vindo!", aconselha Isa Pontes.
Isa Ponte ainda destaca outras modelos, como os mules, que tem a parte de trás aberta sem tiras que prendem o calcanhar e o tornozelo, e o slingback, conhecido como Chanel, aberto no calcanhar e preso por uma tira — alternativas que podem chegar em resultado de imagem semelhante às sapatilhas.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte