Com a pandemia sob controle, o desejo represado de viajar ganhou força entre os brasileiros. Segundo o estudo Narrativa Travel – 2022, divulgado pela Meta — administradora de algumas das principais redes sociais utilizadas no Brasil —, 55% dos entrevistados acreditam que viajar é muito importante para suas vidas e 66% pretendem arrumar as malas neste segundo semestre de 2022.
E se o dólar e o euro nas alturas têm atrapalhado as aventuras internacionais, o jeito é fazer turismo pelo Brasil. A mesma pesquisa aponta que 60% dos brasileiros planejam viagens para dentro do próprio país, reforçando a tendência crescente do turismo interno. É justamente neste mercado que muitas empresas hoteleiras têm investido.
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"Durante a pandemia, com as restrições das viagens, percebemos um grande fluxo de hóspedes daqui do estado de São Paulo que vinham ao hotel para passar o fim de semana e usufruir dos nossos serviços", lembra Fernando Bacala, diretor de sales & marketing do Renaissance Hotel. "Muita gente, por exemplo, vinha de cidades vizinhas para assistir a uma peça no teatro que fica no hotel e voltava em seguida. Hoje, ele acaba passando a noite aqui."
A convite do Renaissance, localizado nos Jardins, a poucos metros da Avenida Paulista, a Revista passou três dias em São Paulo e traçou um roteiro gastronômico e cultural que pode, facilmente, ser feito em um fim de semana prolongado.
Arte por toda parte
Nesses três dias, visitei três museus com propostas bem diferentes. O primeiro deles, o Museu de Arte de São Paulo (Masp), é parada obrigatória de qualquer roteiro cultural, mesmo que você já o conheça. Isso porque, além do acervo fixo — e riquíssimo —, sempre há exposições temporárias.
O prédio em si, no coração da Avenida Paulista, já é um espetáculo à parte. Inaugurado em 1968 e projetado por Lina Bo Bardi, o espaço se tornou um marco na história da arquitetura do século 20. Concilia superfícies ásperas e sem acabamentos com leveza, transparência e suspensão. A esplanada sob o edifício, conhecida como "vão livre", foi pensada como uma praça para uso popular. E assim é até hoje.
O acervo, com cerca de 10.000 peças, abrange arte africana, das Américas, asiática, brasileira e europeia, desde a Antiguidade até o século 21, incluindo pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, roupas, entre outros.
Lá, é possível apreciar desde obras de artistas europeus, como Van Gogh, Cézanne, Renoir, Monet e Picasso, até artistas brasileiros autodidatas, a exemplo de Maria Auxiliadora, Agostinho Batista de Freitas, Albino Braz, José Antônio da Silva e Rafael Borjes de Oliveira. Eles ajudam a construir um panorama mais amplo da cultura brasileira, ao lado dos renomados Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Candido Portinari e Victor Meirelles. Os ingressos custam R$ 50.
Outra visita obrigatória é o Museu do Ipiranga, que acaba de ser reaberto ao público, em 8 de setembro, depois de nove anos fechado para restauração e ampliação. Nos últimos três anos, o museu passou por uma reforma que dobrou a área construída e triplicou o espaço expositivo. A recuperação incluiu o belíssimo Jardim Francês e suas fontes.
Uma dica é ir com tempo para se perder entre os amplos e belos corredores do prédio, construído entre 1885 e 1890, e as 12 exposições — 11 de longa duração e uma mostra temporária. Lá, é possível passar por toda a história do Brasil, desde os hábitos alimentares, de vestimenta e brinquedos, até os momentos políticos mais marcantes.
O Museu do Ipiranga está situado dentro do complexo do Parque Independência. Foi concebido originalmente como um monumento à Independência e tornou-se, em 1895, a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados em lote semanal, toda sexta-feira, às 10h, no site www.museudoipiranga.org.br ou na plataforma Sympla. Mas fique atento, porque eles se esgotam muito rapidamente. Para ter acesso, é exigido o cartão de vacinação da covid-19.
Street art
O terceiro ponto de visitação não chega a ser um museu, mas é um hoje dos principais pontos turísticos de São Paulo e traz muita arte urbana. No Beco do Batman, na Vila Madalena, é possível ver painéis grafitados, inclusive do renomado artista Kobra, nas paredes das ruas e becos do bairro boêmio, que, em grande parte, são fechados para carros.
Tudo começou na década de 1980, quando a figura do Batman apareceu desenhada nas paredes. O homem morcego atraiu a atenção de estudantes de arte, que começaram a colorir os muros da região com desenhos cubistas e psicodélicos.
Como bom espaço urbano, o espaço está sempre em mutação e os desenhos se multiplicam com a chegada de novos artistas. Se você já conhece o Beco do Batman certamente encontrará novidades em outra visita.
Ao redor do famoso Beco há muitos bares, cafés e restaurantes. A região também abriga várias lojas e galerias de arte e, nos fins de semana, uma feirinha de artesanato. Vale se perder pelas vielas.
Gastronomia
Opções de excelentes bares e restaurantes em São Paulo não faltam e, com certeza, um fim de semana será muito pouco para conhecer uma pequena parte deles. No próprio Hotel Renaissance, onde fiquei hospedada, tive ótimas experiências gastronômicas. E o bom é que tanto o bar quanto o sushi e o restaurante principal, o Terraço Jardins, são abertos ao público.
Depois de bater perna pela cidade, curtir um happy hour, seguido de um jantar com o melhor da gastronomia japonesa, no Living Lounge Bar & Sushi, é uma boa pedida. Às 19h, sempre tem a hora do drinque da casa. Em um espaço intimista, o sushi é comandado pelo chef brasileiro Shoiti Eyama, que morou 18 anos no Japão — inclusive, passou parte da pandemia em terras nipônicas. Lá, você vai saborear o clássico da comida japonesa — esqueça cream cheese e outras invencionices tupiniquins.
No menu, existe a opção do Combo 70 Living Lounge Bar & Sushi (R$385), um combinado de 70 peças com os melhores cortes de sushis e sashimis e uma garrafa de 250ml de saquê para acompanhar a experiência. Uma dica é fazer reserva, pois o espaço comporta poucas mesas.
Já o Terraço Jardins passou, recentemente, por uma grande reforma e conta com uma arquitetura única, que remete a um grande jardim, rodeado por espécies da Mata Atlântica. O restaurante é comandado pelo chef Raul Vieira, que começou como estagiário no hotel e, depois de trabalhar em várias casas no Brasil e no exterior, acaba de retornar à casa.
A proposta do chef, que revisitou o cardápio, é enaltecer a gastronomia paulistana. Para tanto, preparou novos pratos com influências caipiras e caiçaras — valorizando ingredientes frescos de pequenos produtores locais. Entre as novidades do menu, destaca-se a entrada, para compartilhar, de Manjubinha e peixinho da horta à dorê com molho tártaro e limão cravo (R$ 65). Já para os fãs de massas, a aposta é o Ravioli de abóbora, com queijo de ovelha curado e cebola tostada (R$ 76) e o Nhoque de banana da terra, com camarão, alho confit e tomate cereja (R$88).
"Além de reinterpretar as receitas, queremos trazer a sensação daquele momento em família, revivendo novas lembranças, com a mesa cheia e a comida compartilhada e artesanal. Queremos representar a história e a cultura paulistana, que tem como grande influência a gastronomia do litoral e do interior, valorizando e respeitando nosso bioma, a Mata Atlântica, e os pequenos produtores locais de cada região", conta o chef.
Para fechar o roteiro com chave de ouro, que tal um momento de relaxamento? O The Spa At Renaissance também é aberto ao público e oferece mais de 30 opções de tratamentos. O espaço conta com 10 salas de massagens e uma área de relaxamento com Jacuzzi, sauna seca e a vapor.
São oferecidos pacotes para serem vivenciados em até duas pessoas, caso do Day Spa - Escape com amiga (os), que conta com um ritual de boas vindas com escalda pés, massagem de 50 minutos — relaxante com aromaterapia, shiatsu, muscular profunda, drenagem linfática ou reflexologia —, e ritual de skin care de 50 minutos, com as opções Dreno Detox, Lifting e Anti-Age. O pacote varia de R$ 490 a R$ 635 por pessoa.