Crônica

Hacktown, a cidade hackeada de uma tal sinhazinha no interior de Minas

Conheça a história de Luzia Rennó Moreira, conhecida como Sinhá Moreira, que, em 1959, teve uma ideia visionaria: fundar uma escola técnica de eletrônica, ali, no interior de Minas Gerais

Maria Paula
postado em 25/09/2022 00:01 / atualizado em 26/09/2022 13:39
 (crédito: Maurenilson Freire/CB/D.A.Press)
(crédito: Maurenilson Freire/CB/D.A.Press)

Participei na semana passada de um festival incrível, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, chamada Santa Rita do Sapucaí. Foram dias inesquecíveis, quando uma verdadeira celebração das formas inovadoras de utilização da tecnologia uniu gente de todas as tribos. Realmente muito interessante.

De jovens descolados de cabelos coloridos a cientistas renomados internacionalmente, passando por todo tipo de público, que ia de senhorinhas curiosas a funcionários de grandes empresas em busca de uma atualização do sistema. Posso dizer que foi muito instigante o inusitado festival.

Minha palestra sobre tecnologias da paz lotou um teatro de aproximadamente mil lugares, enquanto outras inúmeras palestras rolavam simultaneamente em vários outros locais!

Pesquisando sobre a história da cidade, entendi o motivo pelo qual aquele pedacinho de Brasil tão longínquo se tornou um epicentro de tecnologia. Foi por causa de uma mulher.

Em 1959, Luzia Rennó Moreira, conhecida como Sinhá Moreira, que era casada com um diplomata, voltou para sua cidade natal depois de rodar o mundo acompanhando o marido, com uma ideia visionaria: fundar uma escola técnica de eletrônica, ali, no interior de Minas Gerais. Pouca gente botou fé, mas ela tanto fez que convenceu parceiros, investidores e criou a primeira escola de eletrônica de nível técnico da América Latina, a ETE, como ficou conhecida.

A liderança de Sinhá Moreira mudou a cidade, o destino de milhares de jovens e talvez até o rumo da educação no Brasil.

Minha mente se expandiu imensamente ao entrar em contato com uma história poderosa como essa. Num país pra lá de machista como o nosso, que ainda hoje tropeça na hora de garantir o espaço para a atuação de mulheres brilhantes na ciência, uma sinhazinha genial conseguiu plantar uma semente que, 70 anos depois, segue perfumando a nossa terra com suas flores utópicas transformadas em pura realidade. Sensacional.

Que outras histórias inspiradoras como essa possam vir à tona, inaugurando em nossos corações a era da esperança de que tanto estamos necessitados.

Salve a Sinhá Moreira!

Salve Minas Gerais!

Salve o Brasil das mulheres inovadoras!

 

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