Treino com eletroestimulação traz resultados com aulas de 20 minutos

Relativamente nova, a eletroestimulação vem se popularizando como opção de treino rápido e eficaz. Veja os prós e os contras

Giovanna Fischborn  

postado em 07/09/2022 09:00 / atualizado em 07/09/2022 17:25

(crédito: Imotion/Divulgação)

Impulsos elétricos de baixa frequência ativam os músculos. A sensação é de choques leves. Para a prática, usa-se um colete, acessório que tem os eletrodos (placas) necessários para o estímulo. Um treino funcional do tipo dura em torno de 20 minutos, é intenso e a promessa é de resultados rápidos. É assim, resumidamente, que funciona uma sessão de exercícios com eletroestimulação (EMS), tecnologia que vem sendo muito usada em estúdios de ginástica e entre atletas profissionais.

Paulo Queiroz, 50 anos, professor no ensino superior, treina há dois meses com eletroestimulação. Em uma sessão, trabalha resistência, força e aeróbico. Ele sempre achou difícil se manter ativo porque custava a perder peso e isso o desestimulava, mas, agora, o dinamismo e o protocolo personalizado têm impressionado. "Não é monótono e o profissional acompanha e corrige o que faço a todo tempo. Outro ponto que me fidelizou é que pouquíssima gente faz aula junto", conta.

É puxado, mas todo o programa que ele segue foi pensado de forma individualizada, dentro dos objetivos e limitações que tem. "Não foram prometidas perdas de peso milagrosas em poucas sessões. Foi isso que, inicialmente, me fez aderir. E os benefícios vieram de forma natural. Em um mês de treino, recuperei cinco camisas que nem fechavam os botões e reduzi em dois pontos o meu cinto, sem estresse nem cobrança", relata.

A prática vem ajudando no bem-estar geral: resistência física e respiratória, sono de qualidade, mais disposição. Paulo passou a fazer acompanhamento com nutricionista e já não toma mais medicamentos para gastrite, antes usados com muita frequência. "Foi o tipo de treino a que mais me adaptei e que me motivou até hoje. uma sessão de 20 minutos dá o mesmo efeito de 45 minutos da natação, que era o que eu fazia anteriormente", compara.

Segundo a fisioterapeuta Gabriela Guadagnin, sócia da Imotion J1 e habilitada para aplicar eletroestimulação, a técnica existe há décadas na fisioterapia, aplicada com o objetivo de recuperar o corpo. A novidade é o modo de usar — faz mais ou menos cinco anos que ela se popularizou na forma de macacão e colete e é associada ao treino funcional.

O que chama a atenção é que 20 minutos equivalem a duas horas dos mesmos exercícios se feitos sem o colete. Por quê? A emissão dos impulsos recruta e aprofunda fibras musculares que dificilmente se consegue atingir com a musculação, por exemplo — a carga elétrica dá uma forcinha a mais.

Durante uma sessão, o professor ou fisioterapeuta habilitado vai medindo a duração e a intensidade do "choquinho". Quando se quer trabalhar uma parte específica do corpo, fica mais difícil controlar o movimento. O protocolo é adaptado conforme a necessidade do praticante: "Se você está mirando perder peso, podemos intensificar o aeróbico. Se quer ganhar massa, também dá para adequar", esclarece Gabriela. A frequência recomendada é duas vezes na semana para aulas de 20 minutos. Não respeitar esse intervalo de descanso pode agravar o risco de lesão.

Como se não bastassem os poucos minutos de treino, os resultados não demoram a vir, como mostrou Paulo. Com algumas sessões, e aliado a uma alimentação balanceada, logo dá para sentir o músculo mais rígido, maior definição e trabalho de bumbum. "A sensação pode não ser das melhores para todo mundo, mas, depois, o resultado compensa. Aliás, toda atividade que faça você sair do sofá já tem seu mérito", acredita. Gabriela usa a própria experiência como motivação para os alunos. Quando iniciou no uso de eletroestimulação, sentiu o tônus progredir rapidamente e a celulite, com a qual lutava desde nova, amenizar muito.

Recomendações

Doutor em educação física, Carlos Janssen ressalta que o modelo do equipamento utilizado influencia nos exercícios que podem ser executados por grupamento muscular, uma vez que cada acessório oferece um nível de liberdade diferente. Ou seja, a depender da tecnologia e do colete, o programa de séries pode mudar.

Ainda de acordo com Carlos, os exercícios com eletro favorecem jovens, adultos e idosos, e são especialmente interessantes para pessoas com dificuldades de engajamento em exercícios ou para quem precisa poupar as articulações. Contudo, na opinião do especialista, a musculação tradicional ainda é a melhor opção para ganhos expressivos de força e massa muscular. "Os métodos convencionais de exercício ainda são os mais poderosos para induzir adaptações cerebrais, neuromusculares, cardiorrespiratórias e metabólicas no praticante", afirma.

Vale lembrar que a eletroestimulação não dispensa a necessidade de avaliação clínica antes do início do treinamento, principalmente em pessoas com doenças crônicas, gestantes ou que utilizam dispositivos como marcapassos e cardiodesfibriladores implantáveis.

Como visto acima, existem outros usos possíveis para EMS além do treinamento de força. Carlos cita, inclusive, que ela é explorada em indivíduos com lesão medular, distúrbios articulares com limitação da capacidade de movimento, pacientes hospitalizados e em outras condições clínicas.