BELEZA

Tudo sobre o face taping, técnica que estica o rosto com fitas

Conheça o face taping, técnica que consiste no uso de fitas em regiões estratégicas do rosto, para dar um up no visual, mas se usada constantemente, pode trazer danos à pele

Desde a Antiguidade, existem técnicas de maquiagem e truques para ressaltar a beleza. Com o passar dos anos e o desenvolvimento da tecnologia, muitas delas tiveram sua eficácia comprovada e são usadas até hoje. Outras, como o face taping, causam controvérsia.

A técnica consiste em aplicar fitas adesivas no rosto para dar um efeito de lifting e, apesar de ser usado há alguns séculos, na publicidade e no teatro, tem sido alvo de algumas polêmicas. O face taping ficou em evidência depois de virar trend nas redes sociais, principalmente no Tik Tok. Mulheres de todas as idades usam fitas, próprias para a pele ou não, para repuxar a pele e esconder rugas e marcas de expressão.

A visagista e maquiadora Clarissa Frota observa que a técnica teve — e ainda tem — relevância na criação da maquiagem, principalmente na artística e publicitária, mas ressalta não ver o face taping como algo que deva ser usado no dia a dia. "Vejo tantos problemas nisso. Um deles é como uma fita aplicada quase diariamente no rosto vai irritar, mesmo que ela seja própria para a pele. O outro está muito relacionado ao distúrbio de imagem, dessa tentativa de trazer o filtro das redes para a vida real", comenta.

O debate entrou em evidência depois de uma nova campanha da Fendi com a supermodelo Linda Evangelista. Aos 57 anos, o trabalho de Linda deveria ser visto como uma vitória contra o ageísmo no mundo da moda, porém, o uso das fitas para dar uma aparência — muito — mais jovem ao seu rosto causou críticas na internet.

Steven Meisel - Reprodução/Instagram - Linda, aos 57 anos, em foto para a campanha da Fendi em 2022

Como maquiadora, Clarissa explica que muitas técnicas podem ser usadas para dar um retoque e esconder essa ou aquela ruga ou marca de expressão e que é natural que as pessoas queiram se sentir bem se olhando no espelho, mas que o objetivo deve ser valorizar os próprios traços e não se transformar em outra pessoa. "Assim como as roupas, a maquiagem é uma forma para nos expressarmos e devemos usá-la como uma arte que criamos para nós mesmas, não como uma ferramenta para se encaixar em um padrão", completa.

A dermatologista Flávia Addor acrescenta que o objetivo de pacientes e dermatologistas nos consultórios deve ser a busca por um equilíbrio em que cada mulher seja a melhor versão de si mesma, mas dentro de sua faixa etária.

A médica explica ainda que, muitas vezes, existe a preocupação com a estética, e não é levada em consideração a saúde da pele. "De que adianta ter 70 anos, um rosto esticado, mas sem viço e sem qualidade? É muito mais belo ter 70, rugas e linhas de expressão naturais, mas um rosto com aparência saudável, hidratado, com contornos bem desenhados, respeitando sua compleição."

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A saúde do rosto

Com relação à saúde da pele, Clarissa acrescenta que a pele é um órgão elástico e, quanto mais você puxá-la, mais ela vai ficando elástica, o que pode causar um efeito rebote. As pessoas mais jovens podem acabar ficando com o rosto mais flácido do que o comum em sua idade e sentir a necessidade de usar cada vez mais procedimentos estéticos.

Flávia acrescenta que usada uma vez ou outra, para dar o famoso "efeito Cinderela", as fitas não são um grande problema, mas seu uso continuado pode trazer danos à saúde do rosto e até mesmo do corpo, quando usadas em outras áreas, como os seios.

As colas presentes nas fitas, mesmo as que têm química formulada especialmente para a pele, podem causar dermatites de contato e alergias, assim como ocorre com as pessoas que precisam usar curativos por muito tempo na mesma região.

Além das colas, Flávia chama a atenção para a remoção constante das fitas. "Quando puxamos um curativo ou essas fitas, a pele fica irritada. Uma das camadas de proteção é removida e, se isso é feito todo dia no mesmo local, pode causar fissuras."