Quem não se recorda dos filmes americanos com protagonistas loiras, jovens, abastadas e, normalmente, de personalidades esnobes ou, no mínimo, fúteis? Certamente você já deve ter assistido a algum longa assim na Sessão da Tarde. As Patricinhas de Beverly Hills, Legalmente Loira e High School Music são exemplos pontuais. Nestes, as estéticas das personagens tinham como plano de fundo a mesma cor, o famigerado rosa.
E o movimento não parou no cinema; clipes musicais, decoração e até brinquedos ditos "femininos" aderiram ao visual. Mas, como toda tendência que vem, "vai", o tom ficou de lado e cedeu lugar a outras paletas. Eis que cerca de 20 anos depois, o pink regressa, agora com novos significados e maior destaque, em especial na moda, como se observou nos desfiles de grandes grifes como Valentino e Chanel.
A orchid flower, como também é conhecida, foi eleita pela empresa de previsão de tendências WGSN como a cor de 2022 e, apesar de ter sido mais voltada ao verão, a expectativa é que se mantenha em alta até 2023. Como pontua a designer de moda Laís Xavier, essa estética acompanha o pós-pandemia e se relaciona diretamente com o dopamine dressing — no qual o vestir-se pode ser determinante para melhorar o humor.
Esse contexto justifica, portanto, a nova energia que o tom transmite: menos estereótipo de gênero e mais intensidade, positividade e alegria (para todos). Ademais, com o revival dos anos 2000, expressividade e exagero não ficariam de fora. A estética chamada "Barbiecore", inclusive, que se inspira no visual da boneca, é a maior prova de que, em uma composição bem pensada, rosa da cabeça aos pés não faz mal; é sinônimo de sucesso.
Afinal, o rosa vibrante vale para tudo?
Segundo a consultora de imagem e professora de moda Nina Stellato (@ninastellato.styling), sim! Para looks formais e ambientes corporativos, a sugestão é optar pela alfaiataria, que traz mais peso para a composição. Já para cenários informais, vale incluir o rosa nas minissaias e croppeds. "Para ousar, escolha botas pink com salto plataforma, outra tendência direta dos anos 2000. Se você é mais discreta, aposte em t-shirts ou em acessórios como brincos e colares, combinando-os com tons neutros como branco, bege ou cinza claro", recomenda.
E, por falar em composições com outras cores, nada de certo ou errado. É possível fazer a combinação que quiser, segundo a imagem que se deseja transmitir, de harmonia ou de contraste. No primeiro caso, a mensagem disseminada é de elegância, formalidade e leveza. Para alcançá-la, busque combinações em tom sobre tom ou com cores neutras; em peças rosas, priorize aquelas mais suaves e claras.
Já a imagem de contraste passa a ideia de força, informalidade e modernidade. Se esse for o objetivo, vale associar a cor vibrante com preto, azul ou laranja. "Quer deixar o look mais criativo? Use com um verde bem intenso. As combinações pink, laranja e verde, e pink, azul e verde são apostas certeiras. Com o vermelho intenso, carrega muita informação de moda e o sentimento de confiança", garante.
Além disso, diferentemente do que pode sugerir, o monocromático não precisa estar ligado a estéticas infantis ou delicadas demais. Peças mais largas de alfaiataria, como blazers e calças oversized, por exemplo, transmitem força visual. Quanto aos sapatos, escolha aqueles mais pesados (coturnos, saltos tratorados ou tênis chunky). Acessórios pretos também são uma boa opção para looks completamente rosas.
Na onda do ‘Barbiecore’ e na contramão de antigos costumes
Dirigido por Greta Gerwig e com previsão para ser lançado em 2023, o longa Barbie conta a história da boneca da Mattel, linha de brinquedos cobiçada por muitas crianças. Em moldes de comédia romântica, o filme promete um enredo com uma roupagem mais “atual”: em "Barbieland", uma das bonecas é expulsa após perceber-se diferente das demais, partindo para uma aventura no "mundo real", no qual descobre que beleza vai além das aparências. Margot Robbie e Ryan Gosling dão vida ao casal de protagonistas Barbie e Ken.
Esse é mais um exemplo de como é possível adaptar antigas narrativas a discursos contemporâneos. Afinal, com a volta das tendências dos anos 2000, teme-se, também, o retorno de comportamentos da época. Isso porque crescer na década passada exigiu força emocional de muitas meninas no que tange à autoestima — entre tantos padrões de beleza, o que mais ganhou os holofotes da mídia foi o da magreza extrema. A expectativa, portanto, é de que essa onda de nostalgia venha com um novo olhar, mais inclusivo e diverso.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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